Ciclone Chido fez 14 mortos em Mayotte e chegou a Moçambique
nn | com agências
15 de dezembro de 2024
Os efeitos do ciclone tropical intenso Chido já se fazem sentir no norte de Moçambique, nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, com cortes de eletricidade que limitam as comunicações, reportou a ONG ActionAid.
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"A situação na cidade de Nampula permanece tranquila. Foram registadas chuvas e trovoadas, mas, neste momento, a chuva abrandou e, inclusivamente, parou. Ainda não foi possível estabelecer contacto com o distrito de Memba, onde se suspeita que o impacto tenha sido significativo", lê-se num balanço feito esta manhã por aquela Organização Não-Governamental (ONG).
Segundo a ONG, em Cabo Delgado "já se registam danos, como desabamento de muros e telhados" e "prevê-se que as zonas costeiras estejam já a sofrer os efeitos mais severos do ciclone".
"Vários bairros da província de Nampula estão sem energia elétrica, o que pode dificultar a recolha de informações. A falta de comunicação poderá estar relacionada com os efeitos do ciclone. Situação que se regista até mesmo na província de Cabo Delgado com destaque para os distritos de Pemba e Mecúfi", refere ainda.
A companhia aérea LAM já cancelou hoje três voos com destino à região norte de Moçambique.
Equipas de apoio humanitário das Nações Unidas foram mobilizadas para Cabo Delgado, face à aproximação do ciclone de nível 3, que entretanto evoluiu para tempestade tropical severa.
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14 mortos em Mayotte
Pelo menos 14 pessoas morreram em Mayotte, arquipélago francês do oceano Índico, devido à passagem do ciclone tropical Chido, que devastou no sábado parte destas ilhas situadas no sudeste do continente africano, segundo um balanço provisório comunicado à AFP.
Pelo menos nove pessoas encontram-se em estado muito grave e 246 estão em diferentes graus de sofrimento, disse à agência de notícias francesa o presidente da câmara de Mamoudzou.
Este é um balanço provisório do impacto do ciclone, o mais devastador desde 1934, no território ultramarino francês de cerca de 320.000 habitantes, que é também o departamento mais pobre do país.
Um outro balanço comunicado à televisão pública francesa pelo Centro Operacional Departamental, organismo encarregado de gerir as crises nos departamentos franceses sob a autoridade do delegado do Governo, aponta para pelo menos 11 mortos.
As autoridades esclareceram que o balanço é "muito provisório", uma vez que as favelas, que são numerosas nas ilhas, foram praticamente destruídas pela força do vento que atingiu 220 quilómetros por hora.
Grande parte das infraestruturas do arquipélago está inacessível, a começar pela maioria das estradas e pelo aeroporto internacional de Mamoudzou, cuja torre de controlo foi gravemente danificada.
O Governo francês enviou um primeiro contingente de 140 soldados e bombeiros sapadores da França metropolitana, a que se seguirão outros destacamentos até um total de 800 efetivos.
O Ministério da Defesa também enviou um avião de carga militar A400M para o arquipélago.
Incêndios, ciclones e temperaturas recorde: como estão as alterações climáticas a afetar o planeta?
São cada vez mais fortes e mais recorrentes os fenómenos extremos provocados pelas alterações climáticas. Em todo o planeta, ciclones, secas ou incêndios deixam milhares desalojados ou em condições de insegurança.
Foto: Esa Alexander/REUTERS
Incêndios na Europa
Uma vaga de incêndios atinge a Europa em 2023. Mais de 230 mil hectares arderam em toda a União Europeia nos primeiros meses do ano. A Grécia e Itália foram os estados-membros mais afetados. Só em Itália terão ardido 51 mil hectares desde o início de 2023. Na Grécia terão sido registados cerca de 60 focos por todo o país, levando à evacuação de milhares de pessoas.
Foto: Spyros Bakalis/AFP
Temperaturas recorde
Julho bateu o recorde do mês mais quente de sempre, registando um valor 0,33ºC superior a julho de 2019, último detentor do recorde. Itália registou temperaturas que rondaram os 48ºC. Em Espanha, os termómetros atingiram os 47ºC, deixando mais de metade do país sob alerta vermelho. A onda de calor provocou diversas mortes, incêndios e outros fenómenos extremos no continente europeu.
Foto: Guglielmo Mangiapane/REUTERS
Calor extremo faz-se sentir por todo planeta
No Vale da Morte, nos EUA, um dos lugares mais quentes do planeta, os termómetros chegaram aos 54ºC. Já o Canadá notificou mais de 880 incêndios ativos, só no mês de julho, e mais de 10 milhões de hectares ardidos desde o início do ano. Na Ásia as temperaturas elevadas também se fizeram sentir, tendo tanto a China como o Japão registado valores históricos.
Foto: Patrick T. Fallon/AFP
África: o continente mais afetado pelas alterações climáticas
África é o continente mais afetado pelas alterações climáticas, apesar de representar apenas 4% das emissõespoluentes no mundo. A sua localização geográfica e a falta de recursos deixam o continente vulnerável aos fenómenos extremos. Na zona leste, vive-se uma das maiores crises alimentares da história. Já no sul do continente, as inundações e os ciclones são cada vez mais frequentes.
Foto: DW
Uma localização geográfica perfeita para o desastre
As alterações climáticas afetam o planeta na sua totalidade, mas há países mais vulneráveis que outros. Moçambique é um destes. Segundo a ONU, Maputo é uma das 13 cidades do mundo que mais será afetada pela subida do nível da água do mar. Nos últimos anos, Moçambique foi alvo de cinco ciclones e duas tempestades tropicais, sem esquecer o ciclone Freddy, que assolou o país por duas vezes este ano.
Foto: JACK MCBRAMS/AFP/Getty Images
A pior seca dos últimos 40 anos
Os fenómenos extremos são distintos em cada país, sobretudo no continente africano. Em Angola, a seca é um dos maiores fatores de preocupação, e fala-se que esta seja a pior dos últimos 40 anos. Dados científicos apontam que a frequência e a intensidade destes fenómenos vai aumentar.