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Desastres

Kenneth: Número de mortos sobe para cinco em Moçambique

AP | AFP | Reuters | DPA | Lusa | cvt
27 de abril de 2019

Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) contabilizou este sábado (27.04) mais três vítimas fatais do ciclone Kenneth no norte de Moçambique. Chuvas fortes continuam na região.

Chuvas devem continuar pelos próximos diasFoto: Getty Images/AFP/Stringer

Mais três mortes foram confirmadas pelas autoridades moçambicanas, após a passagem do ciclone Kenneth pelo norte do país. No total, o número de vítimas fatais já chega a cinco. 

Segundo a agência de notícias Associated Press, citando o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades de Moçambique (INGC), uma pessoa foi morta na cidade de Pemba e outra no distrito de Macomia, enquanto residentes da ilha do Ibo relataram duas mortes. Detalhes sobre a quinta vítima não foram divulgados. Registam-se ainda dois feridos.

Fortes chuvas continuaram a assolar o norte de Moçambique este sábado, alimentando os receios de inundações, dois dias depois que o ciclone Kenneth atingiu a costa moçambicana, destruiu edifícios e prejudicou as comunicações.

As agências de ajuda humanitária disseram que ainda estavam a lutar para chegar às vítimas e determinar a extensão da devastação na província de Cabo Delgado. "É preocupante, pois ainda está a chover muito", disse Daw Mohammed, diretor de operações humanitárias do grupo de ajuda CARE, que está em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado.

As chuvas foram ainda mais graves nas áreas ao norte da cidade de Pemba, disse Saviano Abreu, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), na África Oriental e Austral.

Ciclone Kenneth: Estragos no norte de Moçambique

02:04

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Na manhã deste sábado, trabalhadores de emergência, incluindo soldados brasileiros, trabalhadores do OCHA e funcionários do UNICEF chegaram a Pemba para avaliar os danos. "O INGC nos diz para virmos aqui fazer uma avaliação da situação", disse o capitão Kleber Castro, do serviço de resgate do Brasil, à AFP no aeroporto de Pemba.

"Pemba sofreu um impacto mínimo, mas realmente precisamos saber sobre as cidades que sofreram danos de 90%. Agora procuramos algumas aeronaves para avaliarmos todos os locais", afirmou.

Na ilha turística do Ibo, lar de seis mil pessoas, 90% das casas foram arrasadas, segundo o porta-voz do INGC, António Beleza. "Parece que a ilha foi bombardeada", disse Kevin Record, um operador turístico sul-africano e proprietário de um hotel naquela ilha.

O trabalho dos socorristas tem sido prejudicado por infraestruturas danificadas, incluindo as comunicações.

"Muita gente pode ser afetada na região onde as inundações são grandes e generalizadas", disse o capitão Kleber Castro. "A maior dificuldade é o transporte - ainda não temos helicópteros. Precisamos de muito apoio, se você puder nos ajudar, precisamos do apoio de helicópteros", apelou. 

Ciclone Kenneth deixou um rastro de destruição em Cabo DelgadoFoto: Reuters/UNICEF

Chuvas devem continuar

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários informou neste sábado que o ciclone Kenneth está agora "estagnado" sobre a província de Cabo Delgado e deve provocar fortes chuvas nos próximos dias.

"A estagnação do sistema meteorológico é suscetível de causar inundações significativas em Cabo Delgado, bem como chuvas fortes no sul da Tanzânia, durante os próximos 10 dias", alertou a organização.

Prevê-se que o Kenneth traga o dobro da chuva ao norte de Moçambique, propenso a inundações e deslizamentos de terra nos próximos dias, alertou o Programa Alimentar Mundial da ONU.

Os grupos de ajuda alertaram que as inundações continuavam a ser um perigo, tal como causaram a maioria das mortes depois da passagem do ciclone Idai, no centro do país. Algumas previsões apontam para 250 milímetros de chuva torrencial, ou cerca de um quarto da precipitação média anual da região.

O Governo e as agências de ajuda disseram que 30 mil pessoas foram levadas para locais seguros e que um total de quase 700 mil estariam em risco. O Governo criou 20 centros de evacuação em Pemba, mas foram necessários aviões, pois muitas das áreas afetadas não eram acessíveis por terra.

Centro de acolhimento para vítimas do Idai na cidade da BeiraFoto: DW/A. Kriesch

Locais mais afetados

O Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho reportou, também este sábado, graves danos à província de Cabo Delgado, sendo as comunidades de Macomia, Quissanga e Mocímboa da Praia a maior preocupação.

Cinco distritos de Cabo Delgado estão isolados após as águas do rio Muagamula terem inundado uma ponte metálica, disse à Lusa fonte da Administração Nacional de Estradas na província de Cabo Delgado. "A infraestrutura não resistiu à erosão", disse a fonte, acrescentando que, apesar de não ter desabado totalmente, a ponte cedeu nos dois pontos de encontro da estrada N380.

A via alternativa para chegar aos distritos, situados no norte da província, também está intransitável, acrescentou a fonte, que continuava no local até ao início da noite desta sexta-feira (26.04) para a recolha de dados.

Ciclone Idai alagou grande parte da cidade da BeiraFoto: Reuters/M. Hutchings

Ciclones históricos

Pela primeira vez, Moçambique foi atingido por dois ciclones em uma temporada. O ciclone Kenneth atingiu a província de Cabo Delgado, em Moçambique, no final da passada quinta-feira (25.04), depois de ter devastado as Ilhas Comores, onde três pessoas teriam morrido segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

As comunidades no centro de Moçambique ainda estão a se recuperar do ciclone Idai, que devastou a região em meados de março, causando cheias que varreram casas, estradas e pontes.

A tempestade também se abateu sobre o Zimbabué e o Malawi. Nos três países, mais de mil vidas foram perdidas, e os danos são estimados em cerca de 1,8 mil milhões de euros.

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