A situação é mais grave em Chimoio, Manica, mas falta combustível também em Sofala, Zambézia e Tete. Mas a Imopetro anunciou, segunda-feira (06.02), que o fornecimento de combustível está normalizado.
Publicidade
Segundo um comunicado da Importadora Moçambicana de Petróleos (Imopetro) distribuído à imprensa "o abastecimento da gasolina está a normalizar-se na zona centro com a descarga do produto na Beira [província de Sofala], no passado dia 4 de fevereiro, e para a zona norte do país, a situação será normalizada" a partir desta terça-feira (07.02), com a descarga de gasolina prevista no porto de Nacala.
Desde finais de janeiro, as províncias de Maputo, Sofala e Nampula, principalmente, têm sido afetadas pela escassez de combustível, problema que se faz sentir ainda em Tete e na Zambézia. O Governo justifica a situação com "problemas logísticos no transporte", após várias especulações associando o problema à falta de fundos.
Ainda esta segunda-feira (06.02), longas filas de automóveis podiam ser vistas na única bomba que em Chimoio, capital da província de Manica, tinha ainda algum combustível. Os proprietários de transportes públicos, motorizadas e táxis, tiveram que suspender todas as deslocações, que provocaram um grande caos na região.
Numa ronda feita pela reportagem da DW África às bombas de combustíveis, constatou-se que algumas gasolineiras deixaram de funcionar há quase duas semanas e, até ao momento, não se sabe quando irão retomar as suas atividades.
As "nossas atividades estão paradas e é dessa forma que temos de sobreviver", lamentou Ezequiel Joaquim, automobilista de moto-táxi que não consegue continuar a exercer a sua profissão devido à falta de combustível.
"A falta de combustível está a afetar muita gente. Alguns carros aqui na praça não têm combustível", acrescentou Vitoriano Raúl. O automobilista disse que vê diariamente camiões a circular na Estrada Nacional 6 transportando combustíveis, mas desconhece o destino final do carregamento.
Solução à vista?
Alguns automobilistas são obrigados a deslocar-se aos distritos vizinhos de Vanduzi e Gondola, onde as bombas têm ainda alguma gasolina para vender.
No entanto, alguns cidadãos têm optado por ir comprar combustível a outros pontos e revendem a preços muito elevados.
O diretor dos Recursos Minerais e Energia na província de Manica reconhece o problema. "Enfrentamos ainda alguns problemas na logística da gasolina", afirmou João de Lima. "As informações que tenho indicam que esperamos receber alguns carregamentos de gasolina especificamente", acrescenta o diretor provincial dos Recursos Minerais e Energia que espera ver o problema minimizado nos próximos dias.
07.02 Falta de combustível - MP3-Mono
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Centenas de moçambicanos marcharam no dia 18 de junho de 2016 em Maputo contra a situação política e económica do país. A manifestação foi convocada pela sociedade civil para exigir esclarecimentos ao Governo.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
Pela Avenida Eduardo Mondlane rumo à Praça da Independência
"Pelo direito à esperança" foi o mote da manifestação que reuniu centenas de pessoas no centro de Maputo, no sábado dia 18 de junho de 2016. Os manifestantes exigem o fim do conflito político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o esclarecimento da dívida pública e mais liberdade de expressão.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
"A intolerância política mata a democracia"
Em entrevista à DW África, Nzira de Deus, do Fórum Mulher, uma das organizações envolvidas, afirma que a liberdade dos moçambicanos tem sido muito limitada nos últimos meses. "É preciso deixar de intimidar as pessoas, deixarem as pessoas se expressarem de maneira diferente, porque eu acho que é isso que constrói o país. Não pode haver ameaças, não pode haver atentados", diz Nzira.
Foto: DW/L. Matias
De preto ou branco, manifestantes pedem paz
Com camisolas pretas e brancas e cartazes com mensagens de protesto, centenas de moçambicanos mostram o seu repúdio à guerra entre o Governo e a RENAMO, às dívidas ocultas e às valas comuns descobertas no centro do país. Num percurso de mais de dois quilómetros, entoaram cânticos pela liberdade e pela transparência.
Foto: DW/L. Matias
"Valas comuns são vergonha nacional"
Recentemente, foram descobertas valas comuns na zona central de Moçambique. Uma comissão parlamentar enviada ao local para averiguações nega a sua existência. Alguns dos corpos encontrados foram sepultados sem ter sido feita uma autópsia, o que dificulta o conhecimento das causas das suas mortes.
Foto: DW/L. Matias
"É necessário haver um diálogo político honesto e sincero"
Nzira de Deus considera que a crise política que Moçambique enfrenta prejudica a situação do país e defende que “haja um diálogo político honesto e sincero e que se digam quais são as questões que estão em causa". Para além da questão da dívida e da crise política, os manifestantes estão preocupados com as liberdades de expressão e imprensa.
Foto: DW/L. Matias
Ameaças não vão amedrontar o povo
No manifesto distribuído ao público e lido na estátua de Samora Machel, na Praça da Independência, as organizações da sociedade civil exigiram à Procuradoria-Geral da República uma auditoria forense à dívida pública. "Nós queremos que o ex-Presidente [Armando Guebuza] e o seu Governo respondam por estas dívidas", declarou Alice Mabota, acrescentando que as ameaças não vão "amedrontar o povo".
Foto: DW/L. Matias
Sociedade Civil presente
A manifestação foi convocada por onze organizações da sociedade civil moçambicana. Entre as ONGs que organizaram a marcha encontram-se a Liga dos Direitos Humanos (LDH), o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), o Observatório do Meio Rural, o Fórum Mulher e a Rede HOPEM.