A RENAMO diz que a entrega dos cartões de eleitor aos secretários dos bairros em Inhambane é uma manobra do partido no poder, mas a FRELIMO nega as acusações. Administração eleitoral distancia-se da "querela partidária".
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A denúncia de que os eleitores estão a ser forçados a entregar os seus cartões de eleitor foi feita esta terça-feira (30.04) pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), durante um debate sobre a avaliação do processo eleitoral, organizado pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) em Inhambane.
Segundo Abelardo Guambe, mandatário da RENAMO, várias pessoas, incluindo funcionários públicos, são forçados a entregar os cartões aos secretários dos bairros e chefes de quarteirão, numa tentativa clara de "manipular o eleitor".
Eleitores de Inhambane forçados a entregar cartões
Um cidadão residente em Inhambane, que solicitou o anonimato por temer represálias, contou à DW África que já lhe foi exigido o cartão do eleitor. "Eu ainda não me recensei, mas o secretário do bairro já veio pedir o cartão. Só que não cheguei a entregar porque não tenho o cartão. Para que fim ele queria o cartão, não sei", relata.
Face a esta situação, a representação da RENAMO em Inhambane lançou um apelo para que tais atos sejam denunciados junto das autoridades, por forma a evitar a continuação deste tipo de prática. "A partir do momento em que se faz a entrega dos dados, o eleitor sente-se comprometido com o dia da votação. Apelamos a todos que denunciem tais práticas aos órgãos da justiça", pediu.
STAE distancia-se de "querela partidária"
Por seu lado, Nelson Joaquim, mandatário da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), acusa a RENAMO de tentar mobilizar os membros do partido no poder a não se recensearem, porque já possuem o "cartão vermelho" da FRELIMO. "Esta atitude não é boa. A RENAMO está a adotar esta estratégia para desviar as atenções dos membros da FRELIMO. Isso para nós é uma grande preocupação, porque se aparece alguém a dizer às pessoas para não se recensearem por serem portadores do cartão de membro da FRELIMO, essa informação é falsa", afirma.
José Belmiro, vogal do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), afirma que a sua instituição distancia-se destas querelas políticas entre partidos. "Os órgãos eleitorais distanciam-se claramente e condenam toda a tentativa de subverter o processo. Pretendemos que este processo eleitoral seja justo, transparente e que, no fim, todos os atores políticos possam aceitar os resultados", sublinha.
O responsável do STAE lança ainda um apelo para que seja denunciada junto das autoridades competentes qualquer atitude que possa manchar o processo em curso: "A existir situações ilegais, elas devem ser canalizadas às autoridades da justiça."
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.