SADC reafirma apoio a Moçambique contra terrorismo
Leonel Matias (Maputo)
27 de maio de 2021
Em Maputo, os chefes de Estado da Troika da SADC reafirmam o apoio da região no combate ao terrorismo em Cabo Delgado. Filipe Nyusi diz estarem criadas as condições para o combate sem fronteiras da ameaça terrorista.
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A Troika de chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, sigla em inglês) analisou esta quinta-feira (27.05), em Maputo, a proposta da resposta regional em apoio a Moçambique no combate ao terrorismo. Contudo, o comunicado final do encontro não adianta pormenores sobre a decisão tomada em relação a esta matéria.
A proposta tinha sido formulada por uma equipa técnica que se deslocou ao terreno para identificar as necessidades do país, tendo sugerido o envio de uma força militar de três mil homens, para além de apoio em equipamento.
O comunicado final refere que a cimeira reafirmou a solidariedade para com o Governo e o povo de Moçambique e os seus contínuos esforços para lidar com o terrorismo e garantir a paz e segurança duradouras no país.
"Eliminar o mal pela raiz"
Discursando no encerramento do encontro, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou que foram adotadas medidas "visando eliminar pela raiz as ações terroristas".
Segundo Nyusi, essa estratégia inclui o "reforço da capacidade operacional das Forças de Defesa e Segurança no seu combate, segurança fronteiriça, eliminação de fontes de financiamento do terrorismo e a reconstrução de infraestruturas destruídas".
"Reconhecemos a importância de uma ação coletiva para vencermos este mal [o terrorismo], daí a necessidade de tornar operante a força em estado de alerta, como quadro que pode cobrir as intervenções bilaterais, em função de vantagens comparativas, circunstanciais e objetivos concretos que se desejam alcançar", afirmou o chefe de Estado moçambicano.
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Respostas abrangente
A cimeira acordou, igualmente, numa resposta abrangente ao fenómeno do terrorismo, nomeadamente medidas que concorram para maior inclusão social, mais formação e educação, mais investimentos e assistência humanitária às populações afetadas, indicou Filipe Nyusi.
A violência terrorista contra crianças em Cabo Delgado
02:28
O chefe de Estado moçambicano disse que, neste encontro, a SADC reafirmou o seu compromisso de líder regional para o combate ao terrorismo em Moçambique.
"O combate ao terrorismo não se faz fechando fronteiras de outros apoios bilaterais ou internacionais, daí que a SADC deve coordenar os processos e permitir que Moçambique receba apoios de todos", declarou.
Nyusi garantiu "estarem criadas as condições para o combate sem fronteiras desta ameaça global, em que o nosso Governo terá o papel crucial na condução de todas as ações, visando a materialização efetiva de todas as decisões para a erradicação definitiva do flagelo do terrorismo".
Partiparam na Cimeira da Troika da SADC os Presidentes Filipe Nyusi (Moçambique), Mogkweetse Masisi (Botswana), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Lazarus Chakwera (Malawi), Emmerson Mnagwagwa (Zimbabué) e Hussein Aly Mwinyi (República de Zanzibar), em representação da Presidente da República Unida da Tanzânia, Samia Suluhu.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.