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PolíticaAlemanha

Como será a nova política alemã para a África Ocidental?

Isaac Kaledzi | Sella Oneko | rl
30 de agosto de 2021

Nenhuma outra região africana teve tanta atenção do Governo de Angela Merkel como a África Ocidental. É provável que o novo Governo alemão continue com as mesmas posições em relação à região.

Kanzlerin Merkel in Afrika Mali
Merkel e o ex-Presidente Ibrahim Boubacar Keita no Mali, em 2016Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

Numa visita recente ao país, o presidente do Níger, Mohamed Bazoum, definia a Alemanha como "um dos principais atores no campo da segurança” na região do Sahel. Mas continuará esta a ser uma prioridade do próximo governo alemão?

A recente aprovação no Parlamento do envio de tropas para o Mali parece apontar nesse sentido. No entanto, a ameaça na região continua a intensificar-se com os contínuos relatos de ataques terroristas no Burkina Faso, de conflitos entre criadores de gado e agricultores no Mali, e ataques a aldeias no Níger.

Neste momento, quase mil soldados alemães integram a missão de treino da União Europeia no Mali e a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para Estabilização do Mali (MINUSMA) - que não foi, até à data, capaz de deter a violência no país. 

"Apesar do empenho do governo alemão em aumentar a sua presença militar no Sahel - algo que era impensável há alguns anos atrás - o país ainda não está pronto para se envolver em operações militares que são perigosas para os seus soldados", explica Nadia Adam, que trabalha no Instituto de Estudos de Segurança em Bamako.

Merkel econtra Presidente Mohamed Bazou no Níger, em 2021Foto: Presse- und Kommunikationsdienst der Präsidentschaft von Niger

Migração

Outra questão que deverá continuar a ocupar o futuro Governo Federal da Alemanha é a migração proveniente dos países desta região de África. Neste campo, o papel de Berlim tem passado por financiar os países no encerramento das fronteiras.

Por exemplo, no Níger, o Governo Federal está a financiar, entre outras coisas, a criação de uma unidade de guarda fronteiriça com 6 milhões de euros. 

No entanto, em entrevista à DW, Stephan Adaawen, especialista em migração do Gana, frisa que o Governo de Angela Merkel não cumpriu uma promessa fundamental: a de facilitar, por vias legais, a entrada de migrantes na Alemanha. Segundo este especialista, são muitos os jovens que, dada a falta de oportunidades nos seus países, gostariam de estudar ou trabalhar temporariamente no país.

Um destes jovens, Elikplim Awuku, espera que o próximo-chanceler da Alemanha não seja um candidato de extrema direita ou alguém muito conservador. "Espero que seja alguém que tenha consciência humanitária para que possa abordar adequadamente as questões relacionadas com imigrantes", explica.

Merkel e líderes dos paíse do G5, do SahelFoto: Reuters/A. Mimault

Cooperação com África

Ainda há espaço para melhorias na cooperação económica. Em 2017, o Governo alemão mudou de postura, passou a atrair mais investimento privado para África. Para isso, entre outras medidas, lançou a iniciativa do Pacto com África, do qual sete países da África Ocidental estão a participar.

O projeto prevê que os países africanos comprometem-se a tornar-se mais atraentes para os investidores. A Alemanha e outros parceiros, por sua vez, recrutam investidores. No entanto, a Alemanha tem comparativamente pouca presença.

"Outros países desempenham um papel muito mais importante. A influência da Alemanha em África é desproporcional ao seu poder económico", diz o jovem ganês Awuku.

O seu compatriota Benjamin Yamoah concorda: "Precisamos de mais presença alemã em África. Especialmente na área da formação profissional. A Alemanha é muito boa nisso, e se nos puder dar algum do seu conhecimento, isso irá ajudar muito o desenvolvimento de África".

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