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Desastres

Ciclone Idai: Aos poucos a cidade da Beira ressuscita

5 de abril de 2019

Reconstrução é palavra de ordem, embora haja ainda dificuldades com serviços básicos, segundo edil Daviz Simango. O "desnorteamento" inicial que marcou os parceiros de ajuda já terminou, agora há mais coordenação, diz.

Clínica móvel em plena atividade no bairro da Ponta Gea, BeiraFoto: MSF/Pablo Garrigos

O atabalhoamento que marcou a fase de assistência humanitária logo depois que o Ciclone Idai passou pela zona centro de Moçambique, em meados de março, começa a dissipar-se. Quanto ao INGC, Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, a sua prestação, bastante criticada, melhorou. Quem nos dá garantias disso é o edil da Beira, a cidade mais atingida, Daviz Simango: 

DW África: Três semanas após o Ciclone Idai, como está a cidade da Beira?

Daviz Simango (DS): A população da Beira está a iniciar uma vida de reconstrução, foi muito desgastante e abaladora a situação que passamos. Mas penso que as populações, pelo que vemos pelas estradas, nas casas e nas famílias, já iniciam uma nova vida, as ruas já estão a abarrotar de pessoas, os carros circulam e isso dá uma visão clara de que a vida está a começar a erguer-se.

DW África: E quais são as dificuldades que os citadinos ainda enfrentam?

Ciclone Idai: Aos poucos a cidade da Beira resuscita

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DS: São vários, há um momento que é resultante do ciclone em que as pessoas perderam as casas, perderam as coberturas, as comidas ficaram alagadas e por isso as pessoas têm necessidade de alimentos. E por causa dos charcos de água e imundice as pessoas precisam de água [potável] e naturalmente de sanitários móveis. Portanto, este é o momento típico que acontece tendo em conta a magnitude do ciclone. Por outro lado, enfrentamos a situação das empresas que se reerguem, o comércio que já volta a normalidade, embora amputado, as fábricas têm muitas dificuldades, muitas delas estavam destruídas. Portanto, agora é altura da sobrevivência das empresas para se reestruturarem e iniciarem as suas atividades económicas e por outro lado assegurarem os postos de trabalho, que é uma preocupação nossa, caso as empresas não consigam reerguer-se.

DW África: E em relação à prestação do INGC, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, na cidade da Beira, está satisfeito?

DS: O INGC iniciou da forma que começou, víamos que havia deficiências na sua atuação, sobretudo no apoio necessário a cidade. Também havia deficiência por parte de alguns parceiros internacionais que olhavam para a Beira eventualmente em segundo plano, mas penso que depois dos encontros que tive com o INGC e com a comunidade internacional o disco começou a girar de forma diversa. Portanto, significa que há uma certa atenção de todos em relação à cidade da Beira, o que já é bom, mas os problemas de gestão podem existir, mas o essencial é que há mudanças de atitude por parte de todos que eventualmente não davam atenção a cidade da Beira.

Pessoal da MSF prestando assistência aos afetados Foto: MSF/Pablo Garrigos

DW África: Inicialmente havia um certo caos, dado o contexto de ajuda emergencial. Entretanto as Nações Unidas anunciaram que iriam tomar conta deste processo para coordenar melhor o processo. Isso já se sente no terreno? Já há menos caos?

DS: Penso que isso também ajudou a mudar a articulação de várias instituições humanitárias que estão no terreno, já se sente que procuram e contactam o município e coordenam as atividades com o município. Penso que é uma atividade salutar, eventualmente no início estavam todos desnorteados, como se diz na gíria, e não tenham tido os cuidados primários. Devem saber que aqui há uma autoridade instalada que deve fazer parte de qualquer tipo de solução que lhe diga respeito.

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