Comissão Eleitoral do Quénia pondera nova data para eleições
James Shimanyula | AFP | Reuters | tm
19 de setembro de 2017
Afinal, 17 de outubro poderá não ser a nova data das presidenciais no Quénia. A empresa francesa que fornece o sistema eletrónico diz que não estará pronta até lá. A própria comissão lembra que há muito por fazer.
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A menos de um mês da realização da nova eleição presidencial, reagendada para 17 de outubro, a comissão eleitoral do país (IEBC) considera que a data pode ser alterada. A OT-Morpho, a empresa francesa de segurança digital e identificação biométrica que forneceu equipamentos para a votação eletrónica, anunciou que a reinstalação dos sistemas não estará pronta a tempo.
A reinstalação "representa muito trabalho, que não pode ser assegurado até 17 de outubro", lê-se numa carta da empresa citada pelas agências de notícias.
A IEBC destaca ainda que 41.883 postos de votação em todo o Quénia exigirão 42 mil equipamentos com novos cartões. Além disso, nos casos de emergência, poderá haver necessidade de equipamentos de reserva.
Comissão Eleitoral do Quénia pondera nova data para eleições
Novas eleições a 26 ou 28 de outubro?
Segundo a Comissão Eleitoral, há agora uma grande possibilidade de as presidenciais serem mudadas de 17 para 26 ou 28 de outubro. Mesmo assim, deverá ser mantido o prazo de 60 dias estipulado pelo Supremo Tribunal para realizar o novo escrutínio após a invalidação da eleição anterior devido à existência de "ilegalidades e irregularidades".
A empresa francesa de segurança digital OT-Morpho afirmou, porém, na segunda-feira (18.09) que, ao fazer uma auditoria interna não encontrou sinais de manipulação de dados nos seus sistemas, apesar das críticas da oposição.
O líder da oposição, Raila Odinga afirmou recentemente que não participará em novas eleições se não houver mudanças na comissão eleitoral.
"Não importa o que façamos - não teremos eleições livres, justas e credíveis. Já sabemos que eles preparam tudo para fazer o mesmo - roubar as eleições. Eles fazem isso com a colaboração de diretores ligados à comissão eleitoral", denunciou Odinga.
Política e controvérsia nas eleições do Quénia
A campanha eleitoral no Quénia acaba de se tornar ainda mais complicada do que já era com a formação da Super Aliança Nacional (National Super Alliance – NASA), que almeja derrotar o partido no Governo.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
NASA tenta derrotar o partido no poder
A aliança da oposição, NASA, nomeou o ex-primeiro ministro Raila Odinga candidato à presidência. Trata-se, com grande probabilidade, da última tentativa de Odinga, um opositor veterano de 72 anos, de ser eleito Presidente, após três candidaturas falhadas. A NASA esforçou-se por nomear um candidato passível de angariar votos dos principais grupos étnicos.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
A recruta de novos membros de áreas chave
A NASA quer derrotar o Presidente em exercício, Uhuru Kenyatta, que concorre pela segunda e última vez pela sua formação política, Jubilee Party. Recentemente, a aliança ganhou um novo co-presidente na pessoa do governador de Bomet, Isaac Ruto. O dirigente do sudoeste do país garante à NASA o apoio do Vale de Rift, a maior província do país.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Eleições no décimo aniversário de violência política
As eleições gerais quenianas realizam-se em 18 de agosto de 2017. Este ano, cerca de 19 milhões de quenianos recensearam-se para votar, embora ainda decorra um inquérito para eliminar da lista os eleitores entretanto falecidos. As eleições realizam-se dez anos após um sufrágio que desencadeou uma onda de violência, que resultou em mais de mil mortos e centenas de milhares de deslocados.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Número inesperado de eleitores
O número elevado de eleitores que se apresentou nas mesas de voto para eleger o candidato à presidência do partido governamental, obrigou ao adiamento do voto. O Jubilee Party não estava preparado para tantos eleitores, e teve que providenciar mais boletins de votos, antes de continuar a votação poucos dias mais tarde.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Violência eleitoral
As eleições deste ano para os governos e parlamentos regionais já foram marcadas pela violência. Dezenas de pessoas foram feridas no início do mês de Maio em Nairobi na central do partido de oposição Movimento Laranja Democrático, quando apoiantes de um candidato ao senado atacaram os adeptos da candidata desta formação política.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Alegações de fraude
Já há alegações de fraude. O líder da oposição, Raila Odinga, afirmou que o seu cartão de identidade foi usado para recensear outras pessoas. Em 2013, o equipamento electrónico para a contagem de votos falhou, alimentando suspeitas de fraude eleitoral. Em janeiro, o Presidente Kenyatta aprovou uma lei que impõe um recurso à contagem manual de votos caso o equipamento electrónico não funcione.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
O problema das etnias
No Quénia, o voto geralmente é determinado pela etnia. O critério para as alianças políticas é a capacidade de angariar votos dos cinco principais grupos étnicos do país. Kenyatta e o seu vice, William Ruto, formaram uma aliança entre dois grupos étnicos: a maioria kikuyu, da qual origina o Presidente, e os kalenjin de Ruto. Estas duas etnias protagonizaram os confrontos violentos de 2007.