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Conflitos e golpes dominam Cimeira da União Africana

Lusa
18 de fevereiro de 2023

Insegurança deve dominar este sábado (18.02) a 36.ª Cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana. Azali Assoumani, Presidente das Comores, foi eleito novo líder do bloco e pediu o cancelamento da dívida.

Foto: Solomon Muche/DW

A crise no Sahel e no leste da República Democrática do Congo (RDC) têm dominado os temas das reuniões à margem que antecederam a 36.ª Cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) e outros assuntos de relevo, como a zona de livre-comércio, a insegurança alimentar (acentuada pela invasão da Ucrânia) ou o combate às alterações climáticas, têm menos destaque.

"Sem paz, é difícil encontrar soluções", admitiu na sexta-feira a comissária para a Agricultura e Economia Rural pela União Africana, a angolana Josefa Sacko, numa conferência sobre o seu setor.

No dia da cimeira, o Sahel será um dos temas fortes, até porque além dos conflitos internos, associados ao extremismo islâmico, há três países com lideranças nascidas a partir de golpes de Estado. 

A cimeira de chefes de Estado e de Governo, entre 18 e 19 de fevereiro, vai analisar um relatório sobre as atividades do Conselho de Segurança (CPS) da organização e o estado de paz e segurança em África, bem como um documento estratégico sobre governação política, financeira e energética global, a ser apresentado pelo Presidente senegalês, Macky Sall.

Cimeira tem lugar na sede do bloco, em Addis AbebaFoto: Solomon Muche/DW

Grupo Wagner e Moçambique em debate

A situação militar vai também estar em foco, depois de, no ano passado, os governos de quatro países-membros, Mali, Guiné-Conacri, Sudão e Burkina Faso, terem sido suspensos da UA, na sequência de golpes de Estado.

A instabilidade na República Centro-Africana e no Mali, onde atua o grupo Wagner, mercenários apoiados pelo Kremlin, e a crise no norte de Moçambique, palco de ataques de extremistas islâmicos, são outros temas associados à insegurança no continente.

As questões relacionadas com a crise alimentar mundial, as alterações climáticas e a zona de comércio livre continental são outros temas fortes da cimeira, que vai ainda eleger o sucessor do Senegal na presidência da UA.

Azali Assoumani e Macky SallFoto: Kiyoshi Ota/Mast Irham/AP/picture-alliance

Novo líder pede cancelamento da dívida

O Presidente das Comores, Azali Assoumani, eleito em Adis Abeba como novo líder da União Africana, pediu o perdão da dívida pública do continente para fazer face aos impactos da invasão da Ucrânia e às consequências da pandemia.

"Pedimos o cancelamento total da dívida africana para fazer face à crise na Ucrânia e à recuperação da Covid-19", afirmou Azali Assoumani, reafirmando a necessidade de acelerar a zona de livre-comércio no continente. "A crise entre a Rússia e a Ucrânia mostrou-nos que África tem de procurar a soberania e resiliência alimentar", afirmou. 

Para que haja uma zona de livre-comércio de sucesso, é necessário, considerou, resolver os problemas de autossuficiência, os problemas de segurança e o impacto das alterações climáticas. "Sem resolver isso não é possível termos sucesso" na redução das tarifas alfandegárias internas, defendeu.

No seu discurso de tomada de posse, Azali Assoumani agradeceu ao Quénia ter recuado na sua candidatura à liderança da organização e elogiou o trabalho do antecessor, o Presidente do Senegal, Macky Sall.

O líder cessante "esteve sempre a defender os interesses de África, teve sucesso na procura de consensos na União Africana", disse, salientando que a eleição das Comores mostra que África trata "todos os países por igual", mesmo pequenas nações insulares como é o caso do seu país.

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