1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

China-África: não há neo-colonialismo

1 de fevereiro de 2011

Em Angola decorre uma conferência sobre as relações China-África, organizada por instituições académicas e de pesquisa. Apesar da preocupação com a hegemonia da China, alguns especialistas destacam pontos positivos.

Na capital angolana, Luanda, a presença da China no continente africano foi discutidaFoto: picture-alliance / Jorn Stjerneklar / Impact Photos

A crescente influência que a China tem sobre vários governos africanos é mais uma vez questionada em conferência. Em Luanda especialistas europeus e africanos abordam o assunto, falando das vantagens que países como Angola podem retirar deste relacionamento. Pequim, concedeu um credito de biliões de dólares para a reconstrução de Angola, que é um dos países africanos que mais chineses tem no seu território. Em causa, está um acordo sem precedentes em que milhares de chineses foram para aquele território africano para trabalhar na reconstrução nacional. Dependendo das fontes, há quem aponte que são cerca de 100 mil os cidadãos do gigante asiático que lá residem, entre imigrantes que se ocupam do pequeno negócio retalhista e outros milhares que trabalham na recuperação de estradas, caminhos de ferro, construção de infra estruturas e formação militar. A crescente influência e hegemonia da China em África, ditada por importantes interesses comerciais, estiveram em análise em Luanda, numa conferência sob o lema " China em África: desafios e oportunidades para Angola". Pequim, lançou há cerca de cinco anos uma linha de crédito estimada em mais de 6 mil milhões de dólares para a reconstrução do país. O pagamento está a ser efectuado com petróleo, uma relação comercial que é bem vista pelo presidente da ANIP – agência nacional de investimento privado, Aguinaldo Jaime. Ele disse que: "A China está a contribuir positivamente para o esforço de reconstrução nacional pondo à disposição do governo financiamento e por isso, podemos considerar esta presença como positiva"

Para a China o que interessa é o negócio

Na imagem o estadio de Tundavala construido com financiamento chinêsFoto: AP

Segundo alguns entendidos, a China está a fechar os olhos à necessidade de mais transparência nos negócios, antes de apoiar regimes totalitários em África. Especialistas angolanos, europeus e sul-africanos, pensam que a situação nos próximos tempos será decisiva para a afirmação da China como gigante económico mundial. Markus Wimer é especialista britânico de assuntos internacionais baseado na Chatan House de Londres, ele considera que os países africanos tem um papel muito importante na gestão deste relacionamento, por isso não se pode falar de um neo-colonialismo, mas sim de uma relação normal entre parceiros internacionais .

Um dos desafios para países como Angola está por exemplo no capítulo da exportação pela China de produtos manufaturados, cujas indústrias locais não têm capacidade de fazer frente. A Conferencia sobre " A China em Africa" foi realizada pelo Centro de estudos e investigação cientifica da Universidade Católica de Angola, a Universidade de Duran e o Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais com participação de dezenas de especialistas. Em Luanda por exemplo foi criado um centro de observação das relações entre Pequim e Luanda. Angola tem uma dívida externa de mais de 30 mil milhões de dólares, a serem pagos por remessas de petróleo. O governo angolano anunciou que nos próximos meses vai iniciar o seu pagamento. Até ao momento apenas a bilionária divida para com a China está a ser amortizada com carregamentos de crude.

Autor: Manuel Vieira
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha

Saltar a secção Manchete

Manchete

Saltar a secção Mais artigos e reportagens da DW