Ciclone Freddy: Nyusi avalia danos em Quelimane
15 de março de 2023A segunda passagem do ciclone Freddy por Moçambique provocou, desde sexta-feira, 21 mortos na província da Zambézia, no centro do país. Só em Quelimane, estimam as autoridades, mais de 65 mil pessoas foram afetadas. O cenário, descreveu à DW o presidente do município, Manuel de Araújo, é "crítico".
Neste sentido, a Presidência da República anunciou, esta terça-feira, uma visita do chefe de Estado ao terreno. Filipe Nyusi usou a sua página da rede social Facebook para dar conta, esta quarta-feira, que já está em Quelimane, para "uma visita de trabalho de um dia".
Número de mortos
Os dados mais recentes das autoridades dos dois países dão conta que o ciclone Freddy deixou pelo menos 225 mortos no Malawi e 21 em Moçambique. Os números poderão subir à medida que decorre o levantamento dos prejuízos.
Em Moçambique, a província da Zambézia foi a mais afetada, contabilizando-se desde sexta-feira 13.442 famílias afetadas, ou seja, cerca de 65.500 pessoas, além de milhares de casas autoconstruídas danificadas ou completamente destruídas.
Segundo as autoridades, a prioridade passa agora por acudir aos sobreviventes, muitos dos quais se têm queixado de falta de água, comida e de condições de higiene nos centros de acolhimento, que são poucos para tantas famílias.
Desde a primeira passagem do ciclone, há 18 dias, foram abertos 65 centros de acolhimento, muitos em escolas, que acolhem 41.300 pessoas em diferentes pontos do país, segundo dados do INGD.
No mesmo período, 49 mil hectares de culturas agrícolas foram destruídas, muitas das quais eram a principal fonte de alimentação das famílias - a par da comida armazenada nas casas e que se perdeu -, temendo-se um agravamento da insegurança alimentar.
225 mortos no Malawi
No Malawi, o Governo voltou a anunciar, esta quarta-feira, que o número de vítimas mortais subiu "de 190 para 225 (...), com 707 feridos e 41 desaparecidos”.
Blantyre, a capital comercial e segunda cidade do país, foi um dos locais mais afetados, registando pelo menos 85 das mortes.
O Presidente do Malawi, Lazarus Chakwera, decretou "estado de calamidade" na região, onde chuvas e deslizamentos de terras afetaram mais de 88 mil pessoas.
O Freddy, descrito como "fora da norma" pelos meteorologistas, já é um dos ciclones mais duradouros e que realizou uma trajetória mais longa nas últimas décadas, percorrendo mais de 10.000 quilómetros desde que se formou no norte da Austrália, em 04 de fevereiro, e cruzou o oceano Índico até ao sul do continente africano.