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DesastresLíbia

Ciclone: Por que a ajuda humanitária não chega à Líbia?

tm | sq | com agências
13 de setembro de 2023

Com milhares de vítimas mortais e cidades isoladas, a ajuda humanitária enfrenta desafios logísticos e políticos num país dividido. Líderes internacionais manifestam solidariedade e enviam apoio à Líbia, após inundações.

Foto: Jamal Alkomaty/AP Photo/picture alliance

As inundações mortíferas, desencadeadas por uma forte tempestade, deixaram um rastro de destruição no leste daLíbia. Em uma única cidade, milhares de corpos foram recuperados após o desmoronamento de barragens que devastaram bairros inteiros.

Derna e outras cidades isoladas

Derna e várias outras cidades encontram-se isoladas do resto do mundo, apesar dos esforços das autoridades para restaurar as redes móveis de telefone e Internet. Entretanto, as equipes de salvamento ainda não conseguiram chegar às áreas afetadas.

Claudia Gazzini, da organização sem fins lucrativos Grupo de Crise Internacional (International Crisis Group), explica o porquê: "A razão pela qual a ajuda não está chegando é principalmente devido a questões logísticas. Parte das estradas de acesso ao local foram destruídas, e a cidade de Derna está isolada. Os esforços para chegar à cidade por mar ainda não se concretizaram. Além disso, enfrentamos problemas políticos que estão impedindo a entrega eficaz de ajuda".

A incerteza persiste em uma nação dividida

A Líbia permanece dividida entre administrações rivais no oeste e no leste. A cidade portuária oriental de Derna, que já foi controlada por extremistas islâmicos após a queda do ditador Moammar Kadhafi, foi uma das áreas mais afetadas pelas chuvas.

A parte ocidental do país é governada por um governo internacionalmente reconhecido em Tripoli, enquanto a parte oriental é controlada por uma administração separada.

Líbia permanece dividida entre administrações rivais no oeste e no lesteFoto: Journeyman

Desafios para a ajuda internacional

Enquanto o número de mortos continua a aumentar, a devastação causada pela tempestade Daniel expõe a vulnerabilidade de uma nação que enfrenta conflitos há mais de uma década. A divisão política e os conflitos internos levaram ao abandono de infraestruturas em muitas áreas.

Os esforços internacionais para enviar equipes de salvamento precisam agora passar pelo Governo de Tripoli. Isso significa que as autorizações para a entrada de ajuda nas áreas mais afetadas devem ser aprovadas pelas autoridades rivais.

Ajuda humanitária

Enquanto isso, os Estados Unidos anunciaram ontem que enviarão fundos de emergência para ajudar a enfrentar as consequências do ciclone, e a França disse que enviará um hospital de ajuda. Vários países, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestaram solidariedade ao povo líbio.

Organizações de ajuda humanitária alertam que a situação na Líbia é tão devastadora quanto a situação em Marrocos, onde um terremoto recente causou grande devastação e resultou na morte de quase 3.000 pessoas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou sua solidariedade ao povo e às autoridades da Líbia após a passagem do ciclone Daniel, que causou mais de 5.200 mortes e deixou 10 mil pessoas desaparecidas. "[Guterres] está profundamente entristecido com os graves efeitos da tempestade Daniel e pelas inundações posteriores que atingiram a parte oriental da Líbia", disse o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric.

Derna e várias outras cidades encontram-se isoladas do resto do mundo.Foto: Jamal Alkomaty/AP Photo/picture alliance

Dujarric informou que a ONU está trabalhando com parceiros locais, nacionais e internacionais "para levar a ajuda humanitária urgentemente necessária às pessoas nas áreas afetadas". O representante especial do secretário-geral da ONU na Líbia, Abdoulaye Bathily, elogiou a solidariedade das instituições locais, destacando este momento como uma oportunidade de união.

Dos Estados Unidos, o Presidente Joe Biden anunciou que, "nesta situação complicada", Washington está "enviando fundos de emergência para organizações de ajuda e coordenando com as autoridades líbias e a ONU para fornecer apoio adicional". A Casa Branca também assinou um comunicado expressando condolências e esperança por todos os entes queridos desaparecidos.

O secretário dos Negócios Estrangeiros britânico, James Cleverly, juntou-se às mensagens de condolências e manifestou a disponibilidade do Reino Unido para ajudar o país. Outros líderes, como o Presidente russo, Vladimir Putin, e o chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, também ofereceram apoio para enfrentar os efeitos das inundações devastadoras.

A tempestade Daniel atingiu o leste do país do norte da África, que está dividido em dois governos paralelos desde o início de 2022 devido a uma grave crise política. Na semana passada, o ciclone causou cerca de 30 mortes na Grécia, Bulgária e Turquia.

Paz à vista na Líbia?

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