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Combate ao ébola: investir em enfermeiros estrangeiros ou na formação local?

Marc Dugge / Cristiane Vieira Teixeira3 de novembro de 2014

A Cruz Vermelha Alemã está a formar voluntários para combater o ébola na África Ocidental. Mas há quem pergunte se não seria melhor investir esse dinheiro na capacitação dos sistemas de saúde locais.

Foto: Cellou Binani/AFP/Getty Images

A coordenadora de emergência da "Médicos Sem Fronteiras" na Guiné-Conacri, Claudia Evers, descreve um cenário desolador. Até agora, mais de 1018 pessoas morreram infetadas com ébola num total de 1667 casos diagnosticados, segundo as autoridades de saúde.

"A situação na Guiné continua a ser catastrófica", diz Evers. "Há algumas semanas, o número de casos de ébola voltou a crescer e o número de camas ainda é extremamente limitado quando comparado com o número de casos."

De acordo com a responsável da "Médicos Sem Fronteiras", precisa-se com urgência de profissionais de saúde qualificados do exterior. Sobretudo médicos e enfermeiros. Mas não há muitas pessoas a oferecer-se como voluntários.

Mais de 13 mil pessoas foram infetadas com o vírus do ébola, a maioria na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, segundo OMSFoto: picture-alliance/Xinhua/Offered by Chinese Medical Experts Team

Debate

Não é o caso de Heiner Fricke, uma das pessoas que se prontificaram para ajudar. Apesar do alto risco de contaminação pelo vírus, o paramédico ajudou a construir uma estação de isolamento na Libéria vestindo a camisola da organização de ajuda "ISAR Alemanha". Ele confirma a necessidade de mais médicos, mas não apoia a ideia de enviar enfermeiros alemães para a África Ocidental. Além de demorado, o destacamento poderia sair caro. Até 15 mil euros por enfermeiro.

"Com esse dinheiro pode-se enviar formadores para treinar as pessoas lá", afirma Fricke. "O que eles aprenderem, levariam para fora, para a sua aldeia, para a sua família. A longo prazo, haveria uma melhoria do sistema de saúde."

Hannes Stegemann, especialista da Cáritas Internacional para a África Ocidental, concorda com esta posição. O dinheiro seria decisivo: "É uma contradição, se um agente funerário e voluntários entram em greve na Libéria, porque não foram pagos, querermos enviar voluntários sob enormes custos e riscos."

Para Stegemann, o principal objetivo agora é apostar nas campanhas de sensibilização para evitar mais pessoas infetadas, o que funciona melhor com pessoal local.

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Da discussão para a prática

Enquanto na Alemanha se discute sobre como motivar mais pessoas a serem voluntárias, na África trabalha-se com pragmatismo.

Recentemente, Nkosazana Dlamini-Zuma, presidente da Comissão da União Africana apelou ao envio de mais pessoas para ajudar a combater o ébola. "Decidimos que o nosso grande foco deve ser a mobilização de recursos humanos, porque os outros parceiros internacionais estão empenhados nas infraestruturas", disse Dlamini-Zuma. "Comprometemo-nos a enviar mais de mil pessoas e esperamos que eles possam vir assim que as condições o permitam."

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