Comunidade internacional foi "passiva" na RDC
20 de fevereiro de 2012 Especialistas reuniram-se em Londres dois meses e meio após o pleito para discutir sobre o futuro do segundo maior país africano e um dos mais pobres do mundo. O painel, que reuniu acadêmicos, jornalistas e ativistas pelos direitos humanos, foi unânime em criticar a comunidade internacional pelo resultado eleitoral do passado dia 28 de Novembro, que deu o segundo mandato a Joseph Kabila e ficou marcado por violência e falhas na organização.
"A comunidade internacional não fez diferença e hoje o que vemos é um país instável e enfraquecido", diz Kris Berwouts, especialista belga em assuntos da África Central. Segundo ele, para se ter um impacto no Congo é necessário equilibrar apoio financeiro e pressão política, "pois é preciso vigiar a governação, os direitos humanos e a democracia."
Motivações econômicas
Para os comentaristas, existem agora duas possibilidades para o Congo: ou Kabila fica no poder e manipula tanto o parlamento quanto os parceiros internacionais, ou fica no poder, mas sob a pressão da oposição e da sociedade.
Na opinião de Eric Joyce, líder do grupo parlamentar britânico da região dos grandes lagos africanos, a comunidade internacional escolheu a primeira opção por motivos econômicos. "O mais triste é que Congo tem um grande potencial na riqueza das minas, mas os lucros não chegam ao povo. Falei com muitos empresários que se afastam do Congo por causa da corrupção. E, no entanto, estão desesperados por fazer negócio de forma aberta, pagar impostos e dizer ao mundo o que é extraído das minas."
Transparência é chaveJoyce defende que é preciso haver controle e transparência para garantir que os lucros do negócio chegam ao povo congolês e fazer com que as empresas vejam o Congo como uma oportunidade para investimento.
Ele lembra também que, há alguns anos, os países vizinhos do Congo Democrático não respeitavam as regras para explorar as minas da região, mesmo que isso significasse invadir território vizinho. Hoje em dia, explica o especialista, esses países têm outra consciência.
"Falei com alguns políticos e diplomatas angolanos e acho que eles, tal como ruandeses e ugandeses, reconhecem a importância de negociar com o Congo de forma transparente, e isso é muito bom sinal", destaca Joyce.
Autora: Débora Miranda (Londres)
Edição: Francis França /Helena Ferro de Gouveia