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Cheias ameaçam Sul e Centro de Moçambique

Romeu da Silva (Chokwe)9 de janeiro de 2014

Em Moçambique, o Instituto de Gestão de Calamidades ativou 800 comités de gestão de risco em todo o país, para mitigar os efeitos das cheias. O país está em risco de cheias, principalmente nas zonas centro e sul.

Fortes chuvas que caem no Chókwe, província de Gaza, sul de MoçambiqueFoto: DW/R. da Silva

O Instituto de Gestão de Calamidades, INGC, está precoupado com o fenómeno que, desde o ano 2000, afeta a cidade de Chókwe, na província de Gaza, sul de Moçambique.

A ideia agora é tentar transferir a cidade para uma zona segura, mas está a ser difícil. O local escolhido é Chiaquelane, que dista 30km da cidade. O facto fica a dever-se à densidade populacional, comércio bastante intenso, existência de muitas infraestruturas e residências convencionais.

Desde o ano 2000, a cidade de Chókwe tem estado a sofrer com as cheias. Ao mesmo tempo fala-se da sua transferência para uma zona segura.

O processo não se afigura fácil, como explicou à DW África Rita Almeida, do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, e cita as razões que estão por detrás deste problema. "No Chókwe estamos a falar de infraestruturas, de problemas, de pessoas com vários equipamentos, que é difícil desfazer-se dos seu bens e retirar-se para um outro local com muita facilidade."

Entretanto, nem isso impediu o INGC de seguir com o seu plano, como conta Rita Almeida: "Mas é um trabalho que tivemos de fazer e conseguimos evacuar as pessoas que estávam naqueles bairros suburbanos que ficaram alagados no primeiro momento."

Ações de prevenção

Uma plantação de milho inundadaFoto: DW/R. da Silva

Os custos para operações de salvamento, quando há cheias, são elevados em Gaza. E este cenário repete-se todos os anos: "Então o que fizemos foi reassentar as famílias que estavam nas zonas mais propensas às inundações nessas zonas mais seguras e também direcionar alguns apoios para flexibilizar na autoconstrução das suas casas."

Aliás, a aposta agora do INGC é mitigar os efeitos das cheias, não só em Chókwe. Assim, foram já ativados 800 comités de gestão de risco em todo o país: "O que estamos a fazer neste momento é colocar o equipamento, os materiais nas direções regionais. Temos também a questão dos barcos fornecidos pelas direções regionais e os abrigos."

O INGC garante ainda que está preparado para albergar os necessitados em caso de cheias: "Neste momento, para o cenário que foi descrito, achamos que estamos em condições de responder à questão dos abrigos temporários."

A cidade da Beira, no centro de Moçambique, está desde há alguns dias a sofrer com as cheias.

População deve abandonar zonas de risco

As últimas cheias em Chókwe (2013) deixaram cetenas de pessoas desabrigadasFoto: Getty Images

Chove bastante na cidade e o meteorologista Acácio Tembe explica as razões: "Temos uma zona de baixas pressões que está a afetar o Canal de Moçambique, deslocando-se mais para a costa de Madagáscar. Mas as projeções mostram-nos que essas baixas pressões vão ser arrastadas por causa de um outro sistema que se formou na costa leste do Madagáscar."

Não só na cidade da Beira, mas também noutras regiões do centro do país, poderão ocorrer cheias e inudações, devido às intensas chuvas que se registam nos países vizinhos: "No Zimbabwe continua a chover, na Zâmbia e no Malawi também ocorrem chuvas. Então, o rio Zambeze, apesar de ser um rio que consegue aguentar sem problemas as grandes enchentes, se continuarmos a ter chuvas nos próximos dias teremos problemas."

O meteorologista deixa ainda um conselho: "As pessoas têm de começar a retirar-se das zonas baixas, principalmente das margens dos rios Zambeze, Save, Buzi e Púngue."

De Outubro de 2013 a janeiro deste ano, no centro e sul de Moçambique, chuvas intensas destruíram 40 salas de aula, algumas unidades sanitárias e várias residências.



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