Grandes Lagos pede diálogo para pacificar Burundi
14 de junho de 2016 José Eduardo dos Santos, que discursava na abertura da sexta cimeira de chefes de Estado e de Governo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), que decorre em Luanda, solicitou igualmente que seja respeitado o poder legalmente instituído naquele país.
"É também importante promover a boa vizinhança e a segurança recíproca ao longo da fronteira comum entre o Burundi e os países vizinhos", disse o chefe de Estado angolano.
O Burundi integra a CIRGL e está representado em Luanda por um dos seus vice-presidentes, Didimwo Gaston.
Angola renova mandato de dois anos
José Eduardo dos Santos, reconduzido esta terça-feira (14.06) para um novo mandato de dois anos na presidência da CIRGL, felicitou a ex-Presidente de transição na República Centro-Africana (RCA), Catherine Samba-Panza, pela "conclusão bem-sucedida do processo de paz e do processo eleitoral no seu país, de que resultou a eleição do Presidente da República, do Parlamento e do primeiro-ministro".Relativamente à vizinha República Democrática do Congo (RDCongo), o Presidente angolano saudou o seu homólogo pela forma como está a executar as decisões da cimeira sobre os rebeldes das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), fazendo votos de êxito "na condução do diálogo para a reconciliação e consolidação da democracia".
"Felicito finalmente os dirigentes do Sudão do Sul pelos êxitos alcançados no diálogo, no restabelecimento da paz e na formação do Governo de União Nacional", frisou o Presidente angolano.
A pedido dos Estados-membros, Angola vai continuar até 2018 na liderança da CIRGL, organização integrada ainda pelo Burundi, Quénia, RDCongo, RCA, República do Congo, Tanzânia, Zâmbia, Uganda, Sudão e Sudão do Sul.
A cimeira, que decorre à porta fechada, vai ainda tratar de assuntos de natureza organizativa, designadamente a eleição do novo secretário executivo da organização, a avaliação do mandato de Angola e o balanço sobre o desenvolvimento da situação de paz e estabilidade na região, em especial na RDCongo, RCA, Burundi e Sudão do Sul.
Balanço positivo do mandato de Angola
Em dois anos do mandato de Angola - a presidência é rotativa e devia ser assumida pelo Quénia, que delegou -, foi possível, disse José Eduardo dos Santos, conter-se o agravamento que se verificava, levar a cabo iniciativas e mobilizar sinergias em torno da necessidade de reconquista e da preservação da paz e estabilidade, como condição indispensável para o progresso, quer da região, quer de cada Estado-membro.
"Diante do mandato que termina agora, foi possível, com a colaboração de todos os Estados-membros, neutralizar alguns focos de instabilidade que duravam desde 1994, por ocasião da criação desta organização regional", disse o Presidente angolano.
O líder da CIRGL agradeceu também o apoio de França, cuja ação permitiu estabilizar a República Centro-Africana, bem como da União Europeia, pelo envio de uma força de paz para o mesmo país, dos Estados Unidos da América e das Nações Unidas."Neste mandato que terminou foi importante a proposta de Angola, que serviu para organizar um debate sobre a crise nos Grandes Lagos, na cimeira União Europeia/África, realizada em abril de 2014", realçou o Presidente angolano.
Lançada as bases para resolução de alguns problemas da região
A realização do fórum económico e de investimento na região dos Grandes Lagos, em fevereiro deste ano, na República Democrática do Congo, foi igualmente enaltecido pelo líder da CIRGL, por ter permitido o lançamento das bases para o equacionamento de projetos de cooperação e desenvolvimento económico e social nos países da região.
José Eduardo dos Santos considerou essencial a paz na região, para o desenvolvimento das economias dos Estados, trazendo benefícios para os povos.
Sobre o antigo problema da falta de pagamento de quotas pelos Estados-membros, o Presidente angolano defendeu que esta verba é necessária para o bom funcionamento das estruturas organizativas da CIRGL e garante do seu suporte material.