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Conferência de Segurança de Munique: Ucrânia em debate

mjp | DW (Deutsche Welle) | com agências
18 de fevereiro de 2023

No segundo dia do encontro, presidente da Comissão Europeia pede o "redobrar do esforço" no apoio militar a Kiev, Pequim diz estar a preparar "iniciativa de paz" e EUA acusam Rússia de "crimes contra a humanidade".

Na sexta-feira, por videoconferência, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pressionou os aliados por apoio militar rápido que evite mortesFoto: Michael Probst/AP Photo/picture alliance

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu este sábado (18.02), na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, um "redobrar do esforço" no apoio militar à Ucrânia, para ajudar Kiev a repelir a invasão russa.

"Nós devemos continuar o apoio muito maciço necessário para derrotar os planos imperialistas de [Vladmir] Putin", declarou Ursula von der Leyen em Munique, citada pela agência France-Presse (AFP), considerando que "é tempo de acelerar, porque a Ucrânia precisa de material para sobreviver".

Perto de um ano depois do início da guerra (a invasão começou em 24 de fevereiro de 2022), não há qualquer sinal de apaziguamento na frente de combate, e a NATO teme uma nova ofensiva de grande envergadura por Moscovo nos próximos tempos.

A presidente da Comissão Europeia apelou a uma aceleração da produção de armamento convencional, como munições, de que Kiev "precisa desesperadamente".

"Não é possível que tenhamos que esperar meses, anos, para nos reabastecermos" para entregar o material à Ucrânia, assinalou.

Ursula von der LeyenFoto: Johannes Simon/Getty Images

China tentará mediar conversações

Pela primeira vez desde a pandemia da Covid-19, a China está representada a alto nível em Munique este ano, com a participação do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi. 

O diplomata chinês anunciou que o país está a finalizar os preparativos para uma "iniciativa de paz" que acabe com a guerra na Ucrânia de acordo com a Carta das Nações Unidas. O diretor do Gabinete da Comissão de Negócios Estrangeiros do Partido Comunista da China aludiu ao lema oficial da Conferência 2023, "Paz através do diálogo", e pareceu implicar que Pequim estava mais empenhado neste assunto do que outros presentes na cimeira.

"Houve múltiplas rondas de conversações de paz. E vimos um rascunho sobre a resolução pacífica da crise. No entanto, isso foi impedido. Não sabemos porquê. O processo foi encurtado. Algumas forças poderão não querer ver as conversações de paz concretizarem-se. Não querem saber da vida e da morte dos ucranianos, nem dos danos na Europa, podem ter objetivos estratégicos maiores do que a própria Ucrânia".

Wang YiFoto: Johannes Simon/Getty Images

Wang não especificou a quem se referia por "algumas forças", mas outros comentários no seu discurso pareceram aludir aos EUA. Anteriormente, tinha afirmado que, embora "existam divergências entre países", tratá-las "com pressões, campanhas de difamação, ou sanções unilaterais é frequentemente contraproducente".

Entretanto, o Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano Dmytro Kuleba rejeitou categoricamente quaisquer perdas territoriais para o seu país, na sequência do anúncio do plano de paz chinês. Em declarações aos jornalistas à margem da conferência, Kuleba sublinhou que é do interesse da Ucrânia que a China desempenhe um papel na procura da paz, mas a sua integridade territorial não é negociável

Kamala Harris denuncia "crimes contra a humanidade"

Já a vice-Presidente norte-americana Kamala Harris disse pela primeira vez este sábado que os Estados Unidos consideram as ações russas na Ucrânia crimes contra a humanidade, citando ataques "generalizados e sistémicos" contra a população civil.

"Os EUA determinaram formalmente que a Rússia cometeu crimes contra a humanidade", disse Harris à audiência em Munique. "As suas acções são um ataque aos nossos valores comuns e à nossa humanidade comum", acrescentou. "Digo a todos aqueles que perpetraram estes crimes e aos seus superiores que são cúmplices destes crimes, que serão responsabilizados... A justiça deve ser feita".

Kamala HarrisFoto: Thomas Kienzle/AFP/Getty Images

Kiev e os investigadores do Tribunal Penal Internacional estão ambos a investigar potenciais crimes de guerra na Ucrânia, com vista à acusação, embora a questão prática de como extraditar os russos para enfrentarem um julgamento continue a ser um grande obstáculo.

Harris disse também que há razões para estar otimista após quase um ano de combates na Ucrânia: "Kiev continua de pé, a Rússia está enfraquecida, a aliança transatlântica está mais forte do que nunca, e, mais importante ainda, o espírito do povo ucraniano perdura".

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08:11

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