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DesastresMoçambique

Ciclone Chido: Bispo de Pemba apela à solidariedade

Conceição Matende
19 de dezembro de 2024

O ciclone Chido deixou um rastro de destruição na província de Cabo Delgado. Em entrevista à DW, o bispo de Pemba alerta que 2025 poderá ser bastante difícil devido à perda de muitas culturas agrícolas e apela à ajuda.

Destruição provocada pela passagem do ciclone Chido no distrito de Mecúfi
Ciclone Chido provocou destruição quase total no distrito de Mecúfi, Cabo DelgadoFoto: UNICEF MOZAMBIQUE/via REUTERS

De acordo com o último balanço das autoridades moçambicanas, pelo menos 70 pessoas morreram e outras 600 ficaram feridas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa devido ao ciclone Chido. Estima-se ainda que 80% das casas em vários distritos foram devastadas.

Em entrevista à DW, o bispo de Pemba, Juliasse Sandramo, descreve o cenário que se vive atualmente em Cabo Delgado e apela à solidariedade do povo moçambicano para com as vítimas do ciclone.

DW África: Que impacto teve o ciclone até agora na província de Cabo Delgado?

Juliasse Sandramo (JS): Muitas destruições. A vila distrital de Mecúfi foi completamente arrasada. Escolas, hospital e as habitações das populações [foi] tudo abaixo. A corrente elétrica ficou praticamente danificada, as torres de comunicação também caíram. Não havendo energia, não há abastecimento de água potável. E esta falta de energia e de comunicação se estende para os outros distritos que foram afetados. A cidade de Pemba, Metuge, Xiúre e Namuno foram as áreas mais afetadas por este ciclone. E a destruição está em todos estes locais. Boa parte da população, as suas habitações são feitas com material local, e estas habitações, a maior parte delas, quase 80%, 60% foram destruídas. Aqueles que têm habitações um pouquinho melhoradas, os tetos estão mexidos. Alguns perderam chapas, os outros perderam completamente os seus tetos. A tristeza da guerra vem agora sendo agravada com esta tristeza do ciclone tropical Chido.

DW África: Como é que o ciclone Xido afetou a população em termos de vítimas fatais e desabrigados?

JS: Nós tivemos cerca de 40 mortes até agora que está sendo contabilizado, mas a comunicação vai sendo estabelecida aos poucos com o interior da cidade de Pemba. Na medida que a comunicação vai sendo estabelecida, chegam notícias de mais mortes. Certamente algumas mortes nem chegaremos a saber. Mas de todo modo, em comparação com o ciclone Kenneth, desta vez, a sensibilização que foi feita e também a partir da experiência do ciclone Kenneth, as populações preveniram-se muito mais e tivemos menos mortes.

Várias casas foram destruídas pelo ciclone Chido, que atingiu Moçambique nos últimos diasFoto: DW

DW África: Quais foram as respostas das autoridades locais quanto a essa catástrofe?

JS: No início, o INGD [Instituto Nacional de Gestão e Redução de Riscos de Desastres] fez uma boa campanha de divulgação da possibilidade do ciclone para as pessoas se prevenirem. Foi muito bem feito, quer dizer que disseminou-se atentadamente alguma informação e isto preveniu mortes. Há um esforço de mobilização de fundos para poder socorrer às populações. Há pequenos gestos que vão acontecendo, mas ainda são muito poucos em comparação com o nível de destruição. A grande prioridade, na verdade, seriam lonas para as pessoas cobrirem as casas.

DW África: Qual é o nível de assistência a essas pessoas que carecem de uma mão?

JS: Nós não temos muitas condições para assistir. Nós estamos a lançar apelos, não há respostas imediatas. O que se faz aqui em Moçambique é agora começar a lançar esse SOS para aqueles que puderem partilhar o que têm para se poder assistir. Nós temos cá, por causa da guerra que se enfrenta em Cabo Delgado, agências humanitárias das Nações Unidas que também estão envolvidas no levantamento dos efeitos deste ciclone para também fazerem o apelo.

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