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Comissão permanente do Parlamento desafia alertas de Sissoco

Djariatú Baldé
20 de setembro de 2024

A arrepio dos avisos do Presidente da Guiné-Bissau, a comissão permanente da Assembleia debateu a situação do Supremo Tribunal de Justiça. Mais: instou Embaló a fixar a data das eleições presidenciais ainda este ano.

Domingos Simões Pereira, presidente da Assembleia Nacional Popular (esq.) e Umaro Sissoco Embaló, chefe de Estado da Guiné-Bissau
Simões Pereira assegura que a sua intenção não é "ursurpar competências" de Sissoco EmbalóFoto: DW/B. Darame

A reunião extraordinária da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular decorreu nas instalações do hemiciclo guineense sem qualquer interferência.

A caducidade dos órgãos da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e a chefia do Supremo Tribunal de Justiça estiveram em debate, apesar do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, ter ameaçado demitir o líder do Parlamento, se o tema do Supremo fosse abordado.

"A assembleia não tem competências para falar de outro órgão de soberania", avisou o chefe de Estado na quinta-feira (19.09). "O Supremo Tribunal de Justiça é o maior órgão de justiça que temos. Não podemos embarcar numa dinâmica de subversão. Se isto acontecer, haverá consequências e a comissão permanente não voltará a reunir nunca mais", insistiu.

Sissoco Embaló sublinhou que o único com competências constitucionais para analisar o regular funcionamento das instituições é o Presidente da República.

Além dos avisos de Sissoco, o pedido de uma data

Mas não é esse o entendimento do presidente da Assembleia Nacional Popular. Domingos Simões Pereira garantiu esta sexta-feira que não há qualquer intenção de "usurpar competências"; a intenção seria apenas repor a "normalidade no Supremo Tribunal de Justiça".

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"Todos nós, os deputados da nação constituintes da comissão permanente, queremos ser peças de uma ponte para falar com outras instâncias do poder na Guiné-Bissau, nomeadamente outros órgãos da soberania", notou Simões Pereira, salientando a necessidade de produzir "os consensos necessários para que haja uma solução que tranquilize o povo guineense."

Nas deliberações finais da reunião da Comissão Permanente foi decidido criar uma comissão com a participação de membros dos partidos com representação parlamentar para encontrar soluções que reponham o pleno funcionamento do poder judicial, além de criar uma comissão para a eleição de novos membros da CNE.

A Comissão Permanente do Parlamento instou ainda o Presidente guineense a fixar a data das próximas eleições presidenciais ainda no decurso de 2024. 

"Cada um deve trabalhar onde está"

Abdu Mané, do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), disse hoje que a Constituição demonstra claramente que a Comissão Permanente pode reunir e pronunciar-se sobre as questões fundamentais do país.

"O MADEM votou favoravelmente essas deliberações. Se a Assembleia legisla, pode também falar sobre estas questões", referiu Mané.

Presidente guineense não se recandidata a segundo mandato

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Em representação da bancada parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS), Mário Fambé disse que a comissão fez apenas o seu trabalho e convidou o Presidente da República a fazer o mesmo.

"Viemos responder a convocatória da comissão permanente. Cado um deve trabalhar onde está", frisou Fambé.

O Presidente guineense viajou hoje para os Estados Unidos para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas.

A Guiné-Bissau tem eleições legislativas antecipadas marcadas para 24 de novembro, e o Presidente da República completa cinco anos de mandato em 27 de fevereiro de 2025.

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