As "sanções" do desporto mundial à Rússia
28 de fevereiro de 2022O mundo acordou com um conflito que ameaça eclodir, mas que nunca se acreditou possível de realizar. O conflito decorre na Ucrânia e o protagonista é a Rússia. São inúmeras as sanções económicas, políticas sociais e humanitárias à Rússia, e o desporto mundial acompanhou o pensamento.
Decisões da UEFA e FIFA
O anúncio sobre a Liga dos Campeões foi feito na manhã da passada sexta-feira (24.02), depois da UEFA ter realizado uma reunião extraordinária do Comité Executivo, onde se decidiu que a final passará para Paris, no Stade de France.
O organismo compromete-se a ajudar todos os futebolistas, e respetivas famílias, que estejam neste momento na Ucrânia, com as suas vidas em perigo.
A UEFA decidiu ainda que não voltarão a ser disputados jogos europeus em solo russo e ucraniano até decisão contrária, o que implicará partidas nas próximas semanas.
Nas competições europeias de clubes, há ainda uma equipa russa na Liga Europa, o Spartak de Moscovo, que terá de realizar o jogo da 2ª mão dos oitavos de final frente ao RB Leipzig em campo neutro.
No que diz respeito ao "play-off" de acesso ao Mundial 2022, no Qatar, todas as seleções emparelhadas com a Rússia já anunciaram que não vão a jogo, independentemente da decisão de se realizar em terreno neutro. A meia-final está agendada para dia 24, frente à Polónia, que foi a primeira a boicotar o jogo.
Também as duas seleções da outra meia-final, Suécia e República Checa, que poderiam jogar frente à Rússia, caso esta seguisse em frente, anunciaram que não vão a jogo.
Isto deixa a FIFA e a UEFA com apenas duas opções: ou a Rússia se qualifica diretamente para o Mundial, visto que as restantes três seleções se rejeitaram a jogar, ou remove a seleção russa do Campeonato do Mundo.
Schalke 04 renuncia a patrocínio da Gazprom
Entretanto, o clube de longa data da Bundesliga, o Schalke, que está agora na segunda divisão, anunciou que está a retirar o logótipo do seu principal patrocinador, o Gazprom, das suas camisolas, em resultado da invasão. A multinacional russa de energia, maioritariamente estatal, era o patrocinador da camisola do Schalke desde 2007.
Além disso, o representante da Gazprom no conselho de supervisão da Schalke. Matthias Warnig, demitiu-se do cargo com efeito imediato. O jovem de 66 anos tinha sido nomeado para o conselho de administração em Julho de 2019. Warnig é considerado como um confidente próximo do Presidente russo Vladimir Putin.
Abramovich entrega gestão do Chelsea
Roman Abramovich anunciou no sábado que decidiu entregar a gestão do Chelsea aos administradores da fundação de caridade do clube inglês. Importa referir que o russo continua a ser o dono do clube, e foi apenas anunciada uma intenção de ceder a liderança do clube.
“Durante os meus quase 20 anos de liderança do Chelsea sempre vi o meu papel como sendo o guardião do clube, cujo trabalho era garantir que seríamos bem sucedidos como somos agora, mas também construir o futuro, enquanto assumimos um papel positivo nas nossas comunidades", disse o bilionário russo, em comunicado.
Roman Abramovich tem ligações à Gazprom e ao regime de Vladimir Putin e, por isso, estará a tentar evitar as sanções a oligarcas russos no âmbito da invasão da Rússia à Ucrânia.
Condenação do Comité Olímpico Internacional
O Comité Olímpico Internacional (COI), que de resto afirma ser "apolítico", condenou veementemente "a violação da Trégua Olímpica pelo Governo russo", acrescentando que a "respetiva resolução da ONU foi adoptada pela Assembleia Geral da ONU a 2 de dezembro de 2021 por consenso de todos os 193 Estados membros. A Trégua Olímpica começou sete dias antes do início dos Jogos Olímpicos, a 4 de fevereiro de 2022, e termina sete dias após o encerramento dos Jogos Paraolímpicos".
Parece haver um precedente para a Rússia tomar grandes medidas militares pouco depois dos Jogos Olímpicos de Inverno; logo após os Jogos de Sochi de 2014, a Rússia iniciou os preparativos para anexar efetivamente a Crimea, segundo as instruções do Presidente Putin.
Sebastian Vettel: "Eu não irei à Rússia".
Sebastian Vettel, quatro vezes campeão de Fórmula 1, demarcou-se de estar presente no Grande Prémio da Rússia em setembro deste ano, à luz da invasão russa da Ucrânia.
"A minha opinião é que não devo ir e não irei", disse Vettel aos repórteres em Barcelona, onde está envolvido em testes antes da época de F1 de 2022. "Penso que é errado competir no país. Sinto muito pelas pessoas inocentes que estão a perder a vida, que estão a ser mortas por razões estúpidas, e por uma liderança muito estranha e louca", concluiu.
O alemão de 34 anos, que é chefe da Associação de Condutores do Grande Prémio, disse que ainda não tinham discutido o assunto, "mas pessoalmente, estou chocado e triste por ver o que se está a passar, por isso veremos avançar, mas penso que a minha decisão já está tomada".
A Fórmula 1 anunciou na passada sexta-feira (24.02) que nas atuais condições é impossível pensar em realizar o Grande Prémio de Socchi, que está agendado para setembro. Isto já depois de Max Verstappen e Sebastian Vettel terem pedido o cancelamento da prova russa.
O campeão de F1, Max Verstappen, concordou com as palavras de Vettel, mas parou de se comprometer a desistir da corrida de Sochi.
Desportistas russos contra a guerra
Daniil Medvedev, o novo número um do "ranking" mundial de ténis, mostrou-se contra a guerra e espera que esta "termine o mais rapidamente possível". Foi a primeira declaração do tenista como novo líder da hierarquia.
"Não é fácil jogar no mesmo dia em recebes uma notícia destas. Não quero falar de culpados ou do problema, mas, no século em que vivemos, parece-me incrível que ainda haja guerras, não consigo compreender. Espero que termine o mais rápido possível. O que eu desejo é que haja o mínimo de perdas possível", disse.
Fyodor Smolov, ponta de lança internacional russo e jogador do Dínamo de Moscovo, escreveu "não à guerra".
Depois de várias semanas de ameaças e tentativas de diálogo, o Presidente russo reconheceu a independência das províncias separatistas da Ucrânia e deu ordem para invadir o país vizinho. As tropas russas continuam ataques em território ucraniano e, pelo menos, 100 mil pessoas já abandonaram as suas casas na Ucrânia.