FAO vai distribuir 180 toneladas de sementes de feijão e milho as vítimas do ciclone Idai nas províncias de Manica e Sofala. Ação da organização visa a próxima campanha agrícola que arranca agora em abril.
Publicidade
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) vai distribuir 180 toneladas de sementes de feijão e milho as vítimas do Ciclone Idai nas províncias de Manica e Sofala.
O ciclone Idai destruiu cerca de 500.000 hectares de culturas diversas nas províncias do centro de Moçambique afetatas pelo ciclone Idai a 14 de março, segundo dados da FAO, enquanto o Governo moçambicano estima em 669.000 os hectares afetados.
De acordo com a FAO, parte significativa da área de cultivo ficou inundada em vésperas da colheita de milho e soja, tendo sido as províncias de Sofala e Manica, que contribuem com 25% da produção nacional, as mais afetadas.
"Neste momento que as águas já baixaram, é crucial que o Governo, a FAO e seus parceiros entrem em ação rapidamente", disse Olman Serrano, representante da FAO em Moçambique.
De olho já na próxima campanha agrícola
"Uma vez que tenhamos estabelecido como e quanta terra pode ser recuperada, vamos distribuir as sementes com urgência para que os agricultores possam plantar para a segunda campanha agrícola, que se inicia agora, em abril", declarou Olman Serreno.
De acordo com o ponto de situação divulgado pelo Instituto Nacional de Gestão de Catástrofes (INGC), há um resgisto de 1.641 feridos e mais de 146 mil pessoas estão agora instaladas em centros de acolhimento.
A estimativa de pessoas afetadas mantém-se nas 843.723 e o número de famílias beneficiárias de assistência humanitária é agora de 29.291. O grupo de pessoas afetadas inclui todas aquelas que perderam as casas, precisam de alimentos ou de algum tipo de assistência.
Ainda segundo o INGC, o Ciclone Idai provocou danos em 3.318 salas de aulas, prejudicando 150.854 alunos.
Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Milhares de desalojados pelas cheias e pelo ciclone na Zambézia, centro de Moçambique, vivem em centros de acomodação. A DW África constatou que faltam tendas e que os médicos estão preocupados com a saúde da população.
Foto: DW/M. Mueia
Visitas de rotina
Cerca de 20 médicos e especialistas deslocaram-se este sábado (30.03) aos centros de acomodação de Dhugudiua e Namitangurine - este último, onde há um maior aglomerado populacional refugiado das cheias na Zambézia. Os profissionais de saúde juntaram-se numa ação solidária para minimizar os problemas da população. A campanha é rotineira, para controlar eventuais surtos.
Foto: DW/M. Mueia
Problemas de saúde
Doenças respiratórias, malária e diarreias afetam muitas das vítimas das inundações refugiadas nos centros de acomodação de Namitangurine e Dhugudiua, distrito de Nicoadala. No centro de Dhugudiua, criado este mês, em média, são atendidos 30 pacientes por dia. A maioria apresenta estes problemas de saúde, segundo autoridades sanitárias.
Foto: DW/M. Mueia
Uma tenda para dez pessoas
Segundo as autoridades comunitárias dos centros de reassentamento, uma tenda abriga dez pessoas. A insuficiência de tendas agravou-se nas últimas semanas e as cheias na sequência do ciclone Idai colocaram ainda mais pressão sobre as instalações. O centro de Namitangurine recebe desalojados das inundações desde 2012. Acolhe atualmente mais de mil famílias.
Foto: DW/M. Mueia
Casas e bens destruídos
No centro de Dhugudiua, a cerca de 45 quilómetros da cidade de Quelimane, vivem cerca de 80 famílias, acomodadas em tendas. São, na maioria, crianças e mulheres que foram transferidas da zona de Musselo, depois de verem as suas palhotas e bens destruídos pela força das águas no início deste mês.
Foto: DW/M. Mueia
Infraestruturas de lona
Além de servirem de moradia para as vítimas das inundações, algumas das tendas nos centros de reassentamento funcionam como unidades sanitárias permanentes e outros serviços sociais.
Foto: DW/M. Mueia
Cozinha para todos
Os desalojados no centro de reassentamento em Dhugudiua partilham a mesma cozinha para confeccionar alimentos. No chão, os conjuntos de três pedrinhas separadas por 10 centímetros são fogões a lenha improvisados.
Foto: DW/M. Mueia
Falta proteína
Há comida suficiente, mas a alimentação não é a ideal no centro de Dhugudiua. Os desalojados dizem que recebem farinha, arroz e outros donativos de diferentes organizações e doadores singulares, mas não há peixe e o feijão não chega para todos os agregados familiares. O caril é feito quase sempre à base de verduras.
Foto: DW/M. Mueia
Mil litros de água
O abastecimento de água para tomar banho e lavar roupa e loiça é garantido por um tanque móvel de mil litros instalado no local.
Foto: DW/M. Mueia
Controlar as condições de higiene
No distrito de Nicoadala, há cerca de 20 ativistas destacados exclusivamente para controlar a higiene nos centros de acomodação. A missão é vigiar o tratamento da água utilizada pelas famílias, a limpeza das tendas e sensibilizar os moradores do centro para as boas práticas de higiene para evitar surtos de cólera e malária.
Foto: DW/M. Mueia
Uma vida de desespero
Apesar do apoio que recebem nos centros de reassentamento, muitas famílias dizem-se desesperadas: não têm como começar a reconstruir as suas habitações e regressar à vida normal. A maioria dos homens não tem emprego. Muitos viviam da carpintaria e da serralharia nos locais onde viviam e, aqui, não têm onde ir para pedir financiamento. As mulheres choram a perda das suas machambas.
Foto: DW/M. Mueia
À espera de terras
Nos centros de reassentamento, os desalojados aguardam a distribuição de terrenos. Muitos não perdem a esperança de serem colocados em zonas mais seguras, em áreas menos propensas a cheias, tal como prometeram as autoridades provinciais da Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
Voluntários satisfeitos
Os médicos que se deslocaram aos centros de reassentamento nesta missão voluntária mostram-se satisfeitos pela adesão popular aos serviços prestados, principalmente de testes voluntários de HIV e malária. Os profissionais de saúde atenderam ainda pacientes com várias queixas,desde dores nas articulações a dores de barriga, e prestaram serviços de oftalmologia.