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Comunidades do Niassa recusam participar no censo

Manuel David (Lichinga)
15 de agosto de 2017

O recenseamento geral da população termina esta terça-feira em Moçambique. Na província do Niassa, cidadãos recusam-se a participar no censo enquanto o Governo não responder a reivindicações.

Foto: DW/G. Sousa

Esta terça-feira (15.08) é o último dia do censo geral. Nas duas últimas semanas, as equipas do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Moçambique recolheram informações sobre a idade, estado civil, profissão e educação dos cidadãos. Mas o processo ficou marcado por problemas do início ao fim.

Na cidade de Lichinga, na província nortenha do Niassa, os recenseadores ameçaram não entregar os dados do censo caso não recebessem os seus subsídios. Além deles, várias comunidades também rejeitaram participar no recenseamento, alegando que o Governo não satisfaz as suas necessidades básicas.

"De facto, alguns estão a recusar recensear-se. Não por nossa vontade", afirma Clementino Araújo, morador do bairro N'nangala, no município de Lichinga. "Estamos a passar por um momento crítico. A nossa exigência é segurança e energia elétrica."

Bairro de N'nangala: Moradores reivindicam serviços públicosFoto: DW/M.David

Promessas não cumpridas

No bairro de N'nangala moram quatro mil habitantes. Pelo menos metade já respondeu às perguntas das equipas do INE, disse à DW África a chefe do bairro. Matilde Tárieque diz que a fúria dos populares é fruto de promessas não cumpridas.

"A população reclama sempre da energia e o Governo diz sempre que nos vai dar. Da última vez que houve um encontro com o presidente do Conselho Municipal, ele disse que o bairro de N'nangala iria ter energia neste ou no próximo ano", relatou.

Também no distrito fronteiriço de Mandimba, na província do Niassa, houve problemas com o recenseamento. Comunidades de origem malawiana recusaram-se a participar no questionário, alegando que não são de nacionalidade moçambicana.

Comunidades do Niassa recusam participar no censo

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Recensear-se é uma obrigação

O delegado do INE no Niassa, Bartolomeu Daúdo, está a par da situação em Mandimba. No entanto, diz desconhecer os problemas registados em Lichinga. "Tenho recenseadores, controladores e supervisores lá e ninguém me disse que se estão a negar [participar no censo]".

Daúdo considera que a resistência por parte da população é "normal" e acredita que "as pessoas negam [a sua participação], porque vêem [o censo] como um assunto que não lhes interessa".

O INE já lembrou que a lei é clara: independentemente da origem, o recenseamento é uma obrigação para quem vive em Moçambique.

Até à semana passada, a província do Niassa já tinha recenseado mais de um milhão de habitantes. Em todo o país, o INE prevê registar 27 milhões de habitantes. De acordo o instituto, os resultados definitivos serão apurados até junho do próximo ano, tempo necessário para uma contagem precisa dos dados.

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