Novo balanço, este sábado (23.03), sobe para 418 o número de mortos pelo ciclone Idai no centro de Moçambique. Autoridades contabilizam também 1.500 feridos e 89 mil pessoas que já estão em situação de segurança.
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Os números foram avançados na cidade da Beira, um dos locais mais afetados pelo ciclone. Segundo os dados do Governo, o número de vítimas fatais subiu de 242 para 418.
Celso Correia, membro do Conselho de Ministros que está liderar a coordenação das operações na região afetada pelo fenómeno, disse à Televisão Pública de Moçambique que "naturalmente ainda há muitas pessoas que continuam isoladas nos pontos altos, porque responderam ao sistema de aviso prévio e precisam de assistência".
O governante afirmou que a maior preocupação neste momento não é só quantificar o número de mortes, mas as operações de salvamento e assistência médica. "As equipas de salvamento estão a trabalhar em tempo integral para salvar o máximo possível de vidas", assegurou.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) considerou hoje que se está numa "corrida contra o tempo" para ajudar e proteger as crianças afetadas pelo ciclone, estimando serem mais de um milhão.
Estimativas iniciais do Governo moçambicano apontavam para 1,8 milhões de pessoas afetadas pelo ciclone que atingiu o país na semana passada, incluindo 900 mil crianças, mas a UNICEF e outros parceiros no terreno adiantam que os números finais são "muito mais elevados", uma vez que muitas das áreas ainda não são acessíveis.
"A situação vai piorar antes de melhorar", disse a diretora executiva da UNICEF Henrietta Fore, em conferência de impressa, no final de uma visita à Beira.
Serviços mínimos regressam aos poucos
Entretanto, segundo Celso Correia, a logística está a começar a facilitar o trabalho no terrono, que tem sido intenso nos últimos dias. Garantiu Celso Correia que "neste momento intensifica-se o nível de assistência médica, alimentos e água e acolhimento para os centros".
Aos poucos a cidade da Beira está a ter de volta serviços mínimos, como a eletricidade, água, banca e o comércio. Aliás, as autoridades governamentais previam que este cenário pudesse durar duas semanas.
O melhoramento do estado de tempo na segunda maior cidade de Moçambique está igualmente a facilitar o acesso às pessoas que precisam de assistência. Trata-se de pessoas que estão expostas, em alguns bairros da capital de Sofala.
"Já estamos a ter muitas famílias que não aceitam ser reassentadas porque as condições começam a melhorar e a província começa a estar estabilizada", disse Celso Correia.
Reabertura da EN6
A principal estrada que dá acesso à cidade da Beira está aos poucos a beneficiar da reabilitação de emergência. Trata-se da via que deverá reabastecer com combustível, alimentos e outros bens de primeira necessidade os distritos que estão isolados, como Buzi, Nhamatanda e Dondo.
A capital da província vizinha de Manica, Chimoio, ressente-se da falta de combustível bem como o vizinho Zimbabué, um cenário que poderá ter dias contados coma reabertura da EN6 a partir da noite deste domingo (24.03).
O ministro Celso Correia foi quem deixou estas garantias: "a EN6 estará reaberta até ao final de domingo. A informação que temos é de que os trabalhos no terreno estão a correr muito bem".
Nesta sexta feira, em Maputo, o presidente da República, Filipe Nyusi, defendeu apoio técnico que se deve prestar às famílias na autoconstrução das suas casas.
O chefe de Estado destacou a fiscalização que se deve fazer na construção habitacional de modo a que elas sejam capazes de resistir às intempéries e minimizar risco de perda de vidas humanas. Nyusi recomendou igualmente aos Governos locais a intensificar a infraestrutura da terra em zonas seguras para a construção de habitações.
Ciclone Idai causa mortes e destruição
Ciclone Idai faz mais de 200 mortos em Moçambique, no Zimbabué e no Malawi. Cerca de 90% da cidade moçambicana da Beira foi destruída com a passagem do ciclone Idai, segundo a Cruz Vermelha.
Foto: picture-alliance/AP/C. Haga
Ciclone Idai faz mais de 200 mortos
A passagem do ciclone Idai afetou mais de 1,5 milhões de pessoas em Moçambique, no Zimbabué e no Malawi, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Mais de 200 pessoas morreram nos três países e milhares estão desalojadas. O levantamento do número de vítimas está por concluir, dado que há locais de difícil acesso devido à subida do nível dos rios.
Foto: picture-alliance/AP/C. Haga
Beira é a cidade mais atingida de Moçambique
Há pelo menos 84 mortos em Moçambique, segundo os últimos dados. Mas o Presidente Filipe Nyusi afirma que "tudo indica que poderemos registar mais de mil óbitos". A cidade da Beira foi a mais afetada. Os ventos e chuvas fortes deixaram a cidade parcialmente destruída, sem luz nem telecomunicações.
Foto: Getty Images/AFP/A. Barbier
Ciclone visto do espaço
Esta imagem de satélite feita pela NASA mostra a passagem do ciclone Idai pelos países africanos. "A situação é terrível, a magnitude da devastação é enorme", disse o líder da equipa de avaliação da Cruz Vermelha na Beira, Jamie LeSueur. "Enquanto o impacto físico do Idai começa a emergir, as consequências humanas ainda não estão claras", lê-se num comunicado.
Foto: NASA
Deslocados à procura de abrigo
Milhares de pessoas estão desalojadas na zona centro de Moçambique. O Presidente Filipe Nyusi, que sobrevoou a região, indicou que aldeias inteiras desapareceram nas enchentes e que há regiões totalmente incomunicáveis. "Vimos durante o voo corpos flutuando, um verdadeiro desastre humanitário de grandes proporções", assinalou o chefe de Estado.
Foto: DW/B. Chicotimba
Estrada de acesso à cidade da Beira fechada
Com as fortes chuvas, o nível dos rios subiu. Um deles, o rio Haluma, transbordou e cortou a estrada nacional 6, espinha dorsal do centro de Moçambique e única via de acesso à Beira. A cidade ficou isolada. Em entrevista à AFP, o ministro do Meio Ambiente de Moçambique, Celso Correia, afirmou que "este é o maior desastre natural ocorrido no país".
Foto: DW/A. Sebastião
Motoristas isolados na estrada
Isolados na estrada nacional 6, única via de acesso à Beira, moçambicanos aguardam até que a via seja desbloqueada. Formou-se uma longa fila de camiões e outros veículos. Os ventos fortes derrubaram postes.
Foto: DW/A. Sebastião
Noutras vias, mais destruição
A estrada número 260, que liga Chimoio a Mossurize, também não escapou à intempérie. A ponte sobre o rio Munhinga foi arrastada, isolando os dois distritos. Formaram-se enormes buracos nas rodovias, a isolar zonas de Moçambique e a dificultar o acesso às equipas de socorro.
Foto: DW/B. Chicotimba
A fúria das águas
A ponte sobre o rio Haluma, em Nhamatanda, zona central de Moçambique, ficou submersa. É mais uma zona afetada pelas cheias e pelo nível elevado dos rios. Uma camioneta que transportava dez pessoas foi arrastada ao passar pelo local. Seis pessoas morreram e quatro conseguiram salvar-se, penduradas em cima de um camião basculante.
Foto: DW/B. Chicotimba
População precisa de ajuda médica
Mais de cem salas de aulas ficaram destruídas nas regiões mais afectadas pelo ciclone e cheias nos distritos moçambicanos de Chinde, Maganja da Costa, Namacurra e Nicoadalá. Em visita à Zambézia, o Presidente Filipe Nyusi afirmou que, além de bens alimentares, a população necessita também, com prioridade, de assistência médica.
Foto: DW/M. Mueia
Ciclone Idai leva a cancelamento de voos
A passagem do fenómeno também afetou os transportes aéreos. O aeroporto da Beira ficou inoperante entre quinta-feira (14.03.) e domingo (17.03). Todos os voos domésticos foram suspensos. Dezenas de voos previstos para descolar do aeroporto internacional de Maputo, o maior de Moçambique, foram cancelados. O fecho dos aeroportos também dificultou a chegada de ajuda humanitária.
Foto: Getty Images/AFP/E. Josine
Depois de Moçambique, Zimbabué e Malawi
O ciclone Idai atingiu a Beira na quinta-feira (14.03), tendo seguido depois para oeste, em direção ao Zimbabué e ao Malawi, afetando mais milhares de pessoas, em particular nas zonas orientais da fronteira com Moçambique. Casas, escolas, empresas, hospitais e esquadras ficaram destruídas. Estradas e pontes desapareceram, o que dificulta os trabalhos de resgate.
Foto: picture-alliance/S. Jusa
Plantações devastadas pela força do ciclone
No Zimbabué, o número de mortos após a passagem do ciclone Idai chega a 82. O Presidente Emmerson Mnangagwa disse que a resposta do Governo está a ser coordenada pelo Departamento de Proteção Civil através dos comités de Proteção Civil nacional, provincial e de distrito, com o apoio de parceiros humanitários.
Foto: picture-alliance/S. Jusa
Ciclone Idai chega ao Malawi
Os distritos de Chikwawa e Nsanje, no Malawi, ficaram inundados com a passagem do ciclone Idai. Segundo o balanço mais recente do Departamento de Gestão de Riscos, no país foram registadas 56 mortes. Quase 1 milhão de pessoas foram afetadas pela passagem do ciclone. De acordo com a Federação Internacional da Cruz Vermelha, 80 mil viram as suas casas destruídas e estão sem onde se refugiar.
Foto: Getty Images/AFP/A. Gumulira
Cheias nos rios aumentam risco de doenças
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou as autoridades para a importância de se levar a cabo um levantamento dos estragos nos serviços de saúde, já que o agravamento das cheias nos próximos dias, devido à continuação de chuvas fortes, aumenta o risco do aparecimento de doenças transmissíveis pela água e pelo ar.