Cimeira do G20 reforça compromisso de combate à pobreza
18 de novembro de 2024A cimeira o G20 no Rio de Janeiro, no Brasil, arrancou, esta segunda-feira, com o lançamento oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa do Presidente brasileiro Lula da Silva à qual já aderiram 147 membros, incluindo 81 países e 24 organizações internacionais.
Esta segunda-feira, a Casa Branca fez saber que o Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, deverá anunciar, durante o evento, um compromisso "histórico" para com os países mais pobres do mundo.
"O Presidente Biden anunciará um compromisso histórico dos EUA durante a cimeira do Rio e incentivará outros líderes a aumentar as suas contribuições", disse aos jornalistas Jon Finer, conselheiro adjunto para a segurança nacional dos EUA.
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi, ao longo do dia desta segunda-feira, saudada por vários líderes internacionais.
JLO: Fome deve ser abordada "sem tabus"
Discursando num debate sobre o tema, o Presidente angolano, João Lourenço, considerou a fome e a pobreza como um dos maiores problemas da Humanidade, e defendeu que sejam combatidos com "uma abordagem corajosa" e "sem tabus".
A fome é um flagelo que não afeta apenas os países em vias de desenvolvimento, salientou, podendo ser observado nos países desenvolvidos e industrializados, e sendo, por isso, imperioso olhar "para a questão do combate à fome e à pobreza, sob a mesma ótica e com a mesma sensibilidade".
O chefe de Estado angolano saudou a criação desta Aliança, da qual Angola é membro fundador, e salientou que é fundamental olhar para a "urgente necessidade de se criarem condições que favoreçam o desenvolvimento de uma agricultura sustentável" para garantir a segurança alimentar e erradicar a fome.
"Chaga que envergonha a humanidade"
Por sua vez, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, afirmou que os líderes devem lutar para "acabar com essa chaga que envergonha a humanidade".
"Compete aos que estão aqui a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade (…) Este será o nosso maior legado", sublinhou Lula da Silva, num discurso em que frisou que a fome no mundo não é "resultado da escassez ou de fenómenos naturais", mas sim o "produto de decisões políticas que perpetuam grande parte da humanidade" a sofrer este flagelo.
Também o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que o seu país " apoia totalmente a atenção dada pela presidência brasileira à inclusão social e ao combate à fome".
"Apenas através de um sistema integrado e global de apoio social poderemos ajudar os mais vulneráveis da sociedade”, afirmou o presidente sul-africano, cujo país assumirá a presidência rotativa do G20 no próximo dia 1 de dezembro e a ocupará até 31 de novembro de 2025.
Ramaphosa destacou que a segurança alimentar será uma das "prioridades de alto nível" durante sua presidência do grupo e frisou que é necessário mobilizar "financiamento novo, em escala, viável e acessível para apoiar o desenvolvimento sustentável”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu, na mesma ocasião, que o combate à pobreza será uma prioridade europeia.
"Presidente Lula, através da Aliança Global do G20, estamos prontos para colaborar com todos os parceiros para alcançar os nossos objetivos partilhados e garantir que o combate à fome, pobreza e desigualdade assume o papel central que merece", disse Ursula von der Leyen, no seu discurso.
Aberta a todos os países, desde julho, esta iniciativa procura coordenar ações e parcerias técnicas e financeiras para apoiar a implementação de programas nacionais nos países que aderirem à proposta e ainda o financiamento de políticas públicas para a erradicação da fome e da pobreza no mundo.
Dois dias de reuniões
Os líderes do G20 reúnem-se entre hoje e amanhã no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro para discutir como erradicar a fome, reformar organizações internacionais e promover a transição energética.
Entre os principais líderes presentes destaca-se o Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping. O principal ausente será o Presidente russo, Vladimir Putin, representado pelo seu chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, já que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra no conflito na Ucrânia.
Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, são esperados representantes de 55 países ou organizações internacionais.