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ConflitosIsrael

Situação se deteriora para os palestinianos

AFP | EFE | Lusa
11 de outubro de 2023

Israel bombardeia universidade na Faixa de Gaza e retira bens essenciais aos palestinianos. ONG alertam para a situação sanitária na região e UE reafirma apoiar "totalmente o direito de Israel à sua defesa".

Gazastreifen Luftschläge
Foto: MOHAMMED ABED/AFP

Aviões de guerra israelitas bombardearam esta quarta-feira (11.10) uma universidade islâmica na Faixa de Gaza ligada ao movimento palestiniano Hamas, segundo um funcionário do campus.

"Os intensos ataques aéreos destruíram completamente alguns edifícios da Universidade Islâmica", disse à Agência France Presse Ahmed Orabi, funcionário da universidade.

Israel continua a sua ofensiva aérea massiva contra o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, quatro dias depois do ataque lançado pelo movimento islâmico a partir do enclave palestiniano.

O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, designada operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta, Israel bombardeou via aérea várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como "Espadas de Ferro". O conflito armado já causou mais de 2 mil mortos de ambos os lados e mais de 8 mil feridos.

Israel retira bens essenciais aos palestinianos

A guerra já provocou mais de 260 mil deslocados na Faixa de Gaza, anunciou a ONU. As Nações Unidas tinham já registado mais de três mil deslocados no território "em resultado de anteriores escaladas", antes de sábado, pelo que o total ascende a mais de 263 mil, segundo a agência francesa AFP.

A Faixa de Gaza é um território com 41 quilómetros de comprimento e 10 quilómetros de largura, situado entre Israel, o Egito e o Mar Mediterrâneo. Controlada pelo Hamas desde 2007, tem cerca de 2,3 milhões de habitantes e é um dos territórios mais densamente povoados do mundo.

Na sequência do ataque e da tomada de reféns civis e militares pelo Hamas, Israel anunciou um cerco total à Faixa de Gaza, com suspensão do fornecimento de eletricidade, água, alimentos e medicamentos.

Palestinianos fogem dos ataques israelitas Foto: Saleh Salem/REUTERS

As forças israelitas têm efetuado ataques aéreos e destruído edifícios descritos como "centros de comando" do Hamas em Gaza.

A maioria dos deslocados tem-se abrigado em escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês), que perdeu quatro elementos nos bombardeamentos israelitas.

"A agência das Nações Unidas é também uma vítima do conflito", disse a UNRWA, citada pela agência espanhola EFE.

Médicos alertam para situação sanitária em Gaza

Organizações não-governamentais (ONG) internacionais de médicos alertaram hoje para a situação sanitária na Faixa de Gaza após o cerco total imposto por Israel e pediram um corredor humanitário para apoiar a resposta médica.  

"A situação é catastrófica (...). Não acho que ninguém esteja seguro em Gaza", declarou Sarah Chateau, responsável pelo programa palestiniano dos Médicos Sem Fronteiras (MSF).

"Transferimos parte de nossas equipas para um prédio das Nações Unidas. O bombardeamento foi tão maciço que os riscos eram muito grandes", acrescentou.

"Com o estado de cerco total, até quando as nossas equipas vão aguentar? Precisamos de um corredor humanitário para apoiar a resposta médica, trazer equipamentos, substituir as equipas no terreno", defendeu Chateau.  

A ONG Médicos do Mundo também alertou que "o transporte de doentes é reduzido com o bloqueio e a intensidade dos bombardeamentos". "A nossa equipa está a lutar pela sobrevivência, é muito difícil conseguirem realizar o seu trabalho", disse o médico Jean-François Corty, vice-presidente da organização, que lembrou ainda que "80% da população depende da ajuda humanitária". 

"É preciso garantir que o Direito internacional humanitário é respeitado, que medicamentos são levados e que os civis são poupados", acrescentou Corty. 

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der LeyenFoto: Fermin Rodriguez/AP Photo/picture alliance

UE apoia "totalmente o direito de Israel à sua defesa"

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu esta quarta-feira (11.10) que os ataques perpetrados pelo Hamas são "um ato de guerra" e que a União Europeia (UE) apoia "totalmente o direito de Israel à sua defesa".

"Na madrugada do Sabat, no último sábado, o mundo inteiro acordou em terror. O ataque terrorista do Hamas é um ato de guerra. E nós apoiamos totalmente o direito de Israel à sua defesa", escreveu Ursula von der Leyen na rede social X (antigo Twitter).

Ursula von der Leyen acrescentou que a UE "está com Israel nesta tragédia".

Desvio de ajuda para terroristas 

A presidente da Comissão Europeia garantiu hoje que a assistência financeira da UE à Palestina vai ser "cuidadosamente revista", de forma a garantir que não há desvio de verbas para organizações terroristas. 

"O nosso apoio humanitário ao povo palestiniano não está em causa, no entanto, é importante que revejamos cuidadosamente a nossa assistência financeira à Palestina", referiu. 

Von der Leyen assegurou que "o financiamento da UE nunca foi e nunca será concedido ao Hamas ou a qualquer entidade terrorista", razão pela qual a carteira dos financiamentos será toda revista "à luz da evolução da situação no terreno". 

A UE, sublinhou também, terá de acompanhar de perto a postura do Irão, "dado o seu apoio de longa data ao Hamas", uma vez que a situação de guerra criada pelo ato de terrorismo "terá um enorme impacto na região", sendo ainda preciso monitorizar o evoluir da aproximação de Israel aos seus vizinhos árabes. 

Sete jornalistas mortos em Gaza

Pelo menos sete jornalistas foram mortos, dois ficaram feridos e outros dois estão desaparecidos na sequência do ataque de sábado, anunciou hoje uma organização de defesa dos jornalistas.

Os números contabilizam apenas os profissionais de comunicação social que foram vítimas do conflito entre sábado e segunda-feira e foram recolhidos pelo programa Médio Oriente e Norte de África do Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

"O CPJ sublinha que os jornalistas são civis que realizam um trabalho importante em tempos de crise e não podem ser alvo das partes em conflito", afirmou o coordenador do programa do CPJ para o Médio Oriente e Norte de África, Sherif Mansou, em comunicado hoje divulgado pela organização sediada em Nova Iorque.

Todos os jornalistas mortos foram identificados como palestinianos, sendo que quatro destas vítimas morreram como resultado dos bombardeamentos israelitas em Gaza no próprio dia do ataque do Hamas e três na segunda-feira em resultado de tiroteios.

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