Moçambique: Começa julgamento de ex-PCA da Segurança Social
Leonel Matias (Maputo)
12 de dezembro de 2019
Antigo Pesidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Francisco Mazoio, e outros dois réus são acusados de envolvimento num caso de corrupção.
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Os três arguidos foram ouvidos no primeiro dia do julgamento, esta quinta-feira (12.12). No banco dos réus estão o ex-Presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Francisco Mazoio, o ex-diretor-geral daquela instituição responsável pela gestão das pensões dos contribuintes, Baptista Machaieie, e o antigo diretor-geral da empresa CR Aviation, Miguel Ângelo Curado Ribeiro.
Segundo a acusação, as duas instituições celebraram um memorando de entendimento para a compra de quatro aeronaves que não foi submetido à fiscalização do Tribunal Administrativo, para além de que a CR Aviation não apresentou um plano de amortização dos 84 milhões de meticais (cerca de um 1,2 milhões de euros) envolvidos neste investimento.
O Ministério Público observa ainda que o INSS só poderia rubricar um acordo do género com uma instituição do Estado ou que estivesse cotada na bolsa de valores, o que não é o caso da CR Aviation.
Francisco Mazoio e Baptista Machaieie são indiciados da prática dos crimes de abuso de cargo ou função, simulação e peculato, enquanto Miguel Ângelo é acusado dos crimes de simulação e peculato.
Moçambique: Começa julgamento de ex-PCA da Segurança Social
Defesa: Julgamento devia ser noutro local
Para o advogado de defesa Elísio de Sousa, o que se está a verificar neste julgamento é que não há nenhum elemento que possa indiciar o seu constituinte Miguel Ângelo. E "tudo o que está a ser dito aqui demonstra claramente que a ação foi feita dentro âmbito do direito empresarial", afirma de Sousa.
"Mesmo o INSS, quando contratou com a CR Aviation, foi dentro do direito privado e não do direito público. Logo, em princípio, não deviam ser pessoas a ser julgadas aqui. É um caso que devia ser tratado no Tribunal Administrativo ou num tribunal comum civil para poder eventualmente haver recuperação de valores. Porque o que está em causa na verdade, e nós estamos solidários a isso, é a preocupação do INSS na recuperação dos valores perdidos."
A audição de provas realizada esta quinta-feira prolongou-se por cerca de sete horas, tendo sido ouvidos apenas os três réus. A audição dos declarantes e testemunhas ficou agendada para a próxima terça-feira (17.12).
Os réus defenderam-se, afirmando que o memorando de entendimento tinha como objetivo diversificar a carteira de investimentos do INSS. Por outro lado, o documento não teria sido submetido à fiscalização do Tribunal Administrativo por não se mostrar necessário, dada a natureza do negócio. A defesa indicou ainda que o projeto avançou sem que a empresa CR Aviation estivesse na bolsa de valores por uma questão de oportunidade e ainda porque havia segurança e liquidez no negócio.
Comentando a audiência desta quinta-feira, Inácio Matsinhe, advogado do antigo Presidente do Conselho de Administração do INSS, afirmou apenas que "foi boa".
"Infelizmente, não posso comentar sobre o conteúdo porque a lei não me permite. Mas, como vocês viram, o tribunal deu espaço para se fazer um julgamento muito pacífico, deixou os réus à vontade, deixou todos os intervenientes processuais à vontade. Portanto, não há razões de queixa, correu tudo bem", disse.
De lojas a escritórios: As várias utilidades dos contentores em Maputo
Os contentores em Maputo, Moçambique, têm várias funcionalidades, para além do transporte de mercadorias. Muitos comerciantes e instituições adaptam estes equipamentos para escritórios, lojas e até serviços públicos.
Foto: DW/R. Silva
Contentor adaptado
Os serralheiros são os artistas que preparam este tipo de contentores, também conhecidos como contentores marítimos. Este já tem uma pequena janela e na parte traseira uma porta. E como pode-se ver a base foi feita com betão.
Foto: DW/R. Silva
Contentores no porto de Maputo
Os contentores marítimos, sobrepostos num estaleiro, servem para arrumar material. Estes são os que já não reúnem requisitos para transportar cargas e são adquiridos no porto de Maputo. Não se sabe ao certo, mas os nigerianos foram os primeiros a fazer comércio com uso de contentores.
Foto: DW/R. Silva
Material dos contentores
Este é um tipo de contentor com um material diferente dos outros. Este, de forma particular, serve para serviços de receção numa instituição estatal na capital Maputo. Aliás, estes contentores são os mais vistos no centro da cidade.
Foto: DW/R. Silva
Escritórios do STAE
Este contentor serve para escritório nas instalações do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), na cidade de Maputo. Apenas houve acréscimos como a colocação de grades e uma base suspensa.
Foto: DW/R. Silva
Vantagem para comerciantes
O negócio com o uso de contentores na cidade de Maputo ganhou muitos comerciantes. São seguros e podem ser movimentados, o que agrada principalmente os comerciantes que se encontram em locais informais e suscetíveis de serem removidos pelas autoridades.
Foto: DW/R. Silva
Mais segurança
Os proprietários de bares viram nos contentores um material seguro e duro devido à sua espessura que impede assaltos. Neste contentor o proprietário adaptou também uma cobertura para criar uma sombra para os seus clientes.
Foto: DW/R. Silva
Mercearias
Os proprietários que não têm dinheiro para comprar um contentor, mandam fazer num serralheiro e o resultado é o que se pode ver. Basta comprarem chapas metálicas e varões, o serralheiro faz os acabamentos finais.
Foto: DW/R. Silva
Comércio informal
É comum nos mercados informais da capital ver-se uma fila de contentores que vendem diversos produtos. No mercado da Praça dos Combatentes, vulgo Xiqueleni, são vários os contentores desde os marítimos até os que são feitos pelos serralheiros.
Foto: DW/R. Silva
Serviços médicos
Este contentor está num centro de saúde estatal e funciona como gabinete de consultas médicas. Quando o centro de saúde cresceu e as necessidades também cresceram foram alocados estes contentores para tal efeito.
Foto: DW/R. Silva
Bancos e ATM
Os bancos também encontram nos contentores uma forma de facilitar o seu trabalho. Este contentor serve também para levantamentos em caixas automáticas, vulgos ATM.
Foto: DW/R. Silva
Estação de serviço
Os contentores marítimos são igualmente adaptados para este tipo de trabalho. E caso os donos da estação de serviço sejam removidos do local, facilmente poderão transportar este equipamento para um outro ponto.
Foto: DW/R. Silva
Reciclagem
A multinacional holandesa Heineken instalou recentemente estes contentores na praia da Costa do Sol para a recolha e reciclagem de garrafas de vidro. A base é feita a partir de tambores metálicos e tem uma pequena varanda.