Conflito em Gaza deve "parar imediatamente", diz Guterres
kg | com agências
16 de maio de 2021
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou pelo fim imediato da violência entre Israel e Hamas, que já deixou mais de 190 mortos. Este domingo é marcado como dia mais sangrento do confronto.
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"O conflito deve parar, deve parar imediatamente", disse Guterres ao abrir uma sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidos convocada em caráter de urgência este domingo (16.05).
"Isso tem o potencial de desencadear uma crise de segurança e humanitária incontrolável e de fomentar ainda mais o extremismo, não apenas no território palestino ocupado e em Israel, mas na região como um todo", afirmou.
"O único caminho a seguir é retornar às negociações com o objetivo de dois Estados, vivendo lado a lado em paz, segurança e reconhecimento mútuo, tendo Jerusalém como a capital de ambos os Estados, com base nas resoluções pertinentes da ONU, direito internacional e acordos prévios", acrescentou o secretário-geral da ONU.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu aos membros do Conselho que "exerçam influência máxima para acabar com as hostilidades entre Israel e Gaza". "As populações de Gaza e de Israel enfrentam o mais intenso ciclo de hostilidades registado em anos", refere o comunicado.
"Crime contra humanidade"
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina, Riyad al-Maliki, acusou Israel de "crimes de guerra" perante o Conselho de Segurança da ONU, denunciando a "agressão" contra o povo palestiniano e os seus lugares sagrados.
"Alguns não querem usar essas palavras - crimes de guerra e crimes contra a humanidade -, mas sabem que é a verdade", disse.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelita assegurou que a campanha militar contra o Hamas na Faixa de Gaza vai continuar "com força total" e que demorará tempo a terminar.
Numa declaração na televisão israelita, Benjamin Netanyahu afirmou que Israel quer que o Hamas "pague um preço elevado" e argumentou que o objetivo é "devolver paz, segurança e dissuasão" após quase uma semana de combates.
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Dia mais sangrento
Este domingo ficou marcado como o dia mais sangrento do confronto entre israelenses e palestinianos na Faixa de Gaza, iniciado há seis dias. Mais de 40 palestinianos foram mortos vítimas de bombardeamentos lançados por Israel.
Os confrontos iniciados entre o Hamas e o Governo em Jerusalém na passada segunda-feira (10.05) são os maios violentos na região desde 2014. São pelo menos 192 mortos, incluindo mais de 50 crianças em Gaza, e dez vítimas em Israel.
No sábado (15.05), o secretário-geral da ONU manifestou-se "consternado" com o número crescente de baixas civis, incluindo dez membros da mesma família mortos num ataque aéreo israelita ao campo de al-Shati, em Gaza.
Segundo o seu porta-voz, Stéphane Dujarric, Guterres está também "profundamente preocupado" com a destruição por um ataque aéreo israelita de um edifício na cidade de Gaza que albergava os escritórios de várias organizações internacionais de comunicação social, bem como apartamentos residenciais.
Entre esses meios de comunicação social encontra-se a agência norte-americana Associated Press, cujo diretor, Gary Pruitt, afirmou numa declaração que uma "terrível perda de vidas foi evitada através da evacuação dos seus trabalhadores a tempo".
De acordo com o exército israelita, o edifício "continha equipamentos pertencentes à inteligência militar" do movimento islâmico Hamas.
Disparos a partir de Gaza
Cerca de 3.000 'rockets' foram disparados a partir da Faixa de Gaza para Israel desde o início dos atuais confrontos, o maior ritmo de sempre, afirmou o exército israelita.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), trata-se do ritmo mais elevado de disparos vindo de Gaza.
Os números atuais do confronto com o Hamas superam o de uma escalada em 2019 e da guerra de 2006 contra o grupo extremista Hezbollah.
"Nunca mais": Memoriais do terror
Israel assinala a 12 de abril o Dia da Lembrança do Holocausto, prestando homenagem aos milhões de pessoas que morreram às mãos do regime nazi. Na Alemanha, memoriais garantem que as vítimas não são esquecidas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schreiber
Casa de Wannsee
A mansão no lago Wansee, em Berlim, foi fulcral para o planeamento do Holocausto. 15 membros do regime nazi e das SS encontraram-se aqui, a 20 de janeiro de 1942, para planear o que ficaria conhecido como "Solução Final": a deportação e extermínio de todos os judeus do território ocupado pela Alemanha. Em 1992, a mansão onde teve lugar a Conferência de Wansee foi transformada em memorial e museu.
Foto: picture-alliance/dpa
Dachau
O regime nazi criou o primeiro campo de concentração em Dachau, não muito longe de Munique. Algumas semanas depois de Adolf Hitler subir ao poder, o local foi usado pelas forças paramilitares SS para deter, torturar e matar opositores políticos do regime. Dachau serviu de protótipo e modelo para os campos de concentração que se seguiram.
Foto: picture-alliance/dpa
Pavilhão de comícios do partido nazi
Nuremberga acolheu os maiores comícios de propaganda nazi desde 1933 até ao fim da Segunda Guerra Mundial. Os congressos anuais do partido, bem como comícios com até 200 mil participantes, tiveram lugar nesta área de 11km². Hoje, o pavilhão de congressos inacabado funciona como arquivo e museu.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Bergen-Belsen
O campo de concentração de Bergen-Belsen, na Baixa Saxónia, foi inicialmente criado como um campo de prisioneiros de guerra. Os prisioneiros demasiado doentes para trabalhar eram trazidos para aqui de outros campos de concentração. Uma das 50 mil vítimas mortais deste campo foi Anne Frank, uma adolescente judia que se tornou conhecida internacionalmente após a publicação do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
O edifício Bendlerblock, em Berlim, era a sede de um grupo de resistência militar. A 20 de julho de 1944, um grupo de oficiais da Wehrmacht (forças armadas alemãs), liderado pelo coronel Claus von Stauffenberg, tentou matar Adolf Hitler, sem sucesso. Os líderes da conspiração foram executados na mesma noite, no pátio do Bendlerblock, onde se encontra hoje o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Centro de Eutanásia de Hadamar
Hadamar, em Hesse, era um dos seis centros onde, durante o regime nazi, pessoas com deficiências físicas e mentais eram mortas. Declaradas "indesejáveis" pelos nazis, cerca de 15 mil pessoas foram mortas neste centro por asfixia com monóxido de carbono e injecções letais. Hoje, Hadamar é um memorial às cerca de 70 mil vítimas do programa de eutanásia nazi em toda a Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial aos Judeus Mortos na Europa foi inaugurado em Berlim, junto à Porta de Brandemburgo, sessenta anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a 10 de maio de 2005. O arquiteto Peter Eisenman criou um campo com 2.711 blocos de betão, por onde os visitantes podem circular. Em anexo, encontra-se um centro de informação com os nomes de todas as vítimas conhecidas do Holocausto.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial aos homossexuais perseguidos
Não muito longe do Memorial aos Judeus Mortos na Europa, um outro monumento de betão homenageia os milhares de homossexuais perseguidos pelos nazis entre 1933 e 1945. O monumento de 4 metros de altura, com uma janela que mostra alternadamente o filme de um beijo entre dois homens e entre duas mulheres, foi inaugurado no Tiergarten de Berlim, a 27 de maio de 2008.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Memorial aos Sinti e Roma
Um parque inaugurado em 2012, em Berlim, em frente ao edifício do Parlamento, funciona como memorial às 500 mil pessoas dos grupos Sinti e Roma - conhecidos como ciganos - mortas pelo regime nazi. No círculo de granito está gravado o poema "Auschwitz", de Santino Spinelli: "Rosto cavo, olhos mortiços, lábios frios, em silêncio, um coração partido, sem fôlego, sem palavras, sem lágrimas."
Foto: picture-alliance/dpa
"Stolpersteine": Memoriais nas pedras da calçada
Nos anos 1990, o artista Gunther Demnig iniciou um projeto para confrontar o passado nazi alemão. Cubos de betão cobertos de bronze foram colocados junto às casas das vítimas do regime, com detalhes sobre as pessoas, bem como as datas em que foram deportadas e mortas. Há mais de 45 mil "Stolpersteine" em 18 países europeus. É o maior memorial do Holocausto descentralizado da Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Casa Castanha em Munique
Junto ao antigo "Führerbau", onde se situava o escritório de Adolf Hitler - hoje, o edifício principal da Universidade de Música e Artes de Munique -, na chamada Casa Castanha, funcionava a sede do partido nazi. A "Braunes Haus" foi substituída pelo edifício branco (à direita na foto), que é hoje o Centro de Documentação do Nacional-Socialismo, inaugurado em 2015.