Duas pessoas morreram e mais de 60 famílias ficaram desalojadas nos últimos três dias no Lubango, capital da província angolana da Huíla. Autoridades dizem que moradores construíram casas em zonas de risco.
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A situação no Lubango é dramática. Muitas famílias perderam tudo e foram acolhidas por familiares e amigos. O bairro Hélder Neto, nos arredores da cidade, é o mais atingido. Entre os habitantes que ficaram sem casa está o funcionário público Miguel Matias, de 35 anos, e pai de três filhos.
"Fiquei muito triste, a minha casa caiu aqui com a chuva. A chuva foi demais", desabafou Matias em declarações à DW África. "Perdi algumas coisas e a maior parte da minha roupa foi levada pela água, além da louça, dos documentos pessoais. Estou mesmo assim: zero".
Mariana Gonçalves Garcia, de 39 anos, foi acolhida por uma vizinha. A doméstica, mãe de quatro filhos, apela à intervenção da administração municipal. "Nós pedimos ao administrador municipal do Lubango para atender nessa parte a nossa preocupação", disse a moradora.
Casas em zonas de risco
As autoridades administrativas locais dizem que a população não acatou às orientações e construíram casas em zonas de risco.
16.12.16 Lubango desalojados - MP3-Stereo
António Abrantes, administrador do bairro Hélder Neto, garante que a situação está a ser acautelada, mas não adiantou que ajudas concretas estão a receber os desalojados.
"Temos 61 casas que caíram, cujos problemas estão a ser resolvidos a nível superior. Temos estado a conversar com os moradores. Tudo isto aconceteu por causa da desobediência dos nossos moradores", diz o admnistrador António Abrantes.
Faltam pára-raios
Por outro lado, o Serviço de Proteção Civil da Huíla está preocupado com a falta de pára-raios. Nos últimos dias, as descargas eléctricas provocaram duas vítimas mortais, lembra o porta-voz da instituição, Inocêncio Hungulo.
"No município do Kuvango, na comuna de Ngalangui, no bairro Mandume, uma descarga elétrica atmosférica vitimou o nacional que em vida respondia pelo nome de Jeremias Soares, de 19 anos. O mesmo encontrava-se na sua residência. Já no município de Chicomba, bairro Combatente, vitimou-se a nacional Balbina Chilombo", relata Hungulo.
Chuva: Transtorno para a população de Luanda
Todos os anos, quando a época da chuva chega, imagens semelhantes se repetem. Devido à falta de sistema de escoamento da água, ruas ficam alagadas gerando transtornos para a população da capital angolana e seu entorno.
Foto: DW/C. Vieira
Todo ano, a mesma cena
Todos os anos, quando a época da chuva chega, imagens semelhantes se repetem na capital angolana. Devido as deficiências do sistema de escoamento da água, as ruas ficam alagadas gerando transtornos para a população. O período chuvoso significa atrasos gerados pela intensificação dos congestionamentos, além de riscos para pedestres e motoristas que se aventuram a transitar pela cidade.
Foto: DW/C. Vieira
Ruas totalmente alagadas
Depois de uma noite chuvosa, um pequeno caminhão tenta atravessar uma enorme poça d’água numa rua da periferia de Luanda. Sem saber a profundidade da "lagoa", o motorista corre o risco de ficar atolado ou mesmo danificar o veículo. Os pobres sistemas de drenagem da cidade não permitem que a água escoe rapidamente. Com barreiras improvisadas, moradores tentam evitar que suas casas sejam inundadas.
Foto: DW/C. Vieira
Trânsito ainda mais lento
O tráfego pelas ruas esburacadas de Luanda é, após as chuvas, ainda mais difícil e lento do que os congestionamentos habituais. Os motoristas dão preferência aos locais onde o alagamento ainda não foi completo e evitam atravessar as poças d’água, pois podem ser mais profundas do que se pensa. É preciso atenção e muita paciência.
Foto: DW/C. Vieira
Pobres pedestres
Sem muitas rotas alternativas, os motoristas seguem pelas ruas inundadas. O tráfico de Luanda fica ainda mais caótico, com congestionamentos ainda maiores e mais lentos. Para quem se movimenta a pé pela cidade é praticamente impossível não se molhar - em muitos locais sequer existem calçadas e, quando há, muitas vezes também foram tomadas pela água da chuva.
Foto: DW/C. Vieira
Chuva e calor
Na estação chuvosa, as temperaturas permanecem altas em Angola. Aqui, as crianças procuram se refrescar na água da chuva. Uma situação aparentemente inocente, mas que pode ter sérias consequências. Vírus e bactérias que podem causar várias doenças - como a cólera, a diarreia e a hepatite – podem se acumular na água.
Foto: DW/C. Vieira
Brincadeira perigosa
Aqui, um quintal foi inundado e formou-se um pequeno lago, onde as crianças brincam. Seria melhor se as crianças evitassem estes "lagos", principalmente alguns dias após as chuvas, pois acumulam-se bactérias neles. Também o mosquito da malária pode se reproduzir rapidamente na água parada e, assim, aumentar a incidência da doença.
Foto: DW/C. Vieira
Problemas também nas áreas centrais
A chuva gera transtornos não apenas nas regiões periféricas. Também nas áreas mais centrais da capital angolana registram-se alagamentos, longos congestionamentos, e dificuldades de locomoção. Na foto, um motorista segue lentamente por uma rua totalmente tomada pela água da chuva, no centro de Luanda.