Este domingo (10.09), a comunidade Hindu mobilizou uma manifestação na cidade de Inhambane, no sul de Moçambique. Dezenas de pessoas marcharam pedindo a paz efectiva no país.
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Os manifestantes percorreram as avenidas e ruas da capital da terra de boa gente, com dísticos e cartazes apelando à paz permanete para todos os moçambicanos.
O porta-voz da comunidade hindu na cidade, Harendra Anantilal, disse que o objetivo desta marcha é mostrar aos políticos que a paz não tem cor, religião ou etnia.
"A Paz é necessária para o desenvolvimento, não só da província de Inhambane ou Moçambique, mas sim para todo o mundo. Nas nossas orações, sempre pedimos a paz. Por isso, pedimos que o Presidente de Moçambique [Filipe Nyusi] e o líder da renamo [Afonso Dhlakama] devolvam a paz ecfetiva. Não queremos mais a guerra", disse.
Harendra Anantilal recordou o conflito vivido nos últimos dois anos de tensão político-militar que retardou o país, no qual muitos moçambicanos foram mortos e muitas famílias abandonaram as suas residências.
"A nossa economia estava indo muito bem. Mas, de repente, começamos a registar uma queda, não só para nossos negócios, mas também para a economia dos país", avaliou.
"Veja só, nesses meses que vivemos em trégua ou paz temporária, as coisas estão a melhor para a sociedade. Por isso, as pessoas hoje em dia já circulam com tranquilidade. Isso é um bom sinal para o desenvolvimento da nossa província e também do país. O dialogo é mais fundamental para resolver diferendos", defendeu.
Paz e desenvolvimento
O presidente do Conselho Municipal de Inhambane, Benedito Guimino, esteve presente na marcha e agradeceu a iniciativa. Guimino disse que este é mais um grito de socorro que deve ser ouvido por ambas partes e afirmou que sem a paz não há desenvolvimento.
"Todos nós sabemos que é só com a paz que podemos desenvolver as zonas onde vivemos. É com a paz que podemos construir mais escolas, centros de saúde, mercados, estradas e melhorar as condições de vida para todos. Mas sem a paz, nada será feito", considerou.
Pascoa Costa, estudante universitária em Inhambane, disse à DW África porque decidiu se juntar na marcha para ajudar a pedir a paz efectiva.
"Todos nós queremos a paz. Eu, para chegar na minha terra natal, levava uma semana - porque tinha que suportar longas filas de escolta militar - tudo isso por causa do conflito entre a FRELIMO e a RENAMO", explicou.
"Pedimos aos dois presidentes para nos dar uma paz efectiva e não seguir o exemplo da década 90, onde vimos, anos depois, as armas voltaram a soar. Afinal, cada Presidente que entra deve negociar com Dhakama ou com a RENAMO? Porque não resolvem a diferença para sempre, de modo que nós vivamos em paz?", questionou.
João Macamo, outro participante, também aproveitou para deixar o seu apelo.
"Queremos a paz duradoura e não temporária. Se a situação não for bem resolvida, daqui a dois anos, depois das eleições, podemos voltar a registar mais conflitos armados e isso retarda o desenvolvimento. Muitas famílias ainda continuam de luto por perderem seus parentes nos ataques entre a FRELIMO e a RENAMO", lamentou.
Importa referir que esta é a primeira marcha organizada pela comunidade hindu em Inhambane, depois da trégua nesse ano em curso.
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Centenas de moçambicanos marcharam no dia 18 de junho de 2016 em Maputo contra a situação política e económica do país. A manifestação foi convocada pela sociedade civil para exigir esclarecimentos ao Governo.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
Pela Avenida Eduardo Mondlane rumo à Praça da Independência
"Pelo direito à esperança" foi o mote da manifestação que reuniu centenas de pessoas no centro de Maputo, no sábado dia 18 de junho de 2016. Os manifestantes exigem o fim do conflito político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o esclarecimento da dívida pública e mais liberdade de expressão.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
"A intolerância política mata a democracia"
Em entrevista à DW África, Nzira de Deus, do Fórum Mulher, uma das organizações envolvidas, afirma que a liberdade dos moçambicanos tem sido muito limitada nos últimos meses. "É preciso deixar de intimidar as pessoas, deixarem as pessoas se expressarem de maneira diferente, porque eu acho que é isso que constrói o país. Não pode haver ameaças, não pode haver atentados", diz Nzira.
Foto: DW/L. Matias
De preto ou branco, manifestantes pedem paz
Com camisolas pretas e brancas e cartazes com mensagens de protesto, centenas de moçambicanos mostram o seu repúdio à guerra entre o Governo e a RENAMO, às dívidas ocultas e às valas comuns descobertas no centro do país. Num percurso de mais de dois quilómetros, entoaram cânticos pela liberdade e pela transparência.
Foto: DW/L. Matias
"Valas comuns são vergonha nacional"
Recentemente, foram descobertas valas comuns na zona central de Moçambique. Uma comissão parlamentar enviada ao local para averiguações nega a sua existência. Alguns dos corpos encontrados foram sepultados sem ter sido feita uma autópsia, o que dificulta o conhecimento das causas das suas mortes.
Foto: DW/L. Matias
"É necessário haver um diálogo político honesto e sincero"
Nzira de Deus considera que a crise política que Moçambique enfrenta prejudica a situação do país e defende que “haja um diálogo político honesto e sincero e que se digam quais são as questões que estão em causa". Para além da questão da dívida e da crise política, os manifestantes estão preocupados com as liberdades de expressão e imprensa.
Foto: DW/L. Matias
Ameaças não vão amedrontar o povo
No manifesto distribuído ao público e lido na estátua de Samora Machel, na Praça da Independência, as organizações da sociedade civil exigiram à Procuradoria-Geral da República uma auditoria forense à dívida pública. "Nós queremos que o ex-Presidente [Armando Guebuza] e o seu Governo respondam por estas dívidas", declarou Alice Mabota, acrescentando que as ameaças não vão "amedrontar o povo".
Foto: DW/L. Matias
Sociedade Civil presente
A manifestação foi convocada por onze organizações da sociedade civil moçambicana. Entre as ONGs que organizaram a marcha encontram-se a Liga dos Direitos Humanos (LDH), o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), o Observatório do Meio Rural, o Fórum Mulher e a Rede HOPEM.