Concerto em Angola exige liberdade para ativistas detidos
3 de agosto de 2015"Já não queremos ser convocados pela pátria. Somos nós que convocamos esta pátria podre a dar-nos liberdade já", desafiou o poeta angolano Fridolin, no Centro Cultural Elinga Teatro, na capital angolana, onde teve lugar o evento de homenagem aos jovens detidos por suspeita de prepararem um golpe de Estado.
Sob o lema "liberdade já", a iniciativa deste domingo (02.08) juntou, durante cerca de seis horas, poetas, políticos, atores, artistas plásticos e outros cidadãos. Sanguinário, Flagelo Urbano, Toti, Jack Nkanga, Sábio Louco, Zwela Hungo, Pretos Racionais, Mona Diakidi, Dinameni, Fat Soldie e MCK foram alguns dos artistas presentes.
Na abertura do concerto, o ator Orlando Sérgio, um dos organizadores, disse que o espectáculo realizou-se a favor da liberdade dos jovens que estão detidos há mais de 30 dias, em diferentes unidades prisionais do país.
"Estamos cá em solidariedade com os jovens que são nossos amigos. Estamos a protestar por prisões que não achamos justas", esclareceu o ator, que já participou numa telenovela produzida por Coreon Dú, um dos filhos do Presidente José Eduardo dos Santos.
Também estiveram presentes os académicos Nelson Pestana Bonavena, Manuel Vitória Pereira, o político Filomeno Vieira Lopes e também ativistas que protestam contra as políticas do Governo angolano.
Coragem para protestar
Para o músico e professor Manuel Vitório Pereira, que compôs a canção "Liberdade Já", e para a jovem ativista Laurinda Gouveia é preciso que as pessoas ganhem coragem para protestar contra as prisões dos críticos do Governo.
"É muito importante que quem não concorda com o que está acontecer com alguns dos seus concidadãos se pronuncie e haja em sua defesa", defende Manuel Vitório Pereira. "É de louvar esta iniciativa. E seria bom se todos contribuíssem, de alguma maneira, para termos os nossos irmãos em liberdade", apela Laurinda Gouveia.
Em entrevista à DW África, o rapper MCK - que também critica as políticas do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido que governa Angola há quase quatro décadas - aconselha os angolanos a respeitarem as leis. "Conviver em tolerância é respeitar as leis porque num Estado democrático de direito todos os órgãos do poder devem respeito às leis em primeira instância", lembra.
"Cada força ativa, independentemente da religião, da opção político-partidária e da esfera social onde trabalha, deve ser uma peça ativa na construção de uma Angola melhor", defende ainda o músico. "E construir uma Angola melhor é edificar todos os dias a democracia e a paz".