Comissão Nacional de Eleições (CNE) defendeu esta sexta-feira (07.09) um novo cronograma por causa da lei sobre a inalterabilidade dos cadernos eleitorais.
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Numa declaração à imprensa, a porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, Felisberta Vaz, disse que a CNE "debruçou-se detalhadamente sobre a problemática dos prazos previstos no (atual) cronograma e na sua inexequibilidade com relação ao período de inalterabilidade dos cadernos eleitorais, previsto na lei para 30 dias antes de eleições".
Segundo Felisberta Vaz "o secretariado-executivo da CNE decidiu informar a comunidade nacional e internacional e demais partes interessadas no processo eleitoral que urge necessidade de se elaborar um novo cronograma eleitoral, que será ajustado aos prazos".
A iniciativa da CNE vem um dia depois deste órgão ter apresentado publicamente o modelo de cartão de potenciais eleitores guineenses.
Compromisso de trabalhar com o Governo
Na declaração à imprensa, a CNE afirmou estar comprometida e determinada em colaborar com o Governo no processo eleitoral para encontrar soluções equilibradas visando "eleições livres, justas e transparentes". Por outro lado, a CNE voltou a lamentar que não estejam a ser disponibilizados os fundos necessários para fazer "face às despesas de correntes do processo eleitoral".
CNE da Guiné-Bissau defende novo cronograma eleitoral
No comunicado lido por Felisberta Vaz, a CNE aproveita para "esclarecer a opinião pública nacional e internacional que, no âmbito deste processo eleitoral em curso, até o presente momento, o Governo disponibilizou apenas sessenta milhões de francos cfa (cerca de 100 mil euros), que foram utilizados para aquisição de meios de locomoção destinados aos Delegados das Comissões Regionais de Eleições, pagamento de rendas atrasadas de arrendamento da antiga sede da Comissão Regional de Eleição de Bissau a que, igualmente, se junta a compra de alguns equipamentos".
Realização "tecnicamente inviável"
Observadores notam que esta chamada de atenção da CNE vem reforçar a posição assumida na quinta-feira (06.09) pelo Grupo das Organizações da Sociedade Civil para as Eleições da Guiné-Bissau que afirmou ser "tecnicamente inviável" que as legislativas se realizem a 18 de novembro no país sem violar a lei tendo também solicitado um novo cronograma eleitoral.Recorde-se, que o recenseamento eleitoral na Guiné-Bissau para as eleições legislativas, previstas para 18 de novembro, deveria ter iniciado a 23 de agosto, mas devido a atrasos na receção dos 'kits' biométricos o processo está na estaca zero, embora o primeiro-ministro guineense Aristides Gomes, tenha afirmado que os primeiros 'kits' para garantir o recenseamento eleitoral devem chegar até sexta-feira (07.09) a Bissau.
"Há sempre margens de erros, mas entre hoje e amanhã (quinta e sexta-feira) pensamos ter uma parte dos kits para começar a avançar", afirmou Aristides Gomes aos jornalistas, no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, na capital guineense, depois de ter regressado de Nova Iorque, onde participou numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, dedicada ao país.
Kits devem chegar nas próximas horas?
Segundo o primeiro-ministro guineense, cerca de 150 'kits' de registo biométrico "devem chegar rapidamente".
"Mas, nós agimos em diferentes planos no sentido de aumentar cada vez mais a nossa capacidade de recensear. É essa capacidade que irá aumentar o ritmo do recenseamento e que fará recuperar algum tempo perdido e talvez ganhar mais tempo", salientou.
Sumos, bolachas e até "bifes" para diversificar rendimento do caju
O caju é a principal fonte de rendimento dos produtores guineenses. A fim de estimular a economia, os produtores de Ingoré uniram-se na cooperativa Buwondena, onde produzem sumo, bolachas e até "bife" de caju.
Foto: Gilberto Fontes
O fruto da economia
Sendo um dos símbolos da Guiné-Bissau, o caju é a principal fonte de receita dos camponeses. A castanha de caju representa cerca de 90% das exportações do país. Este ano, foram exportadas 200 toneladas de castanha de caju, um encaixe de mais de 250 mil euros. A Índia é o principal comprador. O caju poderá trazer ainda mais riqueza ao país, se houver maior aposta no processamento local do produto.
Foto: Gilberto Fontes
Aposta no processamento
Em Ingoré, no norte da Guiné-Bissau, produtores de caju uniram-se na cooperativa Buwondena - juntamos, em dialeto local balanta - para apostar no processamento do caju. Antes, aproveitava-se apenas a castanha, desperdiçando o chamado pedúnculo, que representa cerca de 80% do fruto. Na cooperativa produzem-se agora vários produtos derivados do caju.
Foto: Gilberto Fontes
“Bife” de caju
Depois de devidamente preparado, o pedúnculo, que é a parte mais fibrosa do caju, pode ser cozinhado com cebola, alho e vários temperos. O resultado final é o chamado “bife” de caju.
A partir das fibras, produz-se também chá, mel, geleia, bolacha, entre outros. Ao desenvolverem novos produtos, os produtores diversificam a dieta e aumentam os seus rendimentos.
Foto: Gilberto Fontes
Néctar de caju
Depois de prensadas as fibras do caju, obtém-se um suco que é filtrado várias vezes, a fim de se produzir néctar e sumo. Com 50% desse suco e 50% de água com açúcar diluído, obtem-se o néctar de caju. Este ano, a cooperativa Buwondena produziu quase 400 litros desta bebida.
Foto: Gilberto Fontes
Sumo de caju
O sumo resulta da pasteurização do suco que foi filtrado do fruto, sem qualquer adicionante. Cada garrafa destas de 33cl de sumo de caju custa quase 0.40€. Ou seja, um litro de sumo pode render até 1.20€. O que é bem mais rentável que vinho de caju, produzido vulgarmente na Guiné-Bissau, que custa apenas 0.15€ o litro. Em 2016, foram produzidos na cooperativa quase 600 litros de sumo de caju.
Foto: Gilberto Fontes
Mel de caju
Clode N'dafa é um dos principais especialistas de transformação de fruta da cooperativa. Sabe de cor todas as receitas da cooperativa e só ele faz alguns produtos, como o mel. Mas devido à falta de recipientes, este produziu-se pouco mel de caju. Desde que se começou a dedicar ao processamento de fruta, Clode N'dafa conseguiu aumentar os seus rendimentos e melhorar a vida da sua família.
Foto: Gilberto Fontes
Castanha de caju
Este continua a ser o produto mais vendido pela cooperativa. O processamento passa por várias etapas: seleção das melhores castanhas, que depois vão a cozer, passam à secagem, ao corte e vão à estufa. As castanhas partidas são aproveitadas para a produção de bolacha de caju. Este ano, a cooperativa conseguiu fixar preço da castanha de caju em 1€ o quilo, protegendo os rendimentos dos produtores.
Foto: Gilberto Fontes
Potencial para aumentar produção
A maior parte dos produtos são vendidos localmente, mas alguns são comercializados também em Bissau e exportados para o Senegal. A produção decorre sobretudo entre os meses de março e junho, período da campanha do caju. No pico de produção, chegam a trabalhar cerca de 60 pessoas. Se a cooperativa conseguisse uma arca frigorífica para armazenar o caju, continuaria a produção depois da campanha.
Foto: Gilberto Fontes
Aposta no empreendedorismo
A cooperativa Buwondena aposta na formação a nível de empreendedorismo, para que os produtores possam aumentar o potencial do seu negócio. A cooperativa pretende criar uma caixa de poupança e crédito. O objetivo é que, através de juros, os produtores possam rentabilizar as suas poupanças e apostar noutros negócios.
Foto: Gilberto Fontes
É urgente reordenar as plantações
A plantação de cajueiros é outra das preocupações da cooperativa: uma plantação organizada, com ventilação é fundamental para aumentar a rentabilidade.
Devido ao peso do sector do caju na economia da Guiné-Bissau, todos os anos são destruídos entre 30 e 80 mil hectares de floresta para a plantação de cajueiros. Especialistas defendem uma reordenação urgente das plantações.