O Centro de Integridade Pública (CIP) diz estar disponível para financiar uma auditoria independente ao recenseamento eleitoral da província de Gaza. Para o CIP não há impedimento legal para que a auditoria aconteça.
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Mesmo sem revelar o montante que estaria envolvido no processo, aquela Organização Não-Governamental diz-se pronta para assumir todos os custos desta operação.
Borges Nhamire – pesquisador do CIP disse em entrevista à DW África que neste momento a sua instituição já recebeu propostas técnicas e financeiras de duas instituições internacionais (os nomes não foram revelados) com larga experiência em matérias de auditorias das eleições em África e no mundo.
DW África: O CIP diz-se disponível a financiar o processo de auditoria independente e internacional do processo de recenseamento da província de Gaza. O que é que se pretende com isso?
Borges Nhamire(BN): Pretende-se apurar a origem da disparidade dos dados sobre o número total da população em idade eleitoral em Gaza. Como é do domínio público, dois órgãos(Instituto Nacional de Estatísticas – INE e a Comissão Nacional de Eleições – CNE)que realizaram o censo na província, um concluiu que até a data das eleições haverá cerca de 800 mil eleitores (dados do INE) e o outro veio dizer que haverá cerca de 1 milhão de eleitores, com uma diferença de mais de 300 mil votantes. Não estamos a dizer se uma ou outra entidade está errada.
Mas nunca foi esclarecido de onde vem esta diferença. É possível apurar auditando o recenseamento num processo que já aconteceu aqui em África, em países com caraterísticas sociais semelhantes as de Moçambique, como são os casos do Zimbabwe, Senegal, Nigéria, Gana etc..
Isso é um processo fácil. E realizando-se essa auditoria já se pode encontrar qual é a origem desta disparidade.
DW África: Tendo em conta que estamos a menos de dois meses para as eleições de 15 de outubro, ainda há tempo e espaço para esta auditoria que o CIP propõe?
BN: Sim. Nós pedimos propostas técnicas e financeiras de empresas internacionais com experiência nestas matérias. E para realizar a auditoria do recenseamento na província de Gaza é uma coisa que se faz em uma ou duas semanas, desde que a CNE disponibilize a base de dados do processo.
DW-África: O CIP acredita que a CNE estaria disponível a aceitar esta auditoria?
BN: Nós acreditamos que não há nenhum impedimento legal para que a base de dados não seja disponibilizada. Mas também é no sentido de transparência, porque o processo eleitoral deve ser transparente. Aliás, este é o lema não só de Moçambique, mas também de qualquer parte do mundo – as eleições devem ser livres, justas e transparentes.
Transparência é explicar as pessoas de onde é que vêem os resultados das eleições. Neste caso deve-se esclarecer de onde é que vêem os resultados do recenseamento eleitoral.
A lei diz que a documentação do recenseamento eleitoral deve ser depositada no arquivo histórico de Moçambique. O que significa que ela é pública. Então, não há nenhuma restrição de confidencialidade para o acesso a esta informação.
Se a CNE não disponibilizar os dados para a auditoria não o fará por desconhecimento da lei.
CIP oferece-se para financiar auditoria ao recenseamento eleitoral em Gaza
DW África: Qual é o custo total desta auditoria.
BN: Não o posso precisar agora. Mas a garantia que tenho é que todo o custo que for necessário para este processo o CIP está disponível a cobrir.
DW África: O CIP diz no seu comunicado de imprensa, que a DW África teve acesso, que fez uma investigação prévia em cinco distritos da província de Gaza, nomeadamente Xai-Xai, Manjacaze, Chókwé, Bilene e Macia. Que conclusão chegou?
BN: O que se constatou é que fala-se de cerca de 300 mil eleitores a mais. Mas este número está concentrado nestes distritos, por sinal municipalizados, onde houve recenseamento para as eleições autárquicas de 2018, e recenseamento para o escrutínio deste ano. É precisamente nestes distritos onde há a grande disparidade. A grande contribuição desta investigação é que não é necessário fazer uma auditoria ao recenseamento de todo o país. Só se vai concentrar na província de Gaza, particularmente nestes distritos, onde têm 300 mil eleitores a mais.
DW África: Que impacto estes 300 mil eleitores a mais têm numa eleição presidencial?
BN: Estes 300 mil eleitores representam cerca de 3 por cento de votos expressamente válidos que se esperam que venham destas eleições. Isso tem muito impacto, pode favorecer a uns numa votação que já sabemos que vence quem tiver maior número de votos.
Moçambique: Nampula irrequieta em tempo eleitoral
Desde 25 de setembro que as ruas de Nampula vivem a agitação política, ligada às eleições autárquicas. Festa e tentativas de agressão bloqueadas pela polícia, revelam o misto de emoções, a dois dias das eleições.
Foto: DW/S. Lutxeque
Ilícitos eleitorais: membros da RENAMO detidos e outros ilibados
As autoridades Policiais de Nampula registaram quatro ilícitos eleitorais, de acordo com Zacarias Nacute, porta-voz da corporação. Entre eles, o destaque vai para vandalização de materiais de propaganda e começo de campanha antes das horas previstas (no primeiro dia). Todos estes casos de ilícitos, incluindo detenções, foram protagonizados pelos membros da RENAMO contra a FRELIMO.
Foto: DW/S. Lutxeque
Presença policial
A Polícia da República de Moçambique tenta manter a segurança e calma, nas ruas de Nampula. As autoridades já foram obrigadas a intervir em tentativas de confrontos principalmente entre membros da FRELIMO e da RENAMO.
Foto: DW/S. Lutxeque
Vandalização de materiais preocupa os partidos
A vandalização de materiais eleitorais está a inquietar quase todos os oito partidos políticos e grupos de cidadãos eleitores. As acusações são mútuas. Há quem diga que esta medida visa enfraquecer-lhes no processo.
Foto: DW/S. Lutxeque
RENAMO quer ganhar para melhorar a cidade
O partido RENAMO, através do seu cabeça de lista, Paulo Vahanle, garantiu colocar a terceira maior cidade moçambicana na rota do desenvolvimento, promovendo a construção de mais infraestruturas socioeconómicas, água, luz, construção de estradas entre outras.‘‘ Mas para que tudo isso aconteça, depende do voto de todos os munícipes de Nampula’’, disse.
Foto: DW/S. Lutxeque
AMUSI promete limpar a cidade
O partido Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI) compromete-se, caso vença as eleições, fazer a cidade de Nampula a mais bela de Moçambique. Esta formação politica, de acordo com Mário Abino, o seu cabeça de lista, o seu governo poderá melhorar a higiene e salubridade da cidade e promover mais serviços, tais como: água, energia, estradas, entre outros.
Foto: DW/S. Lutxeque
RENAMO cola panfletos em local proibido
Os membros e simpatizantes do partido RENAMO, iniciaram a sua campanha eleitoral, colando panfletos em local de culto, sobretudo na igreja Monte Sião, onde outrora funcionou um cinema. Mas menos de 24 horas depois, os panfletos foram retirados.
Foto: DW/S. Lutxeque
Órgãos eleitorais pedem civismo aos políticos
O presidente da Comissão Provincial de Eleições, Daniel Ramos, exortou os partidos políticos e grupo de cidadãos, que concorrem às eleições de 10 de outubro, para que possam transformar este processo (campanha e dia de votação) numa verdadeira festa e que sejam ordeiros e civilizados. ‘‘Não vamos tolerar situações que possam manchar o processo’’, disse.
Foto: DW/S. Lutxeque
MDM vai acarinhar vendedores informais
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) diz que os vendedores terão quase todo o tipo de apoio na sua governação, caso recupere a cidade que perdeu nas eleições intercalares deste ano a favor da RENAMO, de acordo com Fernado Bismaque, cabeça de lista do MDM.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mais emprego para jovens
O Movimento Alternativo de Moçambique, um dos mais recentes partidos e que concorre pela primeira vez, promete criar mais postos de trabalho para os jovens da cidade do norte do país, caso vença as eleições autárquicas em Nampula
Foto: DW/S. Lutxeque
Jornalistas formados
Mais de 40 jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social, na província de Nampula, foram formados pelos órgãos de administração eleitoral em matéria da legislação eleitoral e código de conduta durante este período eleitoral. A medida visava preparar os profissionais de comunicação social para uma boa conduta na cobertura, evitando violar a lei.
Foto: DW/S. Lutxeque
PLDS quer vencer em homenagem a Amurane
O partido Liberal para o Desenvolvimento Sustentável (PLDS), que se autoproclama de Mahamudo Amurane, antigo edil assassinado por desconhecidos, em outubro do ano passado, diz que vai vencer as eleições em homenagem ao seu fundador. ‘‘Queremos concretizar os projetos de desenvolvimento que o nosso fundador almejava para os nampulenses’’, disse Aly Aberto, cabeça de lista do PLDS.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO garante governo inclusivo
Amisse Cololo, cabeça de lista da FRELIMO, assegura criar um governo municipal inclusivo, em que todos serão ‘‘presidentes’’ e terão palavra na sua governação. ‘‘Os munícipes sentir-se-ão bem governados. Isso é só possível com a FRELIMO, sublinhou.