1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Coligação que apoiou Presidente vence legislativas no Senegal

5 de julho de 2012

A Comissão Eleitoral Nacional publicou, na quarta-feira (04.07), os resultados das eleições legislativas. A coligação Benno Bokk Yakaar obteve a maioria absoluta. E os analistas perspetivam uma nova Assembleia Nacional.

Coligação que apoiou Presidente vence legislativas no Senegal
Coligação que apoiou Presidente vence legislativas no SenegalFoto: Reuters

A aliança Benno Bokk Yakaar (em português, unidos para uma mesma esperança) já tinha apoiado o atual chefe de Estado, Macky Sall, na sua corrida à presidência (na primeira volta a 26 de fevereiro e na segunda volta a 25 de março).

Nas eleições legislativas de 1 de julho, a mesma aliança conseguiu 119 dos 150 lugares do parlamento senegalês, fazendo com que o domínio que se verificou no escrutínio presidencial se estenda agora a uma maioria absoluta na Assembleia Nacional do Senegal.

O Partido Democrático Senegalês (PDS, na oposição), do ex-presidente Abdoulaye Wade, que dominava a Assembleia cessante, obteve apenas 12 lugares, seguido de uma coligação de dissidentes do PDS com quatro lugares. Os pequenos partidos partilham os restantes 15 assentos parlamentares.

Deve-se, contudo, sublinhar que a Aliança pela República (APR), o partido do presidente Macky Sall, não é dominante no seio da aliança Benno Bokk Yakaar. Aliás, Mame Lasse Camara, jornalista e analista político, em entrevista à DW África, já prevê a realização de um diálogo interno entre as diferentes formações que compõem a coligação: “Para cada lei vai haver negociações no seio do que já se convencionou chamar de «uma maioria plural» e isso vai forçar o executivo a atuar com muita prudência para que alguns dos seus projetos de lei não sejam rejeitados”.

Recorde-se que, durante a campanha das eleições legislativas, praticamente todos os candidatos desta coligação centraram os seus discursos numa Assembleia de rutura, composta por deputados do povo e não por deputados do Presidente.

O parlamento senegalês terá maioria dos assentos sob domínio da coligação Benno Bokk YakaarFoto: cc-by-saBernard bill5

Por isso, Mame Less Camara destaca: “Vamos ter uma Assembleia Nacional mais deliberativa onde vamos debater mais e discutir, porque as pessoas se sentem menos ligadas ao Presidente que no passado. [Creio] que a Assembleia Nacional se transforme numa instância deliberativa, ou seja, que todas as decisões serão os resultados de debates e de discussões. Se for essa a vontade, os deputados poderão então mudar as coisas e, efetivamente, instalar uma Assembleia Nacional de rutura."

Surpresa dos partidos pouco convencionais

O facto marcante destas legislativas foi o posicionamento das coligações oriundas da sociedade civil e dos partidos religiosos. Eram quatro na corrida eleitoral e conseguiram melhores resultados do que alguns partidos considerados "clássicos".

Macky Sall, presidente do SenegalFoto: AP

Vários observadores notam que esta vitória da coligação Benno Bokk Yakaar vai permitir ao Presidente Macky Sall, de 50 anos de idade, eleito a 26 de março, começar com as reformas económicas prometidas com vista à diminuição do desemprego e à redução do custo de vida para os mais necessitados. No Senegal, as estatísticas sobre o emprego não são fiáveis, mas os postos de trabalho definitivos são raros, as infraestruturas rodoviárias são deficientes e os serviços sociais fracos.

Para além da exportação do fosfato, a economia senegalesa baseia-se essencialmente na agricultura, na pesca e, em menor escala, no turismo.

A campanha eleitoral para as legislativas de domingo desenrolou-se sem grandes incidentes, contrariamente à da primeira volta do escrutínio presidencial, de 28 de fevereiro, marcada por vários atos de violência e por protestos contra a candidatura de Abdoulaye Wade, que, na altura, fizeram, pelo menos, seis mortos e 150 feridos.

Autores: Babou Diallo/António Rocha
Edição: Glória Sousa/Madalena Sampaio

05.07.12 Senegal - Eleições-Resultados - MP3-Mono

This browser does not support the audio element.

Abdoulaye Wade, ex-Presidente do Senegal, durante as eleições legislativas de 1 de julho de 2012Foto: picture-alliance/dpa
Saltar a secção Mais sobre este tema