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Como melhorar o setor da saúde na Guiné-Bissau?

Iancuba Dansó (Bissau)
9 de fevereiro de 2023

População queixa-se do atendimento nos hospitais do país. Analista ouvido pela DW considera situação "preocupante" e diz que Governo deve ser "mais sensível à saúde pública". Ministro da Saúde assume falhas.

Foto: DW/I. Dansó

Os indicadores sobre a saúde na Guiné-Bissau mantêm-se desfavoráveis a todos os níveis.

Dados dos Inquéritos aos Indicadores Múltiplos (MICS) de 2018 e 2019 indicam que o país é um dos piores do espaço lusófono em relação à taxa de mortalidade neonatal, registando 38,2 mortos para cada mil nados vivos. A estes números juntam-se as péssimas condições dos hospitais e centros de saúde, bem como a falta de profissionais e de equipamento.

Guineenses queixam-se do atendimento nos hospitais do paísFoto: DW/B. Darame

"O reflexo da desestruturação do próprio Estado e da administração pública não permitem que as estruturas sanitárias estejam em condições de fazer um bom atendimento", lamenta um utente em declarações à DW África.

Outro cidadão conta que, "quando os utentes chegam ao hospital, às vezes, encontram um monte de pessoas à espera de um médico".

Risco de colapso

Em 2020, um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alertou que o sistema de saúde na Guiné-Bissau corria o risco de colapsar com a pandemia da Covid-19. 

Saúde pública na Guiné-Bissau degradou-se com a pandemia da Covid-19Foto: I. Dansó/DW

Na segunda-feira (06.02), na abertura do Fórum Nacional sobre os Cuidados Primários, em Bissau, o ministro da Saúde Pública, Dionísio Cumba, reconheceu a situação precária.

"O guião do nosso sistema, que é o Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário, de 2018, aponta que mais de metade da nossa população não tem acesso ao serviço de saúde numa distância de percurso de uma hora. E a tendência foi agravada com o surgimento da pandemia da Covid-19", afirmou.

Cortes na saúde

Apesar das dificuldades, o Governo despediu, em 2022, mais de mil técnicos de saúde sob o pretexto de querer estancar o aumento da despesa pública

O sociólogo Ivanildo Bodjam considera que a situação é preocupante e que o Governo deve ser "muito mais sensível à saúde pública".

O setor da saúde "deverá contemplar uma política pública versada à promoção de qualidade, desde a formação dos técnicos de saúde aos equipamentos", diz. Para além disso, acrescenta Ivanildo Bodjam, o país precisa de "reforçar as capacidades dos agentes da saúde comunitária", para que as pessoas saibam que comportamentos adotar em termos de cuidados básicos de saúde.

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