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Ciclone Idai: Três anos depois, o que ficou por fazer?

Arcénio Sebastião (Beira)
15 de março de 2022

A província de Sofala relembra o ciclone Idai, o maior e mais violento de Moçambique. Muito mudou desde aí e muito está por fazer. Eram precisos 3,2 mil milhões de dólares para a reconstrução, mas montante não chegou.

Foto: picture-alliance/dpa/INGC

Em fevereiro passado, foi lançada uma linha de subvenções equivalente a cerca de 20 milhões de dólares para ajudar as pequenas e médias empresas nas sete províncias moçambicanas afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth, que fustigaram as regiões centro e norte do país.

Cecília Chamutota, vice-ministra das Obras Públicas, disse que o montante permitirá uma "recuperação abrangente do setor privado".

Mas a oferta do Governo moçambicano e parceiros ficou aquém das expetativas de muitas empresas, que viram os seus negócios arruinados com a passagem da maior tempestade na história moçambicana.

Oportunidades de trabalho

Ricardo Conhaque, presidente do Conselho Empresarial de Sofala, diz que, além desse montante, são necessárias oportunidades de trabalho.

Beira usa machimbombos como salas de aula depois de ciclones

02:11

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"Se as empresas tivessem trabalho na província, seria uma oportunidade boa que nem precisaria de financiamento", afirma. 

Se este bolo nem para as empresas chega, imagine-se para um pacato cidadão sem emprego.

Três anos depois da passagem do ciclone Idai, Victor Mualeua continua a morar bairro costeiro da Praia Nova, de onde fugiu quando as águas do mar invadiram a comunidade.

Todos os seus móveis ficaram submersos em água salgada. Victor diz que esperou por ajuda do Governo, incluindo para reconstruir o tecto da sua casa, mas até hoje, nada.

"Pelo meu suor, estou a tentar puxar daqui, puxar dali, mas, hoje em dia, quando não há trabalho, tudo fica mal", conta.

A reconstrução de muitas infraestruturas demorou por falta de fundosFoto: Arcénio Sebastião/DW

"Até hoje, não temos nada"

Outra anciã, que não se quis identificar, também está desempregada. Vive de pequenos negócios. Lembra-se do ciclone Idai com muita tristeza. Três anos depois, não sabe se beneficiará de ajuda para se reerguer.

"Até hoje, não temos nada. Desde o ciclone que não temos sítio para dormir, até hoje nunca recebemos ajuda. Só um lado da casa é que está bom, dois quartos perderam as chapas e os barrotes. Não conseguimos dinheiro para arranjar."

Nos últimos três anos, Moçambique começou a ser fustigado ciclicamente por fenómenos naturais extremos.

Os ciclones e inundações mataram, feriram e desalojaram milhares de pessoas. O último evento ciclónico, na semana passada, atingiu as províncias nortenhas de Nampula e Zambézia. O ciclone Gombe matou até agora pelo menos 15 pessoas e feriu e deslocou perto de duas mil.

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