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SociedadeFrança

Como travar a onda de tumultos em França?

bd | com agências
3 de julho de 2023

Autoridades francesas desdobram-se em reuniões de emergência em busca de soluções para acabar com protestos desencadeados pela morte de Nahel Merzouk, de 17 anos, alvejado pela polícia em Nanterre, subúrbios de Paris.

Rua bloqueada em Bordéus, no sudoeste de França, palco de tumultos após a morte de um jovem de 17 anos por um agente da polícia
Foto: Philippe Lopez/AFP/Getty Images

O Presidente francês, Emmanuel Macron, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, e sete ministros do Governo reuniram-se no domingo (02.07) à noite de emergência para fazer um "ponto da situação" e uma "atualização da situação", informaram fontes do Eliseu, a Presidência francesa.

Horas antes desta reunião, o Governo francês tinha anunciado de novo a mobilização de 45.000 agentes policiais para lidar com os protestos que decorrem no país há cinco noites consecutivas. 

Nesta segunda-feira, Macron deverá reunir-se com os presidentes do Senado (câmara alta do parlamento francês), Gérard Larcher, e da Assembleia Nacional (câmara baixa), Yaël Braun-Pivet. Já na terça-feira, o chefe de Estado francês irá receber no Eliseu cerca de duas centenas de autarcas dos municípios afetados pelos tumultos dos últimos dias.

A avó do jovem morto, identificada pela imprensa francesa como Nádia, apelou aos manifestantes que parem com os distúrbios, após cinco noites de tumultos.

Confrontos com a polícia em Paris, na noite passada, após a morte do jovem Nahel MerzoukFoto: Firas Abdullah/AA/picture alliance

"Parem com isso"

"Culpo o agente da polícia que matou o meu neto, é só com isso que estou revoltada. Nós temos a polícia e ainda bem que temos a polícia. E às pessoas que estão a partir coisas,  digo-lhes: Parem com isso. Estão a usar o nome de Nahel como pretexto para destruir o país! Quero que tudo isto acabe. Não destruam as escolas, não destruam os autocarros", pediu a avó de Nahel Merzouk.

O Governo francês pediu para que se evitem generalizações sobre a polícia francesa e garantiu que, em caso de abuso, a justiça irá investigar. Pelo menos 718 pessoas foram detidas e 45 polícias ficaram feridos na quinta noite consecutiva de distúrbios em França.

Vincent Jeanbrun, presidente da Câmara Municipal de L'Haÿ-les-Roses, nos arredores de Paris, denunciou "uma tentativa de assassínio indescritível e cobarde" contra a sua família por parte dos manifestantes que terão atirado um veículo incendiado contra a sua residência. A esposa e os filhos ficaram feridos.

"Estamos exaustos, tristes, estamos chateados, estamos assustados e, ao mesmo tempo, estamos de cabeça erguida. A minha esposa e os meus filhos ficaram extremamente chocados. A minha mulher deu tudo para salvar os nossos filhos e, ao fazê-lo, teve um ato de coragem extraordinário", disse Jeanbrun.

Vincent Jeanbrun, presidente da Câmara Municipal de L'Haÿ-les-RosesFoto: Yves Herman/REUTERS

Autarquias manifestam-se

Em reação, as autarquias francesas manifestam-se contra o atentado que visou o Vincent Jeanbrun, considerado o incidente mais grave registado nas cinco noites de tumultos em França.

O presidente da Associação dos Autarcas de França (AMF), David Lisnard, convocou para esta segunda-feira (03.07) uma manifestação em frente das câmaras municipais de todo o país.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, manifestou-se preocupado com a continuação dos tumultos em França, que já levaram ao cancelamento da visita de Estado do Presidente francês, Emmanuel Macron, à Alemanha, que deveria iniciar-se no domingo (02.07).

"Temos laços de amizade com a França e somos uma dupla para garantir que a União Europeia, tão importante para o nosso futuro, funcione bem, e é por isso que observamos com preocupação o que se passa e espero que o Presidente francês encontre formas de garantir que esta situação melhore rapidamente", concluiu.

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