Pelo menos três soldados somalis morreram em Mogadíscio ao intercetar um carro-bomba. Ataque foi reivindicado por grupo radical Al-Shabaab.
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O carro foi descoberto, esta quarta-feira (17.05.), pelas forças de segurança em Mogadíscio, mas pelo menos três soldados morreram ao tentar desativar a bomba que estava na viatura.
"É muito triste que três elementos do corpo de segurança tenham sido vítimas de uma explosão enquanto cumpriam o seu dever para tentar salvar a vida dos somalis. Eles eliminaram o condutor do carro e tentavam desativar a bomba", afirmou o comandante da polícia, Yusuf Madale.
O grupo radical Al-Shabaab, com ligações à rede terrorista Al Qaeda, reivindicou a autoria do ataque. Desde que perdeu o controlo sobre vastas áreas do território para a missão da União Africana (AMISOM) e principalmente depois do Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed ter anunciado uma nova ofensiva, a milícia somali leva a cabo ataques frequentes na capital e noutras regiões controladas pelo Governo.
Como combater a violência na Somália?
"Mais seriedade"
Apesar dos problemas de segurança na Somália, a analista Laura Hammond acredita que tem havido melhorias nos últimos tempos, em particular com a nova administração do país. Mas é preciso mais seriedade, diz.
"Não é necessária uma abordagem inteiramente nova, mas um compromisso sério em cumprir com as promessas feitas", comenta a especialista da Escola de Estudos Orientais e Africanos em Londres. "Até agora tivemos um esquema de segurança em que vários clãs e líderes regionais, através das suas próprias milícias, trabalharam em prol de interesses militares nacionais, mas não havia uma estrutura de comando para um exército nacional. Penso que é nisso que vão tentar trabalhar agora."
Na Conferência de Londres sobre a Somália, na semana passada, a comunidade internacional chegou a um compromisso sobre uma nova abordagem comum. Na altura, foi alcançado um acordo para reforçar a segurança, lutar contra a fome e relançar a economia somali.
Crise humanitária
A abordagem teve o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que se reuniu, esta quarta-feira, para debater a situação no país.
O Conselho de Segurança alertou para a deterioração da crise humanitária, que se agrava mais rapidamente do que a capacidade de resposta. A crise afeta mais de seis milhões de pessoas, incluindo mulheres e crianças, das quais apenas três milhões conseguiram ter acesso a comida.
Laura Hammond diz que é necessário mais empenho das autoridades. "O Governo somali comprometeu-se a abrir uma rede de estradas com urgência, o que é muito importante neste contexto", lembra a especialista.
As Nações Unidas dizem também que é necessário que haja um maior investimento do Governo no setor agrícola, que há 30 anos produzia o dobro do que produz atualmente.
Missões de paz da ONU em África
Os capacetes azuis da Organização das Nações Unidas têm intervido em vários países africanos. A MONUSCO, missão de paz da ONU na República Democrática do Congo, é a maior e mais cara de todas. Mas há várias.
Foto: picture-alliance/AA/S. Mohamed
RD Congo: a maior missão da ONU
Desde 1999, que a Organização das Nações Unidas (ONU) tenta pacificar a região oriental da República Democrática do Congo (RDC). A missão conhecida como MONUSCO conta com cerca de 20 mil soldados e um orçamento anual de 1,4 mil milhões de euros. Ainda que esta seja a maior e mais cara missão da ONU, a violência no país persiste.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Darfur: impotente contra a violência
A UNAMID é uma missão conjunta da União Africana e da ONU na região de Darfur, no Sudão, considerada por alguns observadores um fracasso. “O Conselho de Segurança da ONU deve trabalhar mais arduamente para encontrar soluções políticas, em vez de gastar dinheiro no desdobramento militar a longo prazo”, afirmou o especialista em segurança, Thierry Vircoulon.
Foto: picture-alliance/dpa/A. G. Farran
Sul do Sudão: fechar os olhos ao conflito?
A guerra civil no Sul do Sudão já fez com que, desde 2013, mais de quatro milhões de pessoas abandonassem as suas casas. Alguns estão abrigadas em campos de ajuda da ONU. Mas, quando os confrontos entre as forças do Governo e os rebeldes começaram na capital Juba, em julho de 2016, os capacetes azuis não foram bem sucedidos na intervenção.
Foto: Getty Images/A.G.Farran
Mali: mais perigosa missão da ONU no mundo
As forças de paz da ONU no Mali têm estado a monitorizar o cumprimento do acordo de paz realizado entre o Governo e a aliança dos rebeldes liderada pelos tuaregues. No entanto, grupos terroristas como o AQMI continuam a levar a cabo ataques terroristas que fazem com que a Missão da ONU no Mali (MINUSA) seja uma das mais perigosas do mundo. A Alemanha cedeu mais de 700 militares e helicópteros.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
RCA: abusos sexuais fazem manchetes
A missão da ONU na República Centro-Africana (MINUSCA) não ajudou a melhorar a imagem das Nações Unidas no continente africano. As tropas francesas foram acusadas de abusar sexualmente de crianças pela campanha Código Azul. Três anos depois, as vitimas não têm ajuda da ONU. Desde 2014, 10 mill soldados e 1800 polícias foram destacados para o país. A violência diminuiu, mas a tensão mantém-se.
Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images
Saara Ocidental: Esperança numa paz duradoura
A missão da ONU no Saara Ocidental, conhecida por MINURSO, está ativa desde 1991. Cabe à MINURSO controlar o conflito existente entre Marrocos e a Frente Polisário que defende a independência do Saara Ocidental. Em 2016, Marrocos, que ocupa este território desde 1976, dispensou 84 funcionários da MINURSO após um discurso do secretário-geral da ONU que o país não aprovou.
Foto: Getty Images/AFP/A. Senna
Costa do Marfim: um final pacífico
A missão da ONU na Costa do Marfim cumpriu o seu objetivo a 30 de junho de 2016, após 14 anos. As tropas têm vindo a ser retiradas, gradualmente, o que, para o ex secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, significa “um ponto de viragem das Nações Unidas na Costa do Marfim”. No entanto, apenas depois da retirada total das forças e a longo prazo é que se saberá se a missão foi ou não bem sucedida.
Foto: Getty Images/AFP/I. Sanogo
Libéria: missão cumprida
A intervenção da ONU na Libéria chegou ao fim. Desde o fim da guerra civil, que durou 14 anos, que a Missão da ONU na Libéria (UNMIL) tem assegurado a estabilidade na Libéria e ajudado a construir um Estado funcional. O Governo do país quer agora garantir a segurança da Libéria. O país ainda está a lutar com as consequências de uma devastadora epidemia do Ébola que o assolou.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Sudão: Etiópia é promotora da paz?
Os soldados da Força de Segurança Interina da ONU para Abyei (UNISFA) patrulham esta região, rica em petróleo, e que, tanto o Sudão, como o Sudão do Sul, consideram ser sua. Mais de quatro mil capacetes azuis da Etiópia estão no terreno. A Etiópia é o segundo maior contribuinte para a manutenção da paz no mundo. No entanto, o seu exército é acusado de violações de direitos humanos no seu país.
Foto: Getty Images/AFP/A. G. Farran
Somália: Modelo futuro da União Africana?
As forças de paz da ONU na Somália estão a lutar sob a liderança da União Africana numa missão conhecida como AMISOM. Os soldados estão no país africano para combater os islamitas al-Shabaab e trazer estabilidade ao país devastado pela guerra. Etiópia, Burundi, Djibouti, Quénia, Uganda, Serra Leoa, Gana e Nigéria contribuem com as com suas tropas para a AMISOM.