Edil de Cuamba procura parcerias para iniciar o mais rápido possível as obras nas vias públicas da segunda maior cidade do Niassa. Mário Naula diz que cidade dispõe de 3 milhões de euros para a reabilitação das ruas.
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O município de Cuamba, na província de Niassa, dispõe de 3 milhões de euros para reabilitar as ruas da autarquia, mas não tem equipamentos nem máquinas para os trabalhos. A segunda maior cidade da província do Niassa é conhecida pelas ruas esburacadas e pavimentação precária. Os munícipes sofrem com o estado das vias públicas, que acaba por prejudicar a mobilidade.
Há dois anos que o edil Mário Naula tomou posse na autarquia de Cuamba. No pouco tempo que está no Governo, decidiu encarar um problema cuja resolução foi por muito tempo adiada. Cuamba, apesar de ter os recursos para as obras de pavimentação, não tem quem as faça.
Por isso, o edil está em Quelimane em busca de parcerias. A máquina da sua cidade está avariada há mais de um ano, o que o levou a firmar um protocolo de cooperação com a capital provincial da Zambézia. Naula diz que espera que as obras comecem em breve.
Em entrevista exclusiva à DW África, o autarca diz que a dificuldade na transitabilidade não é o único problema que afeta os munícipes de Cuamba, mas é uma prioridade, porque boas vias públicas estimulam investimentos locais e nacionais.
As autarquias de Cuamba e Quelimane, embora tenham várias diferenças – como as características de relevo e climáticas - têm edis com relacionamento próximo, que assinaram acordos de apoio mútuo.
Problema de coleta do lixo está a afetar a Zambezia
Ao revelar para a DW África que garante o apoio a Cuamba, o edil de Quelimane, Manuel de Araújo, lamentou da sua parte os problemas graves na gestão do lixo na capital da província da Zambezia.
O autarca diz que há 10 anos que o governador, Abdul Razak Noormahomed, promete a criação de uma secretaria de estado para resolver o problema. "Continuamos a espera porque o local que temos como aterro sanitário ou lixeira não é ideal”, diz Araújo. Ele lamenta que na entrada da cidade de Quelimane, "o cartão de visita é o lixo”.
A quantidade de resíduo produzido pelos munícipes em Quelimane é tão grande, que os trabalhadores da limpeza urbana exigem agora uma maior recompensa, um salário que consideram mais justo.
Cecília José é coletora de lixo em Quelimane e conta que as condições de trabalho e a remuneração não são equivalentes. "Estamos a passar mal. O arroz está 18 euros e a farinha 12. Tens de comprar com 4 euros. Só estamos a chorar nesta parte do dinheiro.”, afirma.
Varredoras de Quelimane: Trabalho arriscado e mal pago
Mais de 270 mulheres fazem a limpeza da capital provincial da Zambézia, no centro de Moçambique. Com idades entre 40 e 60 anos, elas queixam-se das condições de trabalho e reclamam um salário digno.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Necessidade não vê idade
Alzira da Silva Mussalama, carinhosamente chamada "vovó Alzira" pelas colegas, é viúva e há 37 anos é varredora. Começou a trabalhar perto dos 19 anos. Agora com 56, a idade já pesa: ela sente dores constantes na coluna, mas, para garantir o seu sustento, é obrigada a aturar o trabalho. E "vovó Alzira" sequer tem um contrato de trabalho definitivo com a empresa municipal de limpeza urbana.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Companheiras de trabalho
A varredora Joaquina Luís (esquerda) também tem 56 anos de idade. E ao seu lado está Suraia Arune Jafar, que está há 16 anos na profissão. As colegas de trabalho, além de partilhar experiências, partilham preocupações. A maior de todas é o desconto salarial frequente. Elas dizem que a folha de pagamento não espelha o valor real que ambas recebem.
Foto: Marcelino Mueia/DW
O salário não compensa
Julieta Rafael, como as outras varredoras, pede a compaixão das autoridades para incrementarem o salário que considera péssimo e sem reajuste há vários anos. Com três filhos, a profissional diz que o pouco que recebe cobre apenas a alimentação da família durante um mês.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Falta de incentivo
Cecília Dinis José é supervisora das varredoras e queixa-se da falta de incentivos na profissão. Muitas varredoras exercem a atividade há pelo menos 15 anos, mas não são promovidas e nem mudam de carreira, embora tenham concluído algum nível académico - requisito principal exigido pelas autoridades para a promoção profissional.
Foto: Marcelino Mueia/DW
A chefe das mulheres
Hortência Agostinho é a diretora da empresa municipal de limpeza (EMUSA), uma instituição que é subordinada ao Conselho Autárquico de Quelimane e congrega 270 varredoras de rua. Como mulher, e a comandar as outras mulheres, Hortência diz que o seu desafio é garantir o salário a tempo e criar condições condignas de trabalho para as varredoras.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Riscos diários
Manter a cidade limpa constitui o maior desafio das varredoras. Mas o trabalho nas ruas é bastante arriscado. As varredoras enfrentam o risco de atropelamento devido à circulação dos automobilistas, motociclistas e ciclistas. Outro risco iminente é o de contrair doenças respiratórias devido à poeira e o cheiro de lixo.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Embelezamento da cidade
Além da limpeza das ruas, há quem cuide dos jardins municipais. É o caso da
Victória Mateus Dima (de fato azul), em companhia das suas colegas de
trabalho. Victória está acostumada com o trabalho que antes teve dificuldades de realizar por alguns considerarem uma tarefa masculina.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Amontoados de lixo
Entretanto, o lixo chega a permanecer dois ou três dias nas ruas. De um lado, a incapacidade das autoridades na coleta dos resíduos associada à falta de meios. Do outro, a conduta dos próprios munícipes que não obedecem os horários para o descarte do lixo - uma falta de respeito com o trabalho das varredoras.
Foto: Marcelino Mueia/DW
"Edifício sucata"
Esta é a sede da EMUSA, empresa responsável pelas varredoras de Quelimane. O edifício está sucateado e clama por manutenção, uma pintura externa e o aprimoramento dos sistemas de saneamento interno.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Contentores de sucata
Além do edifício-sede da EMUSA, há contentores de lixo que se transformaram em ferro-velho. Os contentores chegaram a Quelimane há mais de dois anos, e o resultado é este. Esse sucateamento do setor dificulta ainda mais o trabalho das varredoras.