Chissano: "Fim da última base da RENAMO é marco para a paz"
Lusa
21 de junho de 2023
Joaquim Chissano, ex-Presidente moçambicano, qualificou hoje encerramento da última base da RENAMO como "grande marco a caminho da paz". E apontou o terrorismo como último obstáculo para o fim da violência armada.
O ex-chefe de Estado (1986-2015) falava durante a palestra "Moçambique, Independência Nacional: Ganhos e Desafios no Concerto das Nações", alusivo aos 48 anos da independência, que se assinalam no próximo dia 25.
Joaquim Chissano apelou a todos os moçambicanos para se empenharem na manutenção do espírito e da letra do acordo de paz entre o Governo e a RENAMO, assinado em agosto de 2019, para que o país viva permanentemente na estabilidade e segurança.
Chissano congratulou-se com o "compromisso" das lideranças políticas para que o país "nunca mais tenha guerras emanadas de formações políticas ou grupos de cidadãos nacionais".
Uma vez terminado o conflito entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição, o país deve agora unir-se na erradicação do "terrorismo" que assola a província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, acrescentou.
Moçambique: Desmobilizados da RENAMO vivem com medo
02:52
Estabilidade e segurança
A estabilidade e segurança em todo o território nacional, prosseguiu, são cruciais para que o país se concentre no desenvolvimento económico e no bem-estar de toda a população.
A última base da RENAMO foi encerrada em Vunduzi, distrito de Gorongosa, na província central de Sofala, na quinta-feira, mais de 30 anos depois do fim da guerra civil moçambicana.
O encerramento da 16.ª base da Renamo decorre do Acordo de Maputo para a Paz e Reconciliação Nacional, assinado em agosto de 2019.
A cerimónia representou o final do processo de desmobilização de 5.221 guerrilheiros que permaneciam nas bases em zonas remotas e que começaram a entregar as armas há quatro anos.
Segue-se a fase de reintegração, que inclui o início do pagamento de pensões aos desmobilizados.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
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"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.