As chuvas torrenciais que têm assolado a Serra Leoa desde a semana passada fizeram já sete vítimas mortais. Inundações na capital, Freetown, e noutras partes do país também deixaram oito mil pessoas desalojadas.
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"Sou professor, perdi todos os meus materiais da escola, o meu certificado. A maior parte da minha propriedade não dá para recuperar, foi destruída com as cheias", conta à DW um dos muitos cidadãos que perderam tudo nas cheias.
Outra vítima das cheias também relata que perdeu tudo: a cama, as roupas, tudo o que estava dentro da sua casa. "Neste momento não sei como recomeçar", confessa.
Esta não é a primeira vez que as cheias deixam um rasto de destruição na Serra Leoa. Em 2017, as chuvas fortes que caíram sobre o país deixaram mais de 1000 vítimas mortais, 100 das quais morreram na sequência de um deslizamento de terra.
Habitações precárias
Na altura, tal como desta vez, a maioria das vítimas vivia em habitações precárias. Depois do sucedido em 2017, as autoridades pediram às pessoas para que abandonassem as áreas de risco.
Cheias na Serra Leoa fazem mortos e desalojados
Em alguns casos, explica Claudia Anthony, correspondente da DW na Serra Leoa, o governo cedeu alguns terrenos em zonas propícias à habitação, que as pessoas acabaram por vender. Muitas delas estão agora de regresso a Freetwon, diz.
Mas este não é o único motivo. Na opinião da correspondente da DW há uma outra questão, não menos importante: o dinheiro. "Os terrenos na Serra Leoa são muito caros. A maioria das pessoas que chega a Freetown vem das províncias. Procura empregos, melhores oportunidades e melhores escolas. Então, quando alguém com dinheiro lhes propõe comprar os terrenos, eles vendem", explica.
É "urgente" intervenção do governo central
No país, há quem aponte o dedo ao governo no que diz respeito à prevenção deste tipo de desastres. No entanto, Claudia Anthony afirma que tem havido alguns progressos na capital, por exemplo, ao nível dos esgotos e limpeza. "Hoje, a cidade está muito mais limpa do que há um ano atrás", garante.
Ainda assim, a correspondente da DW na Serra Leoa diz que é "urgente que haja uma ação ao nível do governo central" nestas zonas de risco. "O Governo tem de agir e intervir. Deve tomar uma decisão, informar [a população] e mover essas pessoas. Garantir que elas passam a viver nos sítios que forem designados ", defende.
O Instituto de Meteorologia já alertou que não são esperadas melhorias no tempo nos próximos dias e as chuvas fortes vão continuar. O governo, em parceria com várias organizações, está já a avaliar os danos e a distribuir ajuda aos mais afetados. E continua a aconselhar as pessoas que vivem nas áreas de maior risco a deixar as suas casas.
Diamantes: benção e maldição em África
Recentemente o Governo da Serra Leoa recusou uma oferta de 7,7 milhões de dólares para um dos maiores diamantes jamais encontrados no país. Uma ocasião para ver o diamante africano à lupa.
Foto: picture alliance/AP Photo
Uma bênção para a Serra Leoa?
Nos seus tempos livres o padre Emmanuel Momoh explora uma mina. Em Março encontrou um diamante de 709 quilates, que entregou às autoridades para que a receita da venda reverta a favor de todos. Num leilão o diamante obteve a oferta recorde de 7,7 milhões de dólares. Mas o Governo de Freetown achou-a muito baixa e organizou um novo leilão que deverá decorrer na Bélgica nas próximas semanas.
Foto: picture alliance/AP Photo
A estrela da Serra Leoa
Já em 1972 foi encontrado um diamante gigantesco na Serra Leoa. Com um peso bruto de 969 quilates, a “estrela da Serra Leoa” foi dividida em 17 partes. Apesar da riqueza em recursos naturais, o país ocupa um dos últimos lugares no Índice de Desenvolvimento da ONU. Durante décadas, o comércio ilegal de diamantes financiou uma guerra civil na qual morreram dezenas de milhares de pessoas.
Foto: Imago/ZUMA/Keystone
Botswana: o sítio dos maiores diamantes
Quando se trata do tamanho e do valor de diamantes, o Botswana ocupa o primeiro lugar. O segundo maior diamante jamais extraído no mundo tem o nome “Lesedi La Rona”, ou “a nossa luz”. É do tamanho de uma bola de ténis e tem 1.109 quilates. Foi encontrado em 2015 com a ajuda de raios-X. A iniciativa valeu a pena: mais tarde foram extraídos mais dois diamantes de muitos quilates no mesmo local.
Em Abril o “pink star” foi vendido pela soma recorde de 71 milhões de dólares. O diamante com 132,2 quilates foi encontrado na África do Sul. A lapidação levou dois anos, e produziu o maior diamante rosa do mundo, com quase 60 quilates. A "estrela rosa" foi leiloada uma primeira vez em 2013. Mas o comprador não conseguiu reunir a soma de 83 milhões de dólares e teve que devolver a pedra.
Foto: Reuters
Diamonds are a girl's best friend
A atriz Elizabeth Taylor era famosa pelo seu amor aos diamantes. Quando morreu, em 2011, as suas jóias foram leiloadas por quase 140 milhões de dólares. Durante muito tempo, os negociantes de pedras preciosas queixaram-se da queda de preços. Mas desde o ano passado, os preços recomeçaram a subir e a procura pelo diamante bruto cresce, alimentando a esperança de muitos prospectores africanos.
Foto: picture alliance/dpa/C. Melzer
Nem luxo, nem fascínio
Os prospectores no Zimbabué cavam com pás e com as próprias mãos à procura das pedras preciosas, na esperança de encontrarem um diamante que os redima da pobreza. Mas regra geral os grandes diamantes são encontrados em minas de exploração industrial, onde as máquinas têm a capacidade de peneirar grandes quantidades de minério.