Chuvas em Luanda: UNITA pede responsabilidades ao Governo
Lusa
21 de abril de 2021
A UNITA, principal partido da oposição angolana, solidarizou-se com as vítimas das chuvas em Luanda, que provocaram pelo menos 14 mortes, e pediu esclarecimentos ao Governo. Presidente expressou condolências a famílias.
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Num comunicado, o secretariado executivo do Comité Permanente da Comissão Política da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) considerou "uma grande tragédia" os danos provocados pelas fortes chuvas que caíram na segunda-feira (19.04), durante sete horas, sobre a capital angolana.
"O secretariado executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA insta o executivo ao nível central e provincial para que assuma as suas responsabilidades na assistência das vítimas das chuvas e a correção definitiva dos fatores que agravam estas ocorrências, como a débil recolha de resíduos sólidos e o consequente entupimento dos canais de drenagem das águas pluviais", referiu o comunicado.
O maior partido da oposição angolana destacou ainda a necessidade de uma melhor estruturação urbanística para a acomodação das populações em zonas seguras, impedindo que elas próprias construam nas linhas de água.
Um balanço provisório do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros apontou como consequência das chuvas 14 mortos, mais de 8.000 pessoas desalojados, além de milhares de inundações, quedas de árvores, de postos de iluminação, estradas intransitáveis, uma ponte partida, entre outros estragos.
Presidente expressa condolências a famílias
O Presidente de Angola, João Lourenço, solidarizou-se hoje com as famílias das vítimas das chuvas em Luanda e apelou à "compreensão" dos habitantes da capital para evitarem construção nas linhas de água.
"Não podemos ficar indiferentes a mais esta tragédia, que ciclicamente enluta ou causa graves prejuízos aos habitantes da capital no período mais agudo da estação das chuvas. A todas as famílias que perderam os seus entes queridos, exprimo a minha solidariedade e as mais sentidas condolências", afirmou João Lourenço, numa nota da presidência angolana.
O chefe do executivo angolano apelou, na mesma nota, "ao bom senso e compreensão de todos os habitantes da capital, para que evitem agravar o já frágil sistema de saneamento da cidade, abstendo-se de construir sobre as linhas de água e canais de escoamento das quedas pluviais".
Moradores de Luanda convivem com lixo e mau cheiro nas ruas
A época das chuvas começou e a água espalha os resíduos acumulados nas ruas para todos os cantos da capital angolana. O lixo a céu aberto aumenta o risco de paludismo, a principal causa de morte em Angola.
Foto: Manuel Luamba/DW
Cidadãos deitam lixo fora logo pela manhã
Logo pela manhã, cidadãos deitam resíduos sólidos em contentores. A expectativa desses moradores é de que as operadoras de recolha do lixo façam o seu serviço durante o dia ou à noite. O que acontece, entretanto, é que o dia seguinte chega e o lixo permanece intato nos contentores ou no chão. Fala-se em dívidas de milhões de kwanzas que o Governo Provincial de Luanda teria com as empresas.
Foto: Manuel Luamba/DW
Lixo transborda nos contentores
Os poucos contentores existentes nas ruas de Luanda - quer sejam na periferia, quer sejam na cidade - estão totalmente abarrotados de lixo. Por falta de espaço, os resíduos sólidos caem no chão.
Foto: Manuel Luamba/DW
Aproveitam-se das "montanhas de lixo"
Nem todas ruas de Luanda têm contentores para o depósito de lixo. Muitos cidadãos colocam-no no chão. Algumas pessoas aproveitam-se da existência do lixo como uma espécie de esconderijo para fazer as suas necessidades. É muito comum flagrar alguns citadinos a urinar atrás das "montanhas de lixo".
Foto: Manuel Luamba/DW
Zonas privilegiadas
Há zonas onde existe uma recolha tímida de lixo. Consequentemente, os contentores destas áreas encontram-se vazios. A DW África constatou isso no Bairro Popular, junto ao famoso Hospital da Fé. Aparentemente as autoridades precisam investir mais para ampliar significativamente a recolha a fim de beneficiar toda a capital, não somente algumas poucas zonas.
Foto: Manuel Luamba/DW
Um risco para a saúde pública
O lixo visto por todos os cantos poderá se transformar num problema de saúde pública. As chuvas já começaram a cair e algumas doenças já estão cada vez mais presentes. O paludismo, por exemplo, é a maior causa de morte em Angola e o número de casos desta doença poderá aumentar em consequência do lixo nas ruas. A chuva gera pequenos charcos de água em locais onde há lixo.
Foto: Manuel Luamba/DW
Um atentado ao meio ambiente
A inexistência ou escassez de recolha de lixo tem levado os cidadãos a uma velha prática: a queima do lixo. Ao incinerar os resíduos, o fumo acaba por se tornar nocivo à saúde e faz com que o ambiente à volta seja insuportável para alguns transeuntes. Apesar de não ser em grande quantidade, a queima de lixo não deixa de ser um atentado ao meio ambiente.
Foto: Manuel Luamba/DW
Até nas valas de drenagem
O lixo em Luanda não escolhe o local. Até nas poucas valas de drenagem que a capital angolana tem há resíduos sólidos. A vala do Kariango - que sai do município do Cazenga em direção à cidade - é um exemplo disso. O lixo acaba por obstruir o escoamento da água, o que pode provocar inundações nas ruas.
Foto: Manuel Luamba/DW
O "Senado da Câmara"
O "Senado da Câmara" é umas das maiores valas de drenagem à céu aberto de Luanda. O curso de água também é extremamente afetado pelos resíduos sólidos, que impedem o fluxo normal de água. A acumulação de poluentes neste local acaba por intoxicar o ambiente e colocar em causa a saúde pública.
Foto: Manuel Luamba/DW
Meio de sobrevivência
Se para alguns os amontoados de lixo constituem um risco para a saúde pública, para outros é um meio de sobrevivência. Idosos e jovens encontram no lixo comida, bidões e objetos para comercialização. É um sinal de que resíduos deitados nas ruas podem beneficiar as pessoas em projetos cuidadosos de reciclagem e de aproveitamento de comida. Mas aqui o lixo ainda não está relacionado à economia.