Cimeiras da SADC discutem hoje terrorismo em Moçambique
Lusa
27 de maio de 2021
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) realiza esta quinta-feira, em Maputo, as cimeiras extraordinárias das 'troikas' da organização para discutir a violência armada no norte de Moçambique.
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De acordo com uma nota oficial, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, também presidente em exercício da SADC, acolhe na Presidência da República "as cimeiras extraordinárias da 'troika' do órgão da SADC Mais Moçambique e da dupla 'troika' da SADC".
"Estas reuniões cimeiras realizam-se na sequência da abordagem regional que vem sendo feita no sentido de conjugar esforços na luta contra o terrorismo", lê-se no comunicado.
A iniciativa decorre em complemento com "as ações do Governo moçambicano visando normalizar a situação e prestar apoio às pessoas afetadas para a prossecução da agenda nacional de desenvolvimento", acrescentou o documento.
Nas cimeiras participam, além de Nyusi, o Presidente do Botsuana e presidente do órgão da SADC para Política, Defesa e Segurança, Mogkweetse Masisi, o Presidente do Malawi e vice-presidente da SADC, Lazarus Chakwera, e o Presidente da África do Sul e vice-presidente do órgão da SADC, Cyril Ramaphosa.
Cabo Delgado: Pemba espera por mais deslocados de Palma
02:18
O Presidente de Zanzibar, em representação da Presidente da Tanzânia e presidente cessante da SADC, Hussein Aly Mwinyi, o Presidente do Zimbabué e presidente cessante do órgão da SADC, Emmerson Mnagwagwa, e a secretária executiva da SADC, Stergomena Lawrence Tax, também participam nos trabalhos, concluiu a nota.
Em comunicado, o Presidente Cyril Ramaphosa anunciou que vai liderar uma delegação sul-africana à cimeira extraordinária da dupla 'troika' da SADC, que "irá discutir o terrorismo que envolve a região, incluindo a insegurança na província de Cabo Delgado na República de Moçambique".
A chamada cimeira da dupla 'troika' da SADC, integra os países das 'troikas' da SADC (Moçambique, Malawi e Tanzânia), e do órgão de Defesa e Segurança (Botsuana, África do Sul e Zimbabué). As reuniões da dupla 'troika' será precedida por reuniões de ministros e altos funcionários do bloco regional, concluiu o comunicado sul-africano.
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Envio de militares e meios bélicos
Uma missão técnica de avaliação da SADC que visitou Cabo Delgado no mês passado propõe o envio de 2.916 militares e de meios bélicos para ajudar o país no combate aos grupos armados que têm protagonizado ataques em Cabo Delgado, segundo um relatório da organização.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, com alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.
A anterior incursão contra Palma, em março, provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.
As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas aquele ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico na próxima década.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.