Meia dúzia de clubes ingleses fazem questão de marcar presença nas grandes decisões do futebol no velho continente. A versão desportiva de uma plena integração europeia.
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Se Inglaterra é a pátria do futebol, os seus principais clubes assumem-se como "orgulhosamente europeus” esta temporada: dos 16 emblemas presentes nos quartos de final das duas competições da UEFA, seis disputam a Premier League e querem ressurgir em pleno na Europa do futebol.
Liverpoool e Manchester City lutam ombro a ombro pelo título inglês. Os dois colossos não olharam a meios financeiros para colocar à disposição de Jürgen Klopp e de Pep Guardiola jogadores de primeiro plano e condições ímpares, tal é a fome de sucesso. Mas a lógica das contratações e da construção de plantéis produz resultados também extra-muros.
Na Liga dos Campeões, só um segue em frente para as meias-finais (o Liverpool), mas o rival "doméstico” caiu às mãos de outro conjunto inglês, o Tottenham, que parece, finalmente, voltar aos tempos áureos da década de 60 do século passado.
Tottenham reencontra história com 56 anos
Os londrinos, regiamente orientados pelo argentino Mauricio Pochettino, não atingiam as meias-finais desde 1962/63, ano em que, na ante-câmara da final, foram afastados pelos portugueses do Benfica. O Tottenham vive um dos momentos mais importantes da sua história recente: um novo estádio, surgido das "cinzas" do velhinho White Hart Lane, foi inaugurado há menos de um mês, permitindo aos Spurs condições de exceção para continuarem, degrau a degrau, a subir aos patamares mais elevados do futebol inglês e europeu.
Habituados, na Premier League, a lutar pelos lugares de apuramento para as competições continentais, ei-los, pela magia do sul-coreano Heung-Min Son (que quase fez esquecer o lesionado Harry Kane), a aparecer em grande na Europa, assumindo com toda a lógica a candidatura a um lugar na final de Madrid.
Só o Manchester United ficou pelo caminho. É verdade que o City também, mas às mãos dos compatriotas do Tottenham. Portanto, apenas os "red devils" não prosseguem para as meias-finais em representação do futebol inglês. Porém, a equipa de Old Trafford foi eliminada pelo Barcelona, e, em boa verdade, após os afastamentos do Real Madrid e da Juventus, os catalães são, "apenas", os grandes favoritos à vitória final na competição. Mas fica o registo: quatro equipas inglesas em oito formações presentes nos quartos de final da Liga dos Campeões. Um ressurgimento em alta que faz de Inglaterra o país de referência nas competições da UEFA, esta temporada, até porque também na Liga Europa dois rivais de Londres querem seguir em frente.
Rivais londrinos querem ir mais longe na Liga Europa
Arsenal e Chelsea, separados por poucos quilómetros na geografia da capital inglesa, estão unidos no caminho para as meias-finais da segunda prova europeia de clubes. Os "gunners" medem forças esta noite, em Nápoles, com a equipa local, que venceram, no Emirates Stadium, no encontro da primeira "mão", por 2-0. E Unai Emery, que ganhou por três vezes a Liga Europa ao comando do Sevilha, conhece bem as particularidades da competição e os trunfos para chegar longe.
Quanto ao Chelsea, depois de ter batido os checos do Slavia, em Praga, por 1-0, tem uma tarefa ainda mais acessível, até porque atua em Stamford Bridge. Se é verdade que Maurizio Sarri é já um treinador contestado pelos resultados na Premier League (aquém do esperado por Abramovich e seus pares), na Europa tem conduzido os londrinos a patamares de excelência, que podem, de resto, ser trunfo suficiente para a sua manutenção no banco dos "blues" para a próxima temporada.
Liga dos Campeões: a certeza de uma final inédita
Quaisquer que sejam os desfechos dos jogos das meias-finais, o encontro decisivo da Liga dos Campeões será inédito. Com o Liverpool a medir forças com o Barcelona e o Ajax a ser adversário do Tottenham, há apenas quatro combinações possíveis para o grande espetáculo de 1 de junho, em Madrid: Liverpool-Ajax, Liverpool-Tottenham, Barcelona-Ajax ou Barcelona-Tottenham.
Qualquer destes encontros não tem registos históricos numa final. Mas qualquer deles vai, certamente, ficar registado como um jogo de primeira grandeza, tantos e tão bons têm sido os trunfos apresentados pelos dois conjuntos ingleses, pelos catalães e pelos holandeses no que já foi jogado da competição.
11 golos que ficaram para a história do futebol
Bicicletas. Escorpião. Calcanhar. Até com a mão! Eis alguns golos que imortalizaram jogadores no desporto-rei.
Foto: Reuters/M. Pinca
A "bicicleta" de Cristiano Ronaldo (2018)
"Foi o melhor golo da minha carreira". Palavras do autor desta obra de arte. Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo, 649 golos. Só faltava mesmo um golo acrobático de CR7. O Real Madrid foi até Turim, jogar a primeira mão dos "quartos" da Champions. A partida estava 0-1 a favor do Real (golo de Ronaldo) quando o português marcou este golo. E o estádio levantou-se e aplaudiu.
Foto: Reuters/M. Rossi
"Escorpião" (2017)
É o atual detentor do "Prémio Puskás". Olivier Giroud foi autor do melhor golo de 2017. O avançado francês, agora ao serviço do Chelsea, fez o melho golo da carreira, pela camisola do Arsenal. O gigante recebeu um cruzamento atrasado de Alexis Sanchez e, por isso, resolveu marcar de calcanhar, em mergulho, de frente para a baliza. Acaso ou propositado? Fica um golo mágico para a história recordar.
Foto: picture-alliance/empics/A. Davy
"Arco de Zizou" (2002)
Passados quase 16 anos, é para muitos, o melhor golo de sempre na história da Liga dos Campeões. A final da "Champions" em 2002, em Glasgow, recebeu o Real Madrid e o Bayer Leverkusen. A partida estava empatada, 1-1, quando pouco antes do intervalo, Zinédine Zidane fez um golo para a vida. Cruzamento do lendário, Roberto Carlos, bola a cair do céu, e saiu um disparo de "Zizou".
Foto: picture-alliance/dpa/N. Sipmson
"Chapelaço amarelo" (1997)
Lars Ricken foi uma das promessas do futebol alemão, na década de 90. Passou toda a carreira ao serviço do Borussia de Dortmund e esteve num dos momentos mais altos da história do clube alemão. Corria a final da Liga dos Campeões, em 1997, o Dortmund vencia a Juventus por 2-1, quando Ricken entrou e 16 segundos depois, fez um chapelaço ao mítico Peruzzi e selou a única "Champions" do Dortmund.
Foto: picture-alliance/dpa
"Mão de Deus" (1986)
Diego Armando Maradona é considerado um dos melhores da história do futebol mundial. Tal como este golo. Recuemos até ao Mundial de 1986. Argentina e a anfitriã, Inglaterra, disputaram os quartos-de-final da prova. Depois de um golo em que deixou metade da equipa inglesa para trás, Maradona subiu aos céus para marcar com o braço esquerdo. Um gesto que apenas "El Pibe" faria.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
"Calcanhar de Alá" (1987)
É um dos golos mais brilhantes da história do futebol mundial. Corria o ano de 1987, em Viena, Áustria. O FC Porto enfrentava o poderoso Bayern de Munique na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Entre as estrelas, surgiu um génio: Rabah Madjer. Os dragões perdiam, já na segunda parte, quando o argelino fez o impensável. Em vez de uma recarga normal, Madjer marcou de calcanhar.
Foto: picture-alliance/empics
"Golo do Século" (1977)
Foi num jogo particular entre a Alemanha e a Suíça que nasceu o "golo do século". Klaus Fischer, avançado que passou maior parte da carreira no Schalke 04, fez um golo de bandeira, que deixou a Alemanha, que estava separada pelo muro de Berlim, unida na hora de qualificar a grandeza do golo do jogador que alinhou pela RFA (República Federal Alemã).
Foto: Getty Images/AFP
"Penálti à Panenka" (1976)
Em 1976, jogava-se o Campeonato da Europa na antiga Jugoslávia. A Checoslováquia jogou a final frente à Républica Federal da Alemanha. A partida foi para penálties. No derradeiro pontapé, o checo Antonín Panenka picou levemente a bola para o meio da baliza. A Checoslováquia foi campeã da Europa e com ela nasceu o lendário e hoje reproduzido no futebol moderno "penálti à Panenka".
Foto: Imago
"Pantera Negra" (1966)
É uma das imagens que marcou o futebol mundial. Em 1966, Portugal foi eliminado do Campeonato do Mundo pela Inglaterra. Quem não mereceu foi Eusébio. Foi o melhor marcador da prova, com 9 golos. O avançado moçambicano, que jogou pelas cores de Portugal, é considerado um dos melhores de todos os tempos. 733 golos em 745 jogos. O primeiro "Bola de Ouro" do futebol português e africano.
Foto: Hulton Archive/Getty Images
"O Rei" (1958)
Para muitos, Pelé é o melhor jogador da história do futebol. Indiscutivel foram os 825 golos em toda a carreira. E golos como este. Final do Mundial de 1958, Brasil - Suécia. Pelé dominou de peito, fez um "cabrito" a um defesa e, de primeira, fez o golo. O Brasil venceu por 5-2 e ganhou o seu primeiro Mundial. Pelé tornou-se o mais jovem a conquistar um Mundial de futebol, com 17 anos.
Foto: picture-alliance/AP Photo
"Criador da bicicleta" (1950)
"Signor Rovesciata". Carlo Parola foi um defesa italino, que teve como apogeu a sua carreira na Juventus. Realizou mais de 300 jogos pela equipa de Turim. E foi num desses tantos jogos que Carlo Parola, em 1950, "inventou" o remate invertido, hoje conhecido como "pontapé de bicicleta". Esta novidade viria a tornar-se o logótipo da "Panini", fabricante de "cromos" do futebol mundial.