China vai aumentar investimento anual em São Tomé e Príncipe
Lusa
31 de março de 2019
Garantia foi deixada pelo primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, no regresso de uma viagem à China. O investimento anual chinês no país está avaliado atualmente em 30 milhões de dólares.
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O primeiro ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, garante que a China vai "acelerar" e aumentar o seu investimento anual no país africano, avaliado atualmente em 30 milhões de dólares, e apoiar o orçamento do Estado.
"Com a China temos acordos já assinados, com investimentos de cerca de 30 milhões de dólares anuais, e solicitámos a possibilidade de acréscimo nalgumas áreas, o que foi muito bem acolhido", disse Jorge Bom Jesus, no sábado (30.03), sem referir em quanto o Governo chinês poderá decidir aumentar os investimentos.
O primeiro-ministro são-tomense regressou hoje ao país depois de uma semana na China onde participou na cimeira China-Ásia e durante a qual foi recebido pelo seu homólogo chinês, Li Keqiang.
"Este Governo precisa de financiamento, tanto das empresas públicas como privadas e em relação à China há aqueles investimentos relativos à cooperação geral, mas solicitámos também a possibilidade de cooperação a outros níveis, incluindo a possibilidade de geminações", explicou o governante.
"Todas as nossas solicitações foram bem atendidas e todos esses dossiers estão sobre a mesa e o governo depois saberá otimizá-los", afirmou o chefe do Governo de São Tomé.
Para o governante, a deslocação à China "foi uma viagem bem conseguida, sempre na perspetiva de afirmar a presença de São Tomé e Príncipe no mundo e continuar sempre neste exercício de diplomacia económica".
Reafirmou que a China é um parceiro com o qual o país tem cooperação bilateral e "de amizade de longa data, e com raízes muito profundas".
"Encontrei-me com o primeiro ministro Li Keqiang, justamente para reafirmar esta cooperação, revisitar os projetos e poder encontrar formas de acelerarmos a sua execução e aproveitamos a oportunidade para solicitar o apoio direto ao orçamento do Estado, o que foi aceite", sublinhou Jorge Bom Jesus.
São Sebastião: A fortaleza que conta a história de São Tomé
Erguido contra os ataques dos corsários, no século XVI, o forte de São Sebastião defende hoje a história de São Tomé e Príncipe. Museu Nacional retrata os 500 anos da colonização portuguesa e a luta pela independência.
Foto: DW/Ramusel Graça
Um forte transformado em museu
Construído em 1545 pelos portugueses para defender a ilha dos corsários holandeses e franceses, o forte de São Sebastião, na baía de Ana Chaves, em São Tomé, é hoje o Museu Nacional. Um repositório da memória coletiva são-tomense que se espalha por diversas salas dedicadas à história e cultura do país, desde a escravatura à independência, passando pela agricultura e pela religião.
Foto: DW/Ramusel Graça
Os "guardiões" da fortaleza
As estátuas de João de Santarém, Pêro Escobar e João de Paiva guardam a entrada da fortaleza. São os nomes ligados ao descobrimento das ilhas de São Tomé, a 21 de dezembro de 1470, e do Príncipe, a 17 de janeiro de 1471. As estátuas foram retiradas das praças e jardins de São Tomé logo após a independência, em 1975.
Foto: DW/Ramusel Graça
Canhões contra as ameaças
Este é um dos canhões usados no forte de São Sebastião para defender a ilha dos ataques dos corsários nos séculos XVII e XVIII.
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Marcas de 500 anos de colonização
No interior do forte, o acervo do Museu Nacional inclui marcas da história e da cultura do país, dominado pelos colonos portugueses durante 500 anos. Um exemplo é esta sala de jantar de uma roça, simbolizando a forma como viviam os antigos patrões das plantações de cacau e café, base da economia são-tomense até à independência. A loiça e talheres apresentam o brasão da roça.
Foto: DW/Ramusel Graça
Trabalhos forçados
No sentido contrário dos aposentos dos proprietários surge este quarto simbolizando a vida dos serviçais - naturais de Angola, Moçambique e Cabo Verde levados para São Tomé e Príncipe para trabalharem nas roças - e dos trabalhadores nativos "contratados". São Sebastião conta a história de São Tomé como entreposto de escravos e retrata os maus-tratos sofridos pelos trabalhadores.
Foto: DW/Ramusel Graça
Símbolos da resistência
Amador Vieira é uma das figuras históricas em destaque nas salas do Museu Nacional. Simboliza a luta contra a colonização portuguesa, depois de liderar a revolta dos escravos de 1595. A insurreição ficou marcada pelos combates contra as tropas do governador e pela destruição de infraestruturas e ferramentas usadas na exploração da cana do açúcar.
Foto: DW/Ramusel Graça
Do museu para as ruas
Figura preponderante no combate ao domínio colonial, Amador Vieira está também representado no centro da capital são-tomense.
Foto: DW/Ramusel Graça
Padroeiro dos marinheiros
São Jorge, santo padroeiro dos marinheiros, é a imagem de destaque à entrada da capela da fortaleza de São Sebastião. Simboliza a trajectória que dos navegadores portugueses até à descoberta das ilhas. Demonstra também a forte influência da colonização no modo de vida dos são-tomenses: o catolicismo é a religião da maioria da população.
Foto: DW/Ramusel Graça
Herança religiosa
"A marca do colonizador é grande. Vemos a presença portuguesa em quase tudo", diz o historiador Carlos Neves, apontando o exemplo da religião católica, introduzida em São Tomé e Príncipe pelos colonos. O Museu Nacional dedica uma sala à arte sacra. E a 1,2 km do forte de São Sebastião está a Sé Catedral de São Tomé e Príncipe, que remonta ao século XVI.