Conflito Israel-Irão entra no terceiro dia
15 de junho de 2025
Israel e Irão chegaram hoje ao terceiro dia de confrontos armados, após o ataque israelita a infraestruturas militares e nucleares iranianas na madrugada de sexta-feira (13.06), que motivou a retaliação de Teerão com dezenas de mísseis balísticos contra Israel, alguns dos quais atingiram o território.
Desde então, os ataques continuam de ambos os lados. Neste domingo, o exército israelita lançou um ataque aéreo no aeroporto de Mashhad, a terceira maior cidade do Irão, enquanto a polícia israelita prendeu dois suspeitos de espionagem para o Irão. Isso, após o Teerão ter lançado a sétima vaga de ataques contra Israel, fazendo soar o alarme no norte e no centro do país.
O exército de Israel afirmou ter intercetado a maioria dos mísseis, enquanto também atacava Teerão. Cinco carros-bomba explodiram neste domingo na capital do Irão, à medida que a cidade também vem sofrendo uma onda de ataques israelitas, informou a agência de notícias estatal "IRNA", citada pela EFE.
Segundo o Ministério da Saúde iraniano, pelo menos 128 pessoas morreram e cerca de 900 ficaram feridfas nos ataques aéreos desde sexta-feira no país islamita. Entre as vítimas estão quatro membros da Guarda Revolucionária, mortos neste domingo em nova ofensiva na província de Coração do Sul, informou a agência Tasnim.
O governo iraniano afirma que os números são provisórios, já que equipes de resgate ainda trabalham nos escombros. Pelo menos 230 feridos já receberam alta hospitalar.
A ofensiva israelita — denominada Operação Leão em Ascensão — envolveu cerca de 200 aviões e teve como alvos a capital Teerão, as centrais de enriquecimento de urânio de Fordo e Natanz, o aeroporto de Mehrabad e diversas bases militares. Lideranças militares, cientistas e civis iranianos estariam entre os mortos.
Estados Unidos e Israel alertam que o pior ainda pode estar por vir, enquanto Teerão defende que sua resposta foi "totalmente legítima". O Presidente do Irão, Masoud Pezeshkian, garantiu que Israel receberá uma resposta "mais dolorosa" se os ataques israelitas, iniciados na sexta-feira contra alvos nucleares e militares em solo iraniano, continuarem.
Israel
Do lado de israelita, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou hoje que o Irão "pagará um alto preço", após a morte de 13 pessoas nos ataques iranianos dos últimos dias ao território israelita.
"O Irão pagará um alto preço por matar civis, mulheres e crianças intencionalmente. Atingiremos nosso objetivo de uma só vez", afirmou o governante durante uma visita à localidade de Bat Yam, nos arredores de Tel Aviv, onde ontem à noite um míssil atingiu um prédio e causou a morte de seis pessoas, duas delas menores de idade.
No local, ele expressou pesar "pela perda de vidas" e pediu que a população siga as diretrizes de segurança. “Quem as ouviu e cumpriu, e estava em uma zona protegida, se salvou. Quem não o fez, infelizmente, ficou ferido”, disse.
O primeiro-ministro foi acompanhado pelo ministro da Defesa, Israel Katz, entre outras autoridades.
Alemanha e EUA pedem contenção
Em Berlim, o chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou neste domingo que o Irão "nunca deverá possuir armas nucleares". A declaração foi feita durante um encontro com o sultão de Omã, Haitham bin Tarik al-Said.
Segundo o porta-voz do governo alemão, Stefan Kornelius, Merz defendeu ainda esforços diplomáticos para evitar uma escalada regional do conflito — posição alinhada à da União Europeia.
Entretanto, França, Alemanha e Reino Unido propuseram hoje retomar as negociações nucleares com o Irão, no terceiro dia de conflito armado com Israel.
"A Alemanha, juntamente com a França e o Reino Unido, está pronta. Oferecemos negociações imediatas sobre o programa nuclear. Espero que a oferta seja aceite", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, horas depois de o Presidente da França, Emmanuel Macron, ter falado com o seu homólogo iraniano, Masoud Pezeshkian, para se pronunciar nos mesmos termos.
Os três países europeus faziam parte da antiga delegação 5+1 (os cinco países membros do Conselho de Segurança mais a Alemanha) que assinou em 2015 o histórico acordo nuclear com o Irão, no qual o Irão se comprometia a esclarecer as dúvidas sobre a natureza pacífica do programa nuclear em troca da sua reintegração nos mercados internacionais.
O acordo foi invalidado para todos os efeitos após a retirada unilateral ordenada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, três anos depois, durante o seu primeiro mandato na Casa Branca.
Nos Estados Unidos, Trump também se pronunciou. Em mensagem publicada na rede Truth Social, assegurou que Washington "não teve nada a ver" com os ataques israelitas e alertou o Irão contra qualquer retaliação que envolva interesses norte-americanos.
"Se formos atacados de qualquer forma pelo Irão, toda a força e poder das Forças Armadas dos EUA recairão sobre vós a níveis nunca vistos", escreveu. Apesar da retórica, Trump afirmou que um acordo entre Irão e Israel seria possível para pôr fim ao conflito.
Numa conversa telefónica com o homólogo norte-americano, Donald Trump, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, defendeu uma "ação urgente" para impedir que o inédito conflito israelo-iraniano alastre a toda a região,
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, enfatizou em uma conversa com o chanceler israelita, Gideon Sa'ar, que seu país considera "inaceitável" o ataque aéreo realizado por Israel contra vários alvos no Irão e pediu "medidas imediatas" para impedir que o conflito se intensifique.
Angola acompanha situação
O Ministério das Relações Exteriores de Angola (Mirex) informou neste domingo que está a acompanhar "de forma atenta e contínua" a situação de segurança em Israel, onde vivem atualmente 46 cidadãos angolanos e onde se encontram também 44 peregrinos em missão religiosa.
Em comunicado oficial, o governo angolano destacou que atua em coordenação com a Embaixada de Angola em Telavive para garantir apoio consular e institucional aos cidadãos. Entre os residentes estão 16 membros do corpo diplomático e seus familiares, além de 30 angolanos da comunidade civil, incluindo 10 crianças.
O Mirex apelou para que todos os cidadãos angolanos em Israel sigam rigorosamente as instruções das autoridades locais e da embaixada, e reafirmou a solidariedade do governo com os nacionais no exterior diante da crise.