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Cientistas dos PALOP recebem apoios para aprofundar estudos

18 de novembro de 2023

Cinco mulheres de países de expressão lusófona vão conduzir projetos de investigação nas áreas do cancro, malária, doenças respiratórias e genética. Apoio no âmbito do concurso "We Search" vai financiar estudos.

Foto: M. Dietrich/Bildagentur-online//picture-alliance

Pamela Borges é investigadora principal do Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Universitário Agostinho Neto. A cientista é responsável pelo projeto de cuidados oncológicos personalizados (CVPOC, sigla em inglês), com foco na problemática do cancro, considerado um problema de saúde em Cabo Verde por constituir já a segunda principal causa de morte.

"Verificou-se que há uma necessidade urgente de se investir em projetos que fomentem o diagnóstico precoce, que, de certa forma, aumentem também a qualidade e a eficiência dos tratamentos e da terapêutica. E, obviamente, o objetivo final é, de certa forma, melhorar a sobrevivência dos pacientes diagnosticados com cancro em Cabo Verde", referiu à DW.

Pamela Borges, investigadora principal do Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Universitário Agostinho Neto, em Cabo VerdeFoto: privat

Pamela Borges é uma das cinco mulheres, entre 75 candidaturas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), selecionadas para estudar doenças crónicas que afetam particularmente as populações de Cabo Verde, Angola e Moçambique.

"Este projeto, além do diagnóstico, também vem reforçar a investigação científica na área na área do cancro", disse. "Trabalho que já começámos a fazer, que é a identificação das mutações hereditárias prevalentes no seio dos pacientes diagnosticados com o cancro de mama em Cabo Verde", acrescentou.

Isto implica a aquisição de equipamentos adequados e aposta na qualificação de recursos humanos, que permitirão aprofundar estudos sobre a oncologia personalizada.

Em Moçambique, a investigação liderada pela cientista Carla Carrilho, na Universidade Eduardo Mondlane, vai também procurar métodos alternativos de diagnóstico e tratamento do cancro da mama em locais com poucos recursos, através do teste com o sistema GeneXpert, amplamente mais acessível nos hospitais africanos.

Os tumores malignos são uma das principais causas de morte no mundo e estão no centro da investigação de Pamela Borges (foto de arquivo)Foto: Jane Hahn/AP Photo/picture alliance

Combater a mortalidade materna e fetal

Outro dos projetos selecionados é o de Joana Morais. O seu estudo, a ser desenvolvido pelo Centro de Investigação em Saúde de Angola, visa avaliar os efeitos de doses baixas da aspirina diária em mulheres grávidas com anemia das células falciformes. Trata-se de um problema de saúde pública mundial, com maior incidência na África subsaariana.

"O que propomos com este estudo é nada mais do que quantificar a redução do número de partos prematuros, também da mortalidade materna e do aborto espontâneo usando aspirina em baixas doses numa fase muito precoce do período de gestação. Ou seja, no primeiro trimestre gestacional", contou.

O objetivo desta investigação é encontrar possíveis soluções profiláticas que possam ajudar na prevenção de complicação na gravidez em mulheres com aquela doença.

"Acreditamos que os resultados e informações que vão surgir durante a vigência deste estudo poderão contribuir significativamente para a redução da mortalidade materno-infantil nesta população tão frágil", afirmou.

Joana Morais, cientista do Centro de Investigação em Saúde de AngolaFoto: privat

O estudo vai envolver 450 participantes do sexo feminino de todas as idades, a serem recrutadas livremente em diversas maternidades de Luanda, que estejam grávidas, e que tenham diagnóstico confirmado de doença falciforme.

Os projetos terão um suporte financeiro de 750 mil euros, fruto da parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação La Caixa. Maria Hermínia Cabral, diretora do Programa Parcerias com África da Gulbenkian, considera que "esta parceria com a Fundação La Caixa começou em 2018 e tem vindo a evoluir desde então. Começou com a formação em gestão de Ciência, tendo depois evoluído para um primeiro concurso de apoio à investigação em saúde e agora deu-se mais um passo no sentido de estimular a investigação clínica em várias áreas".

Fruto da colaboração entre as duas instituições, o programa "We Search", lançado com a assinatura de um protocolo em 2022, é um concurso para reforçar instituições científicas e projetos de investigação clínica nos PALOP.

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