Alemanha já apoia a segurança alimentar em Moçambique desde o final de 2016, mas garantiu um reforço de quase três milhões de euros para 2018. População castigada pela seca será maior beneficiada.
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As necessidades alimentares de pelo menos 85 mil moçambicanos serão garantidas em 2018 com a ajuda da Alemanha. O Governo alemão vai reforçar com 2,6 milhões de euros um apoio que já mantém a Moçambique desde o final de 2016, através do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM), com recursos que totalizam 13 milhões de euros.
"O objetivo desta nova contribuição é continuar a apoiar as populações mais vulneráveis para a melhoria da situação de segurança alimentar e, a médio prazo, reforçar a capacidade de resiliência das comunidades face aos eventos climáticos extremos", disse o Embaixador da Alemanha em Moçambique, Detlev Wolter.
Ainda segundo o embaixador, a ajuda adicional visa também reduzir o índice de absentismo em escolas por parte de alunos e professores. "Providenciar refeições aos alunos aumenta os índices de matrículas, aumenta a frequência e reduz o abandono escolar", ressaltou.
Do total de 85.500 pessoas que devem ser beneficiadas com o apoio adicional em 2018, cerca de 55.500 devem receber assistência alimentar para participar em projectos de construção e restauração de bens sociais nas suas próprias comunidades. Outros 30 mil serão abrangidos pelo PAM nas localidades mais afetadas pela seca no sul de Moçambique.
Apoio reduz efeitos da secaA representante e diretora nacional do PAM, Karin Manente, afirmou que a colaboração alemã vai assegurar as refeições escolares para os estudantes durante todo o ano letivo de 2018, nas áreas atendidas pelo programa.
"Esta contribuição servirá de apoio às comunidades vulneráveis a serem mais resilientes a longo prazo, enquanto elas recuperam seus meios de vida depois da seca do ano passado e face ao período de escassez que se aproxima. Manter as crianças nas escolas também é uma prioridade para as comunidades. As crianças podem concentrar-se e aprender melhor quando suas necessidades energéticas são supridas", disse Manente.
A Alemanha já colaborou com mais de 2 mil milhões de euros para o trabalho da PAM em todo o mundo, só nos últimos cinco anos. Mais recentemente, o país doou 8 milhões de dólares para o combate à fome no Sudão do Sul, beneficiando pelo menos 180 mil pessoas castigadas pelos conflitos naquela região.
África luta contra as alterações climáticas
Nenhum continente sofrerá mais com as alterações climáticas do que África. Mas os países afetados não vão ficar à espera de braços cruzados: criaram as suas próprias iniciativas para combater as consequências.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Bothma
África luta contra as alterações climáticas
Os países industrializados são os principais responsáveis pela produção de gases de efeito de estufa, que contribuem para as alterações climáticas. Mas as principais vítimas estão no hemisfério sul. Enquanto África sofre com a seca, as tempestades, a erosão e a desertificação, os africanos estão a lançar iniciativas para combater as alterações climáticas.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Bothma
20 milhões em fuga das alterações climáticas em África?
Na Beira, em Moçambique, os efeitos já se fazem sentir. O nível das águas do mar está a subir e as inundações destroem bairros inteiros. Segundo a Greenpeace, todos os anos fogem das consequências das alterações climáticas mais do dobro das pessoas que fogem da guerra e da violência. Especialistas estimam que haverá cerca de 20 milhões de "refugiados do clima" africanos dentro de uma década.
Foto: DW/A. Sebastiao
Desafiar a força do mar
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), o nível do mar deverá subir de 40 a 80 centímetros até 2100. Mas a Beira quer proteger-se das inundações e, para isso, construíram-se novos canais e cancelas: quando a maré sobe, a cancela fecha-se para proteger a parte baixa da cidade. Em caso de chuvas fortes, a cancela abre-se e auxilia na drenagem da água.
Foto: DW/J. Beck
A "Grande Muralha Verde"
As areias do deserto do Saara continuam a avançar para sul, destruindo os terrenos agrícolas da África Subsaariana. Onze países estão a tentar travar a desertificação com um "muro" de floresta com 7,750 km de comprimento e 15 km de largura. As raízes das árvores estabilizam e ventilam o solo, permitindo a absorção de água. O projeto também significa novos meios de subsistência para os habitantes.
Foto: Getty Images/AFP/F. Senna
Prevenir a erosão
Cada vez mais agricultores deixam de poder trabalhar os seus campos por causa da erosão e da desertificação. Com um sistema de irrigação especial, Souna Moussa, do Níger, torna o seu solo fértil novamente. A técnica tem vários séculos, mas foi totalmente esquecida. Os especialistas também recomendam o cultivo de culturas mais tradicionais, que se adaptam melhor às terras.
Foto: DW/K. Tiassou
Energia hidroelétrica em vez de carvão
Muitos governos africanos apostam na água para garantir o fornecimento de energia nos seus países e estão a ser construídas novas infraestruturas. A energia hidroelétrica é amiga do ambiente, mas alguns projetos são controversos: por vezes, destroem-se vastas áreas de floresta e deslocam-se comunidades inteiras para abrir espaço para a construção de barragens.
Foto: Getty Images/AFP
Energia limpa para África
Até 2030, a eletricidade chegará a todo o continente africano. Este ambicioso objetivo foi estabelecido por 55 chefes de Estado e de Governo africanos na Conferência do Clima de Paris, em 2015. A Iniciativa para as Energias Renováveis em África pretende alimentar a rede elétrica africana com 300 gigawatts de eletricidade limpa por ano. Parques eólicos como este, na Etiópia, são apenas o começo.
Foto: Getty Images/AFP/J. Vaughn
Autossuficiência
Cada vez mais pessoas em África geram a sua própria energia - e não dependem mais da rede elétrica pública ou de geradores. A queda do preço da energia solar torna a eletricidade renovável mais acessível, seja no fornecimento de energia a hospitais e escolas com painéis solares ou na iluminação de casas com pequenas lâmpadas alimentadas por energia solar.
Foto: Solar4Charity
Garrafas de plástico em vez de tijolos
Em África, a reciclagem não conquistou apenas o mundo da moda: já chegou ao setor da construção. Na Nigéria, constroem-se casas com garrafas de plástico usadas que, de outro modo, seriam deitadas fora, contribuindo para o aumento da poluição. Estima-se que, a cada minuto, seja comprado um milhão de garrafas de plástico em todo o mundo.
Foto: DARE
A jovem heroína do ambiente da Tanzânia
Gertrude Clement, de 16 anos, está empenhada na proteção do ambiente. Uma vez por semana, a adolescente da Tanzânia apresenta um programa ambiental na sua estação de rádio local. "Espero que os meus ouvintes estejam a fazer alguma coisa para mudar a situação - para proteger o ambiente e manter a nossa água limpa", disse à DW. Na foto, Gertrude fala na Assembleia Geral da ONU, em abril de 2016.
Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS/N. Siesel
Procuram-se especialistas do clima
Para que África consiga enfrentar as alterações climáticas, é preciso entender melhor os seus efeitos a nível local e regional. O Centro Científico para as Alterações Climáticas da África Austral, criado por Angola, Namíbia, Botsuana, África do Sul, Zâmbia e Alemanha está a trabalhar para isso. A organização quer reduzir o impacto das alterações climáticas na agricultura e nos recursos hídricos.