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Guerras no Médio Oriente e Ucrânia dominam discursos na ONU

cm | Lusa | AP | Reuters
25 de setembro de 2024

Arrancou esta terça-feira, em Nova Iorque, a 79.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas com a presença de dezenas de líderes de todo o mundo. Conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia dominaram as intervenções.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, discursou na Assembleia Geral da ONU
O Presidente dos EUA, Joe Biden, alertou para a possibilidade de uma "guerra em grande escala" no LíbanoFoto: Shannon Stapleton/REUTERS

"O Líbano está à beira do abismo. O povo libanês, o povo israelita e os povos do mundo não podem permitir que o Líbano se transforme noutra Gaza. Os civis estão a pagar o preço com o aumento do número de mortos, vidas e comunidades destroçadas. É tempo de uma paz justa baseada na Carta das Nações Unidas, no direito internacional e nas resoluções da ONU", alertou no discurso de abertura António Guterres, secretário-geral da ONU.

Sem esquecer também o conflito no Sudão entre o exército e as Forças Paramilitares de Apoio Rápido, António Guterres resumiu o estado do mundo como "insustentável".

"As divisões geopolíticas continuam a aprofundar-se. O planeta continua a aquecer. As guerras continuam sem que se saiba como irão terminar. Estamos a caminhar para o inimaginável. Um barril de pólvora que corre o risco de engolir o mundo", afirmou.

Biden adverte para "guerra em grande escala" no Líbano

O Presidente dos EUA, Joe Biden, apelou a uma solução diplomática numa altura em que Israel efetua ataques aéreos no Líbano. "Uma guerra em grande escala não é do interesse de ninguém. Embora a situação se tenha agravado, ainda é possível encontrar uma solução diplomática", afirmou Biden na Assembleia Geral da ONU.

Israel tem estado a lançar ataques contra instalações e armazéns de armas do Hezbollah. Segundo o Ministério da Saúde libanês, os ataques já mataram pelo menos 558 pessoas, incluindo 50 crianças e 94 mulheres, desde segunda-feira (23.09).

No seu discurso na ONU, Biden também exortou Israel e o Hamas a finalizarem uma proposta de cessar-fogo já com meses de existência e disse que continua empenhado em acabar com a guerra na Faixa de Gaza, que começou há quase um ano.

"Agora é o momento para as partes finalizarem os termos", disse a propósito do acordo mediado pelos Estados Unidos, Qatar e Egito. O acordo "trará os reféns para casa e garantirá a segurança de Israel e de Gaza, libertando-os das garras do Hamas, aliviando o sofrimento em Gaza e pondo fim a esta guerra", salientou o Presidente dos EUA.

Papel de Angola na resolução de conflitos

Também o Presidente angolano, João Lourenço, discursou ontem na sede da ONUonde apontou o papel que Angola tem vindo a desempenhar na resolução de conflitos em África, com especial foco no leste da República Democrática do Congo (RDC).

João Lourenço:Foto: Richard Drew/AP/picture alliance

Lourenço disse também que Angola quer "ser parte da construção de uma nova arquitetura financeira internacional", salientando a importância do combate à corrupção e da recuperação de ativos.

"Angola tem tido importantes progressos na luta contra a corrupção com casos concretos de cidadãos julgados e condenados que viram seus bens recuperados a favor do Estado, por força das sentenças ditadas em tribunal e confirmadas pelo competente tribunal de apelação. Vamos por isso continuar a lutar com todas as nossas forças para a recuperação dos activos desviados do erário público e que muita falta fazem para a construção de infra-estruturais escolares, hospitalares, de energía e água, rodoviárias, entre outras", declarou.

África no Conselho de Segurança da ONU

O chefe de Estado angolano lamentou que haja hoje uma "tentativa de se esvaziar, ignorar ou mesmo substituir o papel das Nações Unidas". João Lourenço defendeu  a reforma "urgente" do Conselho de Segurança da ONU "para dar voz aos países do sul global, nomeadamente a África".

O atual formato e composição ainda refletem a realidade do pós-guerra em muito ultrapassada pelo tempo e desenvolvimento de outras regiões do planeta, muitas delas de países então colonizados, que hoje são países independentes membros das Nações Unidas.

Uma visão partilhada pelo Presidente do Brasil, Lula da Silva: "A exclusão da América Latina e da África dos assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU é um reflexo inaceitável do passado colonial. Não tenho ilusões sobre a complexidade de uma reforma como essa, que vai enfrentar interesses cristalizados na manutenção do status quo. Exigirá um enorme esforço de negociação. Mas essa é a nossa responsabilidade."

A sessão desta terça-feira (24.09) contou ainda com os discursos de outros chefes de Estado, entre os quais o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. A 79.ª Assembleia Geral da ONU decorre até ao próximo dia 30 de setembro.

À lupa: África no Conselho de Segurança da ONU

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