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Ultraconservador Raisi vence presidenciais no Irão

Lusa | AFP | tm
19 de junho de 2021

O clérigo ultraconservador Ebrahim Raisi venceu as eleições presidenciais do Irão, segundo resultados oficiais parciais. Amnistia internacional pede que ele seja investigado por crimes contra a humanidade.

Iran Raisi gewinnt Präsidentschaftswahl
Ebrahim Raisi.Foto: ATTA KENARE/AFP

O clérigo Ebrahim Raisi, proclamado neste sábado (19.06) vencedor das eleições presidenciais de ontem no Irão, é um ultraconservador próximo do Guia supremo e responsável pelo poder judicial desde 2019 por decreto de Ali Khamenei.  

Em 2016, Khamenei designou Raisi para a chefia da fundação de caridade Imam Reza, que gere um vasto conglomerado de empresas e de dotações no Irão. Assumiu ainda as funções de administrador da importante fundação Astan Quds Razavi, que gere o mausoléu do imã xiita Reza em Mashad.  

O Guia supremo definiu Raisi, hoje com 60 anos, como uma pessoa "honesta e com larga experiência", destinado a combater a pobreza e a corrupção, suscitando a perspetiva de que poderia ser um possível sucessor ao próprio Khamenei. 

Origens

Proveniente de uma família religiosa em Mashad (nordeste do país), apresentou-se como candidato às presidenciais de 2017 e obteve 15 milhões de votos (38,5%), sendo o principal rival do atual Presidente Hassan Rohani, que foi na ocasião reeleito.  

O atual Presidente do Irão Hassan Rohani e o recém-eleito, Ebrahim Raisi, neste sábado (19.06).Foto: Iranian Presidency/AP Photo/picture alliance

Após o escrutínio, Khamenei designou o antigo professor de Direito para a liderança do poder judicial. Depois de entrar em funções, desencadeou uma campanha anticorrupção através da televisão, com impacto entre uma população confrontada com crescentes dificuldades económicas.  

A sua candidatura também fez reviver as controvérsias relacionadas com as execuções de milhares de pessoas em 1988, no final da guerra Irão-Iraque, um dos momentos mais negros da história pós-revolucionária do país e ainda não reconhecidas pelo Governo.  

Raisi participou na comissão que sentenciou os prisioneiros à morte, na generalidade acusados de cumplicidade com o regime iraquiano de Saddam Hussein durante um conflito que provocou no total perto de um milhão de mortos, mas ainda não comentou publicamente esta acusação.   

Amnistia Internacional

Por sua vez, neste sábado (19.06), mesmo dia em que Raisi foi declarado o Presidente eleito, a Amnistia Internacional (AI) defendeu que o clérigo ultraconservador deveria ser objeto de uma investigação por "crimes contra a humanidade" e "repressão brutal" dos direitos humanos.

A organização de direitos humanos acusou o mesmo de ser membro de uma "Comissão da Morte", que considera ser responsável pelos desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais em segredo, de milhares de pessoas. Os opositores ao regime terão sido detidos enquanto Raisi trabalhava como procurador-adjunto no Tribunal Revolucionário de Teerão, em 1988.

Questionado em 2018 e 2020 sobre essas execuções, o agora Presidente negou ter tido qualquer envolvimento, mas elogiou essa "ordem de purificação" dada, segundo ele, pelo aiatola Khomeini, fundador da República Islâmica do Irão. 

Segundo a AI, "o destino das vítimas e a localização dos corpos estão até hoje ocultados pelas autoridades iranianas, o que [também] corresponde a crimes contra a humanidade". 

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