Conferência em Berlim sobre a Líbia termina com progressos
DW (Deutsche Welle) | com agências
24 de junho de 2021
A conferência internacional sobre a Líbia, que decorreu quarta-feira em Berlim, terminou com uma declaração conjunta na qual todas as partes concordaram com a retirada de todos os combatentes estrangeiros do país.
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O encontro organizado pelas Nações Unidas, e que contou pela primeira vez com a participação do governo de transição líbio, conseguiu progressos no caminho para a paz e estabilidade no país.
"Registámos progressos em relação aos mercenários e esperamos que nos próximos dias se tenham retirado dos dois lados. Penso que isso será encorajador e reforçará a confiança de ambos os lados. Depois seguir-se-ão novas medidas", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros da Líbia, Najla al-Mangoush.
"Nós partilhamos (com a Alemanha) o objetivo de uma Líbia soberana, estável, unificada e segura, livre de ingerências estrangeiras. Isto é o que o povo merece e é essencial para a segurança regional", declarou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, também presente no encontro.
Eleições a 24 de dezembro
A realização das eleições a 24 de dezembro é outro dos compromissos que sai renovado desta conferência, e que, para o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, é "crucial para a estabilidade no país".
Após o encontro, Maas reiterou que o povo da Líbia "merece finalmente ser ouvido", pedindo que a data das eleições seja cumprida. O ministro alemão destacou também os progressos alcançados: "Hoje entrámos numa nova fase nos esforços pela paz e estabilidade. O Governo de transição está à mesa e já não estamos apenas a falar da Líbia, mas acima de tudo estamos a falar com a Líbia."
"O facto de estarmos aqui hoje todos é a prova que nem nós, participantes da conferência, nem as Nações Unidas, iremos desistir. Não descansaremos até que as últimas forças estrangeiras tenham deixado a Líbia", prometeu.
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Otimismo no final do encontro
O otimismo é também partilhado por Emmanuel Dupuy, presidente do Instituto de Estudos e Segurança na Europa. "Entre a reunião de 19 de janeiro de 2020 e esta conferência, houve uma grande mudança política", destacou, lembrando a votação que se realizou em Genebra em fevereiro e que deu origem a um governo de unidade nacional provisório - validado por todas as fações - e constituído por Mohammed Younes el-Menfi e pelo primeiro-ministro Abdel Hamid Dbeibah, que esteve presente em Berlim.
Além do governo provisório líbio, participaram nas negociações desta quarta-feira (23.06) representantes da França, Rússia, Egito, Turquia, Estados Unidos e de várias organizações internacionais.
No entanto, como fizeram notar alguns observadores, um dos principais protagonistas da crise líbia, o marechal Khalifa Aftar, não foi convidado para a reunião de Berlim.
Na mesma ocasião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou a sua preocupação com a deterioração da situação humanitária no país, onde cerca de 1,3 milhões de pessoas se encontram em situação vulnerável.
Dez líderes africanos que morreram em exercício
A população costuma acompanhar com atenção o estado de saúde dos altos dirigentes – muitos especulam atualmente, por exemplo, sobre a saúde do Presidentes da Nigéria. Vários chefes de Estado já morreram em exercício.
Foto: picture-alliance/dpa
John Magufuli, Presidente da Tanzânia
Morreu a 17 de março de 2021, doente. O seu estado de saúde, pouco antes da falecer, esteve em volto a muito secretismo. Assumiu a liderança do país em 2015 e boa parte do seu povo enaltece os seus feitos, tais como a melhoria dos sistemas de saúde, educação e transporte. Mas também foi contestado por algumas políticas duras e por perseguir os seus críticos.
Foto: Sadi Said//REUTERS
1) Malam Bacai Sanhá, Presidente da Guiné-Bissau (2012)
Malam Bacai Sanhá morreu em 2012. Ele sofria de diabetes e morreu em Paris, aos 64 anos, menos de três anos depois de chegar ao poder. Sanhá tinha vários problemas de saúde.
Foto: dapd
2) João Bernardo "Nino" Vieira, Presidente da Guiné-Bissau (2009)
João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado em março de 2009. Tinha 69 anos de idade. Esteve no poder durante mais de duas décadas. Tornou-se primeiro-ministro em 1978 e, em 1980, tomou a Presidência. Ficou no cargo até 1999, ano em que foi para o exílio. Regressou a Bissau em 2005 e venceu nesse ano as presidenciais.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
3) Mouammar Kadhafi, chefe de Estado da Líbia (2011)
Mouammar Kadhafi foi assassinado em 2011. Kadhafi, auto-intitulado líder da "Grande Revolução" da Líbia, foi morto por forças rebeldes em circunstâncias ainda por esclarecer. Estava no poder há 42 anos, desde um golpe de Estado contra a monarquia líbia em 1969, onde não houve derramamento de sangue. A sua liderança chegou ao fim com a chamada "Primavera Árabe".
Foto: Christophe Simon/AFP/Getty Images
4) Umaru Musa Yar'Adua, Presidente da Nigéria (2010)
Umaru Musa Yar'Adua morreu em 2010 aos 58 anos de idade. Morreu no seu país, vítima de uma inflamação do pericárdio – estava há apenas três anos no poder. Já durante a campanha eleitoral, Yar'Adua teve de se ausentar várias vezes devido a problemas de saúde. Depois de ser eleito, em 2007, a sua saúde deteriorou-se rapidamente.
Foto: P. U. Ekpei/AFP/Getty Images
5) Lansana Conté, Presidente da Guiné-Conacri (2008)
Após 24 anos no poder, Lansana Conté morreu de "doença prolongada" aos 74 anos de idade. O Presidente da Guiné-Conacri sofria de diabetes e de problemas cardíacos. Conté foi o segundo chefe de Estado do país, de abril de 1984 até à sua morte, em dezembro de 2008.
Foto: Getty Images/AFP/Seyllou
6) John Atta Mills, Presidente do Gana (2012)
John Atta Mills morreu de apoplexia em 2012. Tinha 68 anos. Atta Mills esteve apenas três anos no poder. Enquanto chefe de Estado, introduziu uma série de reformas sociais e económicas que lhe granjearam fama a nível local e internacional.
Foto: AP
7) Meles Zenawi, primeiro-ministro da Etiópia (2012)
Meles Zenawi morreu na Bélgica aos 57 anos de idade, vítima de uma infeção não especificada. Zenawi liderou a Etiópia durante 21 anos – como Presidente, de 1991 a 1995, e como primeiro-ministro, de 1995 a 2012. Foi elogiado por introduzir o multipartidarismo, mas criticado por reprimir violentamente os protestos do povo Oromo no norte da Etiópia.
Foto: AP
8) Omar Bongo, Presidente do Gabão (2009)
Omar Bongo morreu em Barcelona, Espanha, em junho de 2009, vítima de cancro nos intestinos. Bongo estava no poder há 42 anos e morreu aos 72 anos de idade. Foi um dos líderes que esteve mais tempo no poder e um dos mais corruptos. Bongo acumulou uma riqueza imensa enquanto a maior parte da população vivia na pobreza, apesar de o país ter grandes receitas de petróleo.
Foto: AP
9) Michael Sata, Presidente da Zâmbia (2014)
Michael Sata morreu no Reino Unido aos 77 anos. A causa da morte não foi divulgada. Após a sua eleição em 2011, circularam rumores sobre o estado de saúde do Presidente. As suas ausências em eventos oficiais alimentaram ainda mais as especulações, apesar dos seus porta-vozes garantirem que estava tudo bem.
Foto: picture-alliance/dpa
10) Bingu wa Mutharika, Presidente do Malawi (2012)
Bingu wa Mutharika morreu em 2012. Teve um ataque cardíaco e faleceu dois dias depois, aos 78 anos de idade. Esteve oito anos no poder e ganhou gama internacional devido às suas políticas agrícolas e de alimentação. A sua reputação ficou manchada por uma onda de protestos por ter gasto 14 milhões de dólares num jato presidencial.